Com diálogos ágeis e humor ácido, quatro personagens deslocados do “mundo lá fora” encontram-se dentro de um barco ancorado, assim como suas vidas. Foto: Cristina Jatobá.
Depois da versão audiovisual criada especialmente para o período da pandemia, chega ao palco pela primeira vez a peça “Pequod - Só os Bons Morrem Jovens”, com texto e direção de Mário Bortolotto, montagem inédita do Grupo de Teatro Cemitério de Automóveis, que completou 40 anos em 2022. No elenco, além do próprio Bortolotto, Nelson Peres, Fernando Castioni e Rebecca Leão.
Com diálogos ágeis e humor ácido, quatro personagens deslocados do “mundo lá fora” encontram-se dentro de um barco ancorado, assim como suas vidas. Regados por intermináveis doses, alternando ironia e empatia mútuas, revolvem feridas do passado e se entendem e se apoiam à sua maneira.
O espetáculo completa a trilogia dos irmãos Nando e Maurício, personagens que apareceram pela primeira vez no texto “Fica Frio”, encenado em 1989, e voltaram em “Tempo de Trégua”, encenada no ano 2000. Mário Bortolotto também atuou e dirigiu nas duas primeiras peças. Apesar do encadeamento temporal das três peças, cada uma delas conta uma história completa em si mesma.
“Quando escrevi a primeira peça, não pensava em escrever uma segunda com os mesmos personagens. E quando escrevi a segunda, não pensava em escrever a terceira. Mas mais precisamente em relação à terceira, é uma ideia que tive há alguns anos e ela só veio amadurecendo”, conta Mário Bortolotto.
Sinopse do espetáculo
Nando (Mário Bortolotto), um homem na casa dos sessenta, mora sozinho em um barco, de onde raramente sai. O irmão Mauricio (Nelson Peres), depois de anos, aparece para comunicar o falecimento do pai. Nesse encontro entre os irmãos, velhas contas são acertadas e os dois finalmente podem avaliar o que fizeram de suas vidas, onde conseguiram acertar e onde erraram de forma desastrosa. Dois outros personagens provocam os irmãos nesta aventura existencial - Castioni (Fernando Castioni), amigo de Nando, um velho falastrão e asmático, e Lili (Rebecca Leão), garota de procedência misteriosa, frequentadora do barco-casa de Nando.
A montagem
Mário Bortolotto, que além do texto e da direção assina também a trilha do espetáculo, segue na companhia do seu dream team criativo: o cenário dos irmãos Mariko Ogawa e Seiji Ogawa recria a cabine de um barco, espaço de confronto e abrigo dos quatro personagens ao longo de toda a ação; a luz do veterano e premiado Caetano Vilela desenha os variados tons daquela longa madrugada que atravessa e é atravessada pelo quarteto.
Trilogia - Linha do tempo
“Pequod” completa a trilogia dos irmãos Nando e Maurício, que começou na peça “Fica Frio”, encenada em 1989, e seguiu na peça “Tempo de Trégua”, do ano de 2000. De família abastada do interior do Paraná, os irmãos têm personalidades opostas. Nando é o mais velho e muito cedo saiu de casa, recusando qualquer ajuda da família. Sempre viveu de bicos e pequenos delitos, preferindo ficar à margem da sociedade. Maurício é o filho que fez tudo o que esperavam dele. Ficou junto dos pais, cuidou dos negócios da família, casou e levou uma vida linear.
Na primeira peça, Maurício foi incumbido pelo pai de encontrar o irmão e tentar trazê-lo de volta para casa. Ele o encontra, mas acabam tendo que fugir juntos pois Nando havia assaltado uma joalheria. Os dois caem na estrada e a viagem se torna uma espécie de ritual de iniciação para o jovem.
Na segunda peça, os irmãos voltam a se encontrar numa noite de Natal familiar. Maurício já está casado e leva a esposa. Nando surpreendentemente aparece depois de muito tempo longe de casa. Mas sua visita só confirma o quanto ele não se sente bem-vindo em nenhum lugar do mundo.
40 anos de Cemitério de Automóveis
Reconhecido como um núcleo de produção teatral constante na cidade de São Paulo, o Grupo de Teatro Cemitério de Automóveis foi indicado ao Prêmio Shell na categoria "Inovação" pela manutenção de um espaço de resistência e produção artística na cena alternativa paulistana em 2018.
Capitaneado pelo autor, diretor e ator Mário Bortolotto, em 2022 o Grupo completou 40 anos de atividade reafirmando seu vigor com a nova sede na Bela Vista. No mesmo ano, foi contemplado pelo 37º Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo. O espaço segue em plena e múltipla atividade artística, com espetáculos teatrais, exibição de filmes, shows de música e poesia, exposições, oficinas e lançamentos de livros.
Dramaturgia, direção e trilha sonora de Mário Bortolotto com Mário Bortolotto, Nelson Peres, Fernando Castioni e Rebecca Leão. Depois de anos, dois irmãos com histórias e temperamento opostos se reencontram por ocasião da morte do pai. Dentro de um barco ancorado, madrugada adentro, confrontam suas versões antagônicas do passado em família, e tudo se mistura ainda mais com a chegada de dois amigos de um deles.
Serviço
Espetáculo "Pequod - Só os Bons Morrem Jovens". Estreia nesta quarta-feira, dia 16 de agosto, às 21h00. Teatro Cemitério de Automóveis. Rua Francisca Miquelina, 155 - Bela Vista/São Paulo. De quarta à sábado, às 21h00, e domingo, às 19h00. Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). Horários da bilheteria: nos dias de apresentação, uma hora antes do espetáculo. Vendas on-line: https://www.sympla.com.br/produtor/cemiteriodeautomoveis. Duração: 60 minutos. Classificação: 14 anos. Gênero: drama. Capacidade: 50 pessoas. Acessibillidade: acessibilidade para cadeirantes. Temporada: até dia 10 de setembro.
Ficha técnica
Espetáculo "Pequod - Só os Bons Morrem Jovens". Dramaturgia, direção e trilha sonora: Mário Bortolotto. Concepção de iluminação: Caetano Vilela. Concepção cenográfica: Mariko Ogawa & Seiji Ogawa. Auxiliar de cenotécnica: Caique Duean. Elenco: Mário Bortolotto, Nelson Peres, Fernando Castioni, Rebecca Leão. Produção: Isabela Bortolotto. Operação técnica: Isabela Bortolotto. Fotos: Cristina Jatobá. Programação visual: André Kitagawa. Assessoria de comunicação: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany.
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