Carolina Ranaldi e Pedro Di Carvalho estrelam a nova montagem de "Quando as Máquinas Param", de Plínio Marcos, sob a direção de Roumer Canhães. Espetáculo que fala sobre desemprego, amor e desamparo social estreia dia 15 de setembro no Giostri Cultural, em São Paulo
Um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Plínio Marcos (1935-1999) sempre deu voz à classe trabalhadora, tantas vezes marginalizada, em suas obras. "Quando as Máquinas Param" não é exceção. Inovador, ousado e, sobretudo, atemporal, o texto de 1967, sobre a relação do casal Nina (Carolina Ranaldi) e Zé (Pedro Di Carvalho) e as dificuldades financeiras que enfrenta, poderia ter sido escrito hoje.
Na nova montagem do texto, que leva a direção de Roumer Canhães e estreia dia 15 de setembro no Giostri Cultural, desemprego, amor e desamparo são os pilares da encenação. "Além da discussão sobre a falta de oportunidades, é o grande afeto que existe na relação entre os personagens, transformada pela realidade precária deles, uma das perspectivas principais", diz Roumer.
Dentro deste contexto também emerge a questão do machismo. "Zé é um homem comum, parado no tempo, que carrega nele toda a cultura machista, que era naturalizada quando a peça foi escrita, e não questionada naquele tempo. Dentro dessas dificuldades financeiras que enfrentam, ele e a mulher precisam 'matar' alguns de seus sonhos. E isso influi negativamente na construção familiar dele com Nina", observa Pedro Di Carvalho, que se identifica com o personagem, mas não sobre este aspecto. "Venho do subúrbio do Rio e já passei por alguns perrengues financeiros. Isso faz a gente pensar na nossa existência e em como lidar com isso no cotidiano. Vejo que a arte me salvou", diz.
Idealizadora do espetáculo ao lado de Roumer, a produtora e atriz Carolina Ranaldi escolheu este texto de Plínio Marcos pois sentiu urgência em tratar dos temas abordados na obra. "Andando por inúmeras cidades brasileiras ainda encontramos muitas Ninas e Zés pelas ruas. A Nina me pegou desde o começo. É uma mulher sonhadora, mas determinada e de muita fé. Ela é o suporte emocional do marido depois que ele fica desempregado. Encontrei em mim vários lugares em comum com ela. Todos nós temos algo que não estamos dispostos a abrir mão e sabemos o preço de sustentar um sonho", conta Carolina.
Conhecido e celebrado pelo trabalho como preparador de atores, Roumer Canhães faz sua estreia como encenador. "Dá um frio na barriga. Pensar e materializar na encenação o universo retratado por Plínio Marcos é realmente instigante por sua ambiguidade: nos tira do nosso lugar confortável e nos propõe refletir sobre as limitações pela perspectiva de quem vive à margem", afirma. "Roumer é maravilhoso, tem indicações muito precisas e sabe como expressar o que quer em cena, nos mínimos detalhes", elogia Carolina. Compre os livros de Plínio Marcos neste link.
Ficha técnica
Espetáculo "Quando as Máquinas Param". Dramaturgia: Plínio Marcos. Direção, direção de movimento, direção artística e trilha sonora: Roumer Canhães. Elenco: Carolina Ranaldi e Pedro Di Carvalho. Design de luz: Alexandre Passos e Ana Carolina Pizzo. Produção: Carolina Ranaldi e Alexandre Passos. Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais: Dobbs Scarpa.
Serviço
Espetáculo "Quando as Máquinas Param". Giostri Teatro. Rua Rui Barbosa, 201, Bela Vista/São Paulo. De 15 de setembro a 1° de outubro. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. E de 6 a 14 de outubro, às sextas e sábados, às 21h. Drama. 70 minutos. 14 anos. Ingressos: R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia).
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