quinta-feira, 27 de julho de 2023

.: No espetáculo "O País que Perdeu as Cores", o povo é o protagonista


A peça narra a história de um país, comandado por um governo autoritário, que vai perdendo suas cores. Com a ajuda do público, uma trupe de teatro, com seus atores e atrizes, músicos e intérpretes de libras, tenta imaginar diferentes possibilidades para o futuro deste lugar. Foto: Giovana Pasquini


Concebido para ser apresentado em lugares abertos, para diferentes faixas etárias, "O País que Perdeu as Cores" traz para cena 15 artistas entre atores e atrizes, músicos e intérpretes de libras para contar a história de um povo surpreendido na Feira de Solstício de Verão pelo desaparecimento da Velha Presidenta e a ascensão ao poder d´Ele, um governante que ninguém conhece e se mostra autoritário. Aos poucos, esse governo vai tirando a vida - e as cores - do país. O espetáculo será apresentado até este domingo, dia 30,no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulistana, e segue em temporada até o fim de agosto. Veja a programação completa abaixo.

A montagem foi criada coletivamente a partir do conto infantojuvenil "Quando as Cores Foram Proibidas", da autora alemã Monika Feth, e aborda assuntos como democracia, coletividade e respeito à diversidade de pensamento. Ao trazer essas discussões para a cena, a peça se propõe a dialogar com o público: qual é o projeto político de país que queremos para nós? Que mundo estamos construindo juntos? 

“Ao longo do processo de criação, que aconteceu entre 2019 e 2021, vivíamos sob o governo Bolsonaro. No conto original, uma Bruxa chega para consertar o país. No nosso caso, imaginamos que a solução precisava vir do próprio povo, para trazer as complexidades das questões enfrentadas e não recorrer a resoluções imediatas e milagrosas”, diz Lucas Leite, ator do grupo. A partir dessa perspectiva, o grupo decidiu que o protagonista de O País que perdeu as cores seria o próprio povo. Representado pela trupe de artistas, ele (o povo) precisa decidir qual final deseja dar para sua própria história. “O público é convidado a imaginar junto um possível final. Mas, antes, precisa estabelecer um compromisso com a memória”, completa o ator.

Na história, a trupe de artistas viaja por diferentes lugares e convida o público a imaginar diferentes possibilidades de futuro para este povo ao lado dos personagens: o Pintor, a Padeira, o Florista, o Cachorro, o Catador de Sonhos, o Pescador, a Poeta, o Mensageiro, a Narradora e a Bruxa. Para a companhia, essa discussão sobre o desfecho da peça é fundamental para pensar alternativas de futuro diante de um contexto histórico de crises sociais e humanitárias. Antes de chegar aos palcos, em 2021, a peça O país que perdeu as cores foi transformada em audiopeça, lançada nas plataformas de streamingCompre o livro "Quando as Cores Foram Proibidas", da autora alemã Monika Feth, neste link.


Acessibilidade integrada
A ideia de uma imaginação coletiva para pensar o futuro de um povo e de um país foi fundamental para a construção do espetáculo. Nesse sentido, outro ponto importante para o grupo foi trazer a acessibilidade integrada à pesquisa estética central. O artista e a artista responsáveis pela interpretação de Libras estão em cena, como parte do espetáculo: ora são responsáveis pela cena, ora traduzem as falas e ações de outros atores e outras atrizes. 

“O intérprete e a intérprete de Libras são parte do elenco, não estão isolados. A proposta foi de capacitar também os atores para que se comunicassem diretamente com o público com deficiência auditiva. Além disso, o texto foi construído em parceria com uma dupla de consultores de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, de forma que a peça possa ser experienciada por todos os públicos. Ou seja, a dramaturgia da peça é acessível em todas as apresentações”, diz a atriz Beatriz Porto. 


Atividade de mediação
O projeto conta com atividade de mediação após alguns espetáculos. A ideia é que as crianças assistam à peça e possam elaborar entre elas mesmas noções de participação política, cidadania e luta por direitos. A brincadeira é: estamos fundando o País das Crianças, que precisa decidir o seu primeiro governo. Quais as demandas da população de crianças para o governo de seu país? Quais bandeiras serão levantadas? Como será o processo de escolha de governo? Essas perguntas serão norteadoras para propostas de jogos teatrais e criação de cenas trazidas pelos artistas-educadores da Companhia Barco.


Sobre a Companhia Barco
A companhia Barco é um grupo teatral paulistano, fundado em 2019 a partir do encontro de artistas do teatro e da música movidos pelo desejo de pesquisa e criação continuada. Desde o início trabalha com materiais literários para a criação teatral: em 2019, a partir da obra da escritora brasileira Hilda Hilst, concebeu e realizou o espetáculo Ensaio da fantasia e o Festival Arena Hilda Hilst, encenado no histórico Teatro de Arena e que contou com a participação de mais de 60 artistas. 

O segundo espetáculo, este atual, nasceu do encontro com a obra infantojuvenil da autora alemã Monika Feth. Antes deu origem à audiopeça homônima, que estreou no festival FarOFFa, em 2022. Em processo de pesquisa desde 2022, a próxima encenação da companhia tem como base a obra Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez


Ficha técnica
Espetáculo "O País que Perdeu as Cores". Idealização e realização: Companhia Barco. Direção: Rodrigo Mercadante. Elenco: Beatriz Porto, danni vianna, Eliete Faria, Emilie Becker, Fernanda Carvalho (atriz substituta), Flora Furlan, Krol Borges, Lucas Leite, Miriam Madi e Renato Mendes. Elenco intérprete de libras: Thalita Passos, Ricieri Palha. Direção Musical: André Leite. Músicos: André Leite, Diego Chilio, Guilherme Fiorentini, Lincoln Grosso e Vinicios Borges. Projeto e técnico de som: Guilherme Fiorentini. Figurinista: Samantha Macedo. Assistência de figurino: Amanda Pilla. Aderecista de figurino: Laura da Mata. Costureiras: Samantha Macedo e Amanda Pilla. Cenografia e adereços: Nathalia Campos. Assistência de cenografia: Luiza Saad. Cenotécnico: Zé da Hora. Direção de movimento: Gabriel Küster. Consultoria em acessibilidade visual: Fernanda Brahemcha e Lucas Borba. Consultoria em acessibilidade de Libras:  Yanna Porcino. Direção de produção e administração de projeto: Quica Produções | Thaís Venitt | Thais Cris. Assistente de produção: Beatriz Scarcelli. Design gráfico: Renan Suto. Fotógrafa: Giovana Pasquini. Assessoria de imprensa: Canal Aberto | Márcia Marques. Dramaturgia elaborada a partir do texto "O País que perdeu as cores" escrito por Ana Paula Lopez em colaboração com a Companhia Barco e Cristiane Urbinatti. Este projeto foi contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato - Secretaria Municipal de Cultural.


Serviço
Temporada Novo Anhangabaú
Vale do Anhangabaú, Centro Histórico de São Paulo. Até dia 30 de julho de 2023. Sexta-feira, dia 28, às 15h + mediação após apresentação. Sábados, dia 29, às 15h + mediação após apresentação. Domingos, dia 30, sessão dupla às 11h e às 15h
 

Temporada Cacilda Becker
Rua Tito, 295, Lapa, São Paulo. De 5 a 27 de agosto de 2023. Sábados e domingos, às 16h + mediação aos sábados após apresentação.
 

Apresentações Ceu Caminho do Mar
Av. Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 5.241, Jabaquara, São Paulo. Dia 28 de agosto de 2023. Segunda-feira, sessões 10h e 15h + mediação.
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