Maternidade. Família. Amor entre mãe e filha. Saúde mental. Temas que fazem parte da vida da paulista Sabrina Gottschlisch e que agora se transformam em objeto literário. Contemplada no ProAC, edital cultural do estado de São Paulo, a escritora lançou pela editora Paraquedas o romance “Através de Nós”, uma saga focada nas mulheres de uma mesma família.
No livro, a história é rememorada por Matilda, que faz parte da quarta geração e que vive o luto pela morte de sua mãe. No avião, durante a viagem para cumprir os ritos fúnebres, a protagonista decide escrever a saga das mulheres que vieram antes dela. “Uma história que não tem começo nem fim, que simplesmente segue adiante, como todas nós seguimos. Grande parte dessa trama foi minha mãe quem me contou ou deixou escrita em cartas e cadernos que fui encontrando ao longo do tempo. Para ela, escrever era uma estratégia de sobrevivência”, diz um dos trechos no início da obra, que conta com posfácio de Aline Bei e orelha assinada por Tatiana Lazzarotto.
Sabrina Gottschlisch é paulista de Santo André e mora há 16 anos em Jundiaí. É feminista, historiadora, professora, mãe, participante de Clubes de Leitura e Escrita, ama ler e escrever. Em 2020, lançou seu primeiro e-book, "Mãe de Atleta". No ano seguinte, teve um texto publicado na coletânea "Cartas de Uma Pandemia" (Editora Claraboia, 2021). No mesmo ano, teve textos selecionados no Prêmio Off Flip nas categorias contos e crônicas, entre outras antologias. Em 2022, lançou seu romance juvenil "Que Sorte a Minha", na Bienal do Livro de São Paulo.
Já publicou em diversas revistas literárias, como "Cassandra" e "Contos de Samsara". Em 2021 foi contemplada pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – ProAC/SP, por meio do qual lançou este romance, “Através de Nós”. Confira a entrevista completa com a autora e compre o livro "Através de Nós" neste link.
Se você pudesse resumir os temas centrais de “Através de Nós”, quais seriam?
Sabrina Gottschlisch - Maternidade. Família. Amor entre mãe e filha. Saúde mental. São temas que me cercam e fazem parte da minha vida desde sempre.
O que motivou a escrita do livro?
Sabrina Gottschlisch - O que me motivou a escrever o livro foi contar a saga de partes da minha vida numa família de mulheres, ficcionalizada, claro, inspirada pelo livro de Allende, que adoro.
Como foi o processo de escrita?
Sabrina Gottschlisch - O processo foi bem caótico. Fui escrevendo conforme as lembranças e histórias vinham, e depois tive todo um trabalho de reescrita para organizar um pouco o caos.
Quais são as suas principais influências literárias?
Sabrina Gottschlisch - Para falar das contemporâneas, que é o que tenho lido mais atualmente, Aline Bei, Mariana Salomão Carrara, dia nobre, Maria Valéria Rezende, Bernardine Evaristo, Chimamanda Ngozie Adichie, Rosa Montero, Elena Ferrante, Annie Ernaux. Mas na vida toda, Simone de Beauvoir, bell hooks, Isabel Allende e Lygia Fagundes Telles.
Que livros influenciaram diretamente a obra?
Sabrina Gottschlisch - Todos os livros de Annie Ernaux publicados no Brasil, que têm a mesma pegada intimista que tentei imprimir ao meu, e Casa dos Espíritos e Paula, de Isabel Allende, que acendeu em mim a vontade de escrever um livro sobre uma família matriarcal, como a minha.
Como começou a escrever?
Sabrina Gottschlisch - Escrevo desde 2019. Sempre fui uma leitora ávida e escrevia academicamente, tenho mestrado em História pela PUC/SP. Com a pandemia, me animei a escrever um livro sobre minha experiência com meu filho mais velho, que é atleta, que publiquei como e-book independente. Após isso não parei mais de escrever. Participei de várias coletâneas, revistas literárias, entrei para um coletivo de escritoras (Coletivo Escreviventes) e por fim ganhei o ProAc.
Como é o seu processo de escrita?
Sabrina Gottschlisch - Gosto de escrever quando estou sozinha, no silêncio. O que é um pouco difícil, com dois filhos e trabalhando como professora. Então escrevo nas brechas, sempre que consigo um tempo pra mim.
Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?
Sabrina Gottschlisch - Quando eu não trabalhava fora eu começava a escrever assim que acordava e só parava depois de ter escrito pelo menos 2 mil palavras. Depois que voltei a lecionar, não existe mais ritual nem meta, eu faço o que dá mesmo.
Como foi a sua aproximação com a editora Paraquedas?
Sabrina Gottschlisch - Eu conheci a editora quando tive uma carta selecionada para fazer parte do livro Cartas de uma Pandemia, de 2021. Quando me inscrevi no ProAc foi uma escolha natural, elas me aceitaram e o trabalho de edição foi ótimo.
Como você enxerga o mercado editorial para uma escritora mulher independente? Quais são os principais desafios?
Sabrina Gottschlisch - Apesar dos avanços significativos que tivemos nos últimos tempos, em especial após a pandemia, com um verdadeiro boom de mulheres escritoras, os desafios infelizmente permanecem os mesmos: um mercado predominantemente masculino, machista, branco e de elite. Além disso, hoje, antes mesmo de ver a qualidade do seu texto, as editoras querem saber quantos seguidores a escritora tem nas redes sociais, qual seu potencial de lucro, o que só aumenta e dificulta nosso trabalho. Além de escritoras, temos que ser influenciadoras.
Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
Sabrina Gottschlisch - Estou lançando pela Editora Voz de Mulher o livro Eu Gostaria de Saber qual é a Sensação de ser Livre com vinte contos feministas que falam sobre temas caros a todas as mulheres: violência, abusos, maternidade, maternidade solo, racismo, gordofobia, machismo e misoginia, feminicídio, violência obstétrica, sexualidade, entre outros. É uma literatura mais engajada, que combina muito com a minha voz de historiadora que estuda o feminismo há mais de 20 anos, desde o mestrado. Garanta o seu exemplar de "Através de Nós", escrito por Sabrina Gottschlisch, neste link.
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