Com elementos da realidade misturados com nonsense, o espetáculo tem temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade; Gilda Nomacce, Nilcéia Vicente, Sofia Botelho, André Capuano e Clayton Mariano estão no elenco. Foto: Otávio Dantas
Uma família isolada no meio de uma floresta, em um clima claustrofóbico, recebe a visita inesperada de uma mulher e de um homem desconhecidos. Essa é a trama principal de "Floresta", com texto e direção de Alexandre Dal Farra, que volta a São Paulo, em curta temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, Sala 7, até dia 29 de julho, de quarta a sexta-feira às 19h30, e sábado, às 18h. Os ingressos são gratuitos (retirada uma hora antes de cada sessão).
Um pai, uma mãe e uma filha encontram-se refugiados em uma casa isolada no meio da mata, por razão não muito clara a princípio. A família recebe dois visitantes inesperados, mas não sabe lidar com essa presença estranha. À medida que as relações se estabelecem, a tensão aumenta e o acerto de contas mostra-se algo mais complexo do que parecia. Enquanto eles são obrigados a rever as próprias convicções, o mundo lá fora parece entrar em colapso.
"Como lidar com o inimigo?" foi a provocação inicial de Alexandre Dal Farra para compor a dramaturgia da peça. Quando estava escrevendo o texto de Floresta, Dal Farra entrevistou diversas pessoas, entre elas lideranças indígenas, como Ailton Krenak, para ampliar o olhar sobre o comportamento diante do medo e da chegada de um outro ao seu território. Segundo o dramaturgo, foi um processo de pesquisa amplo, longo e individual.
Apesar desse olhar voltado para os indígenas, a questão dos povos originários não surge diretamente em Floresta, mas guia os modos diversos de tratar como a família age diante do estranho. "Desde a peça anterior, 'Refúgio', de 2018, eu vinha pesquisando a questão da paranoia e do medo trabalhados cenicamente. Em 'Floresta', já era mais consciente a tentativa de pensar sobre o medo. Desdobrando isso, eu cheguei numa formulação que tem a ver com a questão do medo que é como lidar com o inimigo. Estamos em um ambiente dominado pela paranóia, pelo medo do outro. Pela fantasia de um outro perigoso", conta Dal Farra.
Outra referência importante para a encenação é o trabalho do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que estuda as sociedades ameríndias e propõe que elas não se fundam na conservação de suas estruturas (como a sociedade ocidental), mas na busca por capturar relações exteriores (mutáveis e inconstantes), em troca constante com o que vem de fora, mesmo que esse interesse seja fruto de uma vontade de vingança ou guerra.
O medo, a desconfiança e os ódios conduzem os comportamentos dos personagens, colocados em um lugar desconhecido (floresta), com estranhos, o que gera ao mesmo tempo medo, curiosidade e disputas. A floresta é o território onde se instagram as relações entre os personagens por representar o "fazer parte" para sobreviver ao mesmo tempo que tem que prosseguir na luta (e na eventual eliminação).
A cenografia recria essa sensação de confinamento da floresta, com objetos comumente encontrados em um lar, mas ligeiramente estranhos, e fora de lugar. A luz, com as varas do teatro todas baixas, enfatiza esse espaço pressionado. Já a música sustenta o aspecto contraditório que a violência da peça engendra: ao mesmo tempo que é explosiva, envolve – proporcionando algo da sensação de imersão de uma floresta. Estreado em 2020, o espetáculo volta à temporada na capital paulista, com o mesmo elenco: Gilda Nomacce, Nilcéia Vicente, Sofia Botelho, André Capuano e Clayton Mariano.
Sinopse do espetáculo
Um pai, uma mãe e uma filha encontram-se refugiados em uma casa isolada no meio da mata, por razão não muito clara a princípio. A família recebe dois visitantes inesperados, mas não sabe lidar com essa presença estranha. À medida que as relações se estabelecem, a tensão aumenta e o acerto de contas mostra-se algo mais complexo do que parecia. Enquanto eles são obrigados a rever as próprias convicções, o mundo lá fora parece entrar em colapso.
Ficha técnica
Espetáculo "Floresta". Texto e direção: Alexandre Dal Farra. Elenco: Gilda Nomacce, Nilcéia Vicente, Sofia Botelho, André Capuano e Clayton Mariano..Composição original: Miguel Caldas. Operação de som: Tomé de Souza. Desenho de luz: Wagner Antônio. Assistente de iluminação: Dimitri Luppi Slavov. Cenografia e figurinos: Alexandre Dal Farra e Clayton Mariano. Vídeo: Flávio Barollo. Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Caroline Zeferino e Daniele Valério. Fotos: Otávio Dantas. Produção: Corpo Rastreado - Leo Devitto.
Serviço
"Floresta", de Alexandre Dal Farra. Até dia 29 de julho de 2023, de quarta a sexta, 19h30; sábados, às 18h. Local: Oficina Oswald de Andrade - Sala 7. Endereço: Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro. Ingressos: gratuitos, retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência. Duração: 80 minutos | Classificação: 16 anos.
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