terça-feira, 6 de junho de 2023

.: "Pastichos e Miscelânea": Proust emula e parodia nomes da literatura


Em exercício estilístico, escritor francês apresenta uma série de textos em que imita o estilo de grandes nomes da literatura francesa, como Balzac, Flaubert e os irmãos Goncourt  


Partindo do caso real do golpe do "Caso Lemoine" no início do século XX, em que um homem alegou ter descoberto um processo para produzir diamantes e enganou uma grande empresa de mineração, Marcel Proust utiliza esse mote para imitar e parodiar o estilo de escritores, críticos literários, filósofos e historiadores como Balzac, Flaubert, os irmãos Goncourt, Renan, Sainte-Beuve e Saint-Simon. É isso que se lê em seu "Pastichos e Miscelânea", que chega pela editora Unesp. Os textos resultantes revelam as peculiaridades dos escritores imitados, proporcionando momentos divertidos, ao mesmo tempo em que apresentam um exercício estilístico fascinante.

“Talvez as pessoas tenham esquecido que, há dez anos, Lemoine, alegando falsamente ter descoberto o segredo da fabricação do diamante e tendo recebido, por conta disso, mais de um milhão do presidente da De Beers, sir Julius Werner, foi depois, por denúncia deste último, condenado em 6 de julho de 1909 a seis anos de prisão”, escreve Proust. “Esse caso insignificante da polícia dos tribunais, mas que então apaixonava a opinião pública, foi escolhido uma noite por mim, muito ao acaso, como único tema de trechos em que eu tentaria imitar a maneira de certo número de escritores. Embora dar a menor explicação a pastichos leve ao risco de diminuir seu efeito, lembro, para não ferir legítimas autoestimas, que é o escritor pastichado quem está falando, não apenas segundo seu espírito, mas na linguagem do seu tempo.”

Na segunda seção do livro, Proust se inspira no fascínio do crítico e artista inglês John Ruskin, percorrendo as igrejas de Amiens no norte da França, a partir do livro de "Ruskin Sobre Elas, A Bíblia de Amiens". Com refinamento e engenho, o autor oferece ao leitor uma obra de múltiplas camadas, que inclui não apenas o objeto observado, mas também o modo como Ruskin olhava para essas mesmas igrejas. Em outras passagens, Proust reflete sobre a leitura e oferece ao leitor suas memórias de infância, em um estilo paradigmático e marcante. Além disso, o autor cria um texto dramático que aborda o amor filial de um parricida, inspirado em um episódio real da crônica policial dos jornais franceses. 

Com a tradução do professor Jorge Coli, "Pastichos e Miscelânea" permite que leitores de Proust descubram novas facetas da obra do autor e se surpreendam com seu talento para imitar outros escritores e filósofos. Para aqueles que ainda não se aventuraram pelo universo do "tempo perdido", o livro se apresenta como uma saborosa porta de entrada para a obra imortal do autor francês. Compre o livro "Pastichos e Miscelânea" neste link.


Sobre o autor
Marcel Proust (1871-1922) foi um dos mais importantes escritores franceses de todos os tempos. Sua obra-prima, Em busca do tempo perdido, é uma das maiores realizações literárias da história. Proust teve a vida marcada pela doença e pelo isolamento, mas sua escrita refinada e sensível revela uma profunda compreensão da condição humana. Ele morreu aos 51 anos, deixando um legado incontornável para os amantes da literatura. Garanta o seu exemplar de "Pastichos e Miscelânea" neste link.

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