Devido ao grande sucesso, espetáculo teatral cheio de música, poesia, bom humor e histórias sobre a cidade terá apresentações neste final de semana, no Teatro Bravos, Complexo Aché Cultural. É uma nova chance de ver Regina Braga em aclamado espetáculo dedicado a São Paulo. Foto: Fernando Sant'Ana
Com grande sucesso de público e de crítica, o espetáculo "São Paulo", estrelado por Regina Braga, volta a ser exibido na cidade, terá as últimas apresentações neste final de semana, dias 29 e 30 de julho, no Teatro Bravos. Com direção de Isabel Teixeira, o espetáculo revela histórias encantadoras, garimpadas ao longo de anos, sobre uma cidade que assusta, desafia, acolhe, estimula e sempre surpreende.
Dividindo o palco com Regina, um grupo músicos e atores formado por Xeina Barros (voz e percussão), Alfredo Castro (voz e percussão), Maik Oliveira (voz, cavaquinho e bandolim) e Gustavo de Medeiros / Guilherme Girardi (voz e violão) traz à tona versos, contos e melodias que mostram uma cidade única, contraditória, misteriosa e muito divertida.
Desde a sua fundação, em 25 de janeiro de 1554, na área conhecida como Campos de Piratininga, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, onde já existia o Pateo do Colégio, a cidade de São Paulo tem vivido contínuas transformações, sempre acolhendo quem chega, multiplicando sua diversidade e acelerando sua evolução.
Esta cidade ocupa o papel de personagem principal do espetáculo, que reúne histórias deliciosas como o relato do Padre José de Anchieta sobre subir a serra do mar (a pé!), a visão poética de Itamar Assumpção sobre o Rio Tietê, a reflexão de Drauzio Varella sobre os passarinhos (bem-te-vis, tico-ticos, sanhaços, sabiás...) que, teimosos, ainda insistem em morar na cidade, e outras preciosidades escritas por ninguém menos que José Miguel Wisnik, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Paulo Prado, Castro Alves, Paulo Caruso, Guilherme de Almeida, Plínio Marcos, José Ramos Tinhorão, Alcântara Machado, German Lorca, Frei Gaspar da Madre de Deus, Carlos Augusto Calil, Paulo Bonfim e Pedro Corrêa do Lago.
A ideia do espetáculo começou a tomar forma há dez anos, estimulada pela leitura do livro "A Capital da Solidão", de Roberto Pompeu de Toledo. “Com este livro, a minha relação com a cidade mudou, passou a ser mais amorosa, de afeto mesmo, buscando entender os lugares descritos no livro, como a forca que existia na Liberdade”, revela Regina Braga, que chegou em São Paulo aos 18 anos de idade e, como ela mesma diz, “foi ficando”.
São Paulo, uma cidade que nasceu isolada, escondida e assim permaneceu por quase quatro séculos. Ao longo da peça, (re)descobrimos a transformação da pacata vila com o ciclo do café, que fomentou estradas de ferro e estimulou a imigração; a fundação da Faculdade de Direito no largo de São Francisco, que impactou definitivamente em sua vida cultural e de lazer; o crescimento da cidade para além dos rios Tietê e Pinheiros; o surgimento das periferias a partir dos anos 30 e sua imensa força braçal e cultural; o carnaval do jeito bem paulistano e suas primeiras escolas de samba...
“A evidente paixão de Regina pela cidade de São Paulo é contagiante, conduz o fio narrativo e envolve completamente quem assiste ao espetáculo”, afirma a diretora Isabel Teixeira. Este afeto e este encantamento motivaram uma extensa pesquisa sobre a cidade e o que se escreveu e se cantou sobre ela, com inúmeras ideias anotadas - uma a uma, ano após ano - em um caderninho. Um processo de construção narrativa realizado com as pessoas e para as pessoas, que foi incorporando referências que vieram à tona em uma série de leituras realizadas na Casa de Mario de Andrade, na Biblioteca Mario de Andrade, na Casa das Rosas e em oito exibições no YouTube.
A própria Regina, responsável pelo roteiro, organizou tudo sobre uma ampla mesa, peça central no processo de criação e que acabou sendo o principal elemento cenográfico na montagem teatral, em volta da qual casos e lembranças são compartilhados e ganham calor, cor e som, como acontece mesmo em uma acolhedora mesa de roda de samba, daquelas que adoramos em um boteco ou no quintal de casa. Entre as pérolas resgatadas, "São Paulo, Chapadão da Glória" (Silas de Oliveira e Joaci Santana), "Samba Abstrato" (Paulo Vanzolini), "Viaduto de Santa Efigênia" (Adoniran Barbosa), "O Mundo" (André Abujamra), "No Sumaré" (Chico César), "Vira" (Renato Teixeira), "Persigo São Paulo" (Itamar Assumpção), entre outras. “A Regina é uma artista muito completa: escreve, canta, produz, sempre muito viva e inquieta. Eu me reconheço nessa inquietação”, complementa Isabel.
E é por inquietação e afeto que Regina compartilha também algumas de suas lembranças da cidade, como as chegadas de trem na Estação da Sorocabana (como era conhecida a estação Júlio Prestes), os jardins floridos dos casarões da Av.enida Angélica, a elegância nas ruas, a garoa, as águas que sumiram embaixo do cimento, com os rios subterrâneos e retificados, a efervescência do centro da cidade e de teatros como o Maria Della Costa, o Arena e o Oficina, a Escola de Arte Dramática que funcionava onde hoje é a Pinacoteca, as - também teimosas! - árvores da cidade: ipês brancos, roxos, amarelos; flamboyants vermelhos, alaranjados; tipuanas; jacarandás mimosos; sibipirunas com flores amarelas que imitam canários... Uma cidade sempre viva, estimulante e aberta, como o próprio espetáculo, como seus próprios habitantes. Parafraseando Itamar Assumpção, não é (só) amor, é uma identificação absoluta. São Paulo é Regina, São Paulo somos nós.
Ficha técnica
Espetáculo "São Paulo". Elenco: Regina Braga, Vitor Casagrande/Maik Oliveira, Gustavo de Medeiros/Guilherme Girardi, Alfredo Castro e Xeina Barros | Direção: Isabel Teixeira | Assistente de direção: Aline Meyer | Roteiro: Regina Braga | Colaboração no roteiro: Isabel Teixeira, Aline Meyer, Vitor Casagrande, Alfredo Castro, Guilherme Girardi e Mônica Sucupira | Colaboração artística: Monique Gardenberg | Iluminação: Beto Bruel | Cenografia e Figurino: Simone Mina | Assistente de Cenografia: Vinicius Cardoso | Gravuras: ateliê Fora de Esquadro – Isabel Teixeira (a partir de arquivos antigos, acervo pessoal e fotos de German Lorca) | Projeto Gráfico: Alexandre Caetano e Júlia Gonçalves (Oré Design Studio) | Fotos: Roberto Setton | Vídeo: Gislaine Miyono e Michel Souza | Operação de som: Alexandre Martins/ Pedro Semeghini | Operador de luz: Taiguara Chagas | Assessoria de Imprensa: Fernando Sant’ Ana | Produção Executiva: Rick Nagash | Produtora-Chefe: Anayan Moretto | Realização: Ágora Produções Teatrais e Artísticas.
Serviço
Espetáculo "São Paulo". Teatro Bravos - Complexo Aché Cultural (Rua Coropés, 88 – Pinheiros, São Paulo). Quatro apresentações: dias 29 e 30 de julho de 2023. Sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Inteira R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada); Horários da bilheteria: de terça a domingo, das 13h às 19h, ou até o início do último espetáculo. Formas de pagamento aceitas na bilheteria: todos os cartões de crédito, débito e dinheiro. Não aceita cheques. Vendas on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/83004. Duração: 90 minutos. Classificação: 12 anos. Capacidade: 611 lugares. Acesso para pessoas com mobilidade reduzida. Recomenda-se o uso de máscara durante todo o espetáculo. Estacionamento no Complexo Aché Cultural: R$ 39,00 (por até três horas).
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