segunda-feira, 24 de julho de 2023

.: "Irmãs do Inhame" entrega aos leitores bell hooks em uma escrita amorosa


Em 1993, dois anos após receber o American Books Awards, a educadora, crítica literária e aclamada pensadora do feminismo negro Gloria Jean Watkins (1952-2001), internacionalmente reconhecida pelo pseudônimo bell hooks, decidiu colocar no papel as experiências e reflexões inspiradas por um grupo de apoio de mulheres negras, as "Irmãs do Inhame - Mulheres Negras e Autorrecuperação", que chega ao Brasil pela editora WMF Martins Fontes.

O nome é carregado de significado. Inspirada em um trecho da obra "Os Comedores de Sal", da escritora e ativista Toni Cade Bambara (1939-1995) – a quem presta homenagem na epígrafe –, o inhame é símbolo da “sustentação da vida”, da nutrição e do cuidado, e também das “conexões diaspóricas” para a comunidade negra.

“Quem já viu a colheita manual desse tubérculo sabe que é preciso tirar os inhames que nascem em cachos embaixo da terra ao redor da planta-mãe... a colheita do inhame, esse tubérculo da cura, é feita respeitando uma espécie de grande centro gerador, que é a própria planta. Não poderia ter imagem mais bonita para falar sobre dor e o processo de cura de mulheres negras”, afirma a professora de História da América na UFF, Ynaê Lopes dos Santos, no prefácio da obra.

Assumidamente pensado como um livro de autoajuda direcionado para (mas não apenas) as mulheres negras e suas relações com o corpo, as relações afetivas e familiares, o trabalho, a educação, a vida comunitária, a busca pela paz interior, "Irmãs do Inhame - Mulheres Negras e Autorrecuperação" vai muito além, e traz a essência de bell hooks: uma escrita amorosa e envolvente, que não nega a dimensão política do cotidiano, e combina um conhecimento profundo da literatura e da cultura negras com reflexões que passam pela filosofia, pela crítica cultural e pelo budismo. Para hooks, a processo de cura passa necessariamente pelo olhar compreensivo entre as “irmãs”, sem jamais esquecer do “universo mais amplo da luta coletiva”.  Compre o livro "Irmãs do Inhame - Mulheres Negras e Autorrecuperação", de bell hooks, neste link.


Sobre a autora
Nascida em 1952 no Kentucky, Estados Unidos, Gloria Jean Watkins, conhecida mundialmente pelo pseudônimo bell hooks – em homenagem à sua bisavó, Bell Blair Hooks, e como uma forma de exaltar a ancestralidade – foi uma educadora, escritora, crítica cultural e ativista que denunciou as desigualdades de raça, gênero e classe, além de trazer em seus escritos questões como amor e espiritualidade.

Autora de diversos artigos e livros, dentre os quais "Ensinando a Transgredir – Educação como Prática da Liberdade", publicado pela WMF Martins Fontes, hooks tornou-se uma das vozes mais relevantes em temas como pedagogia crítica, feminismo negro, práticas antirracistas, emancipação intelectual e justiça social. Dentre as influências assumidas pela autora, figura o nome de Paulo Freire (1921-1997), com quem ela estabeleceu uma rica troca intelectual: “Quando descobri a obra do pensador brasileiro Paulo Freire, meu primeiro contato com a pedagogia crítica, encontrei nele meu mentor e um guia”, escreveu hooks.

Mas essa admiração veio acompanhada de reparos contundentes à obra freireana, especialmente em relação à ausência da perspectiva feminista em sua teoria. Dessa forma, com essa construção dialógica e afetiva entre dois gigantes do pensamento, quem ganhou foi a ideia da educação que emancipa e liberta. Garanta o seu exemplar de "Irmãs do Inhame - Mulheres Negras e Autorrecuperação", escrito por bell hooks, neste link.

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