Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.
Músico e compositor Danilo Caymmi carrega no DNA a arte da música. Filho do lendário Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, ele construiu uma carreira sólida na música, juntamente com os irmãos Dori e Nana Caymmi, além de compor canções considerados clássicos da MPB, como "Andança" e "Casaco Marrom". Atualmente está divulgando o relançamento do disco "Cheiro Verde", que marcou a sua estreia na carreira solo em 1977. Em entrevista para o Resenhando.com, ele conta detalhes dessa sua estreia e comenta alguns planos. “Os shows ao vivo são a melhor coisa da vida, me realizo por completo”.
Resenhando.com - Fale sobre a experiência desse álbum de estreia, "Cheiro Verde". Por que você preferiu lançá-lo de forma independente?
Danilo Caymmi - Foi uma experiência maravilhosa. Optei pelo modelo independente por uma questão puramente estética. Ao finalizar o disco, percebi que não se encaixava nos padrões comerciais das grandes gravadoras. Naquela época, o músico Antonio Adolfo tinha lançado o seu disco independente, o "Feito em Casa", com êxito. Isso abriu portas para um novo segmento não só para mim, como para outros artistas. O grupo Boca Livre, por exemplo, também lançou seus dois primeiros discos dessa forma. E ainda atingiram uma vendagem muito boa.
Resenhando.com - Para esse disco você se cercou de músicos experimentados. Como foi possível isso?
Danilo Caymmi - Eu tive a sorte de conhecer muitos craques da música. A começar por Milton Nascimento na faixa “Lua do Meio-Dia”. Além dele, teve Nelson Angelo (guitarra), Novelli e Fernando Leporace (baixo), Airto Moreira, Gegê e Pascoal Meirelles (bateria), Cristóvão Bastos e Helvius Vilela (piano), Maurício Maestro (violão) e Edson Maciel (trombone). Eu toco flauta, violão e os vocais.
Resenhando.com - É verdade que o disco virou cult no exterior?
Danilo Caymmi - Em 2002, ele ganhou edição internacional. A Ana Terra, que ajudou a produzir e foi parceira em várias canções, licenciou, por intermédio de Durval Ferreira, uma tiragem na Inglaterra para o selo “WhatMusic”, em formato vinil e CD, já que “Cheiro Verde” havia se tornado “cult” na Europa. Mas ainda não havia sido distribuído no Brasil.
Resenhando.com - Você fez parte da banda de apoio de Tom Jobim e foi bastante requisitado também para gravações em estúdio. Você prefere o palco ou a calma do estúdio?
Danilo Caymmi - Eu me sinto à vontade nos dois casos. Mas arrisco dizer que o palco é a razão de minha existência. Eu realmente amo estar com uma banda tocando ao vivo. No estúdio costumo ser rápido nas sessões de gravação.
Resenhando.com - Durante a sua carreira você fez trilhas de produções de TV, como novelas. Há planos para voltar a produzir algo dessa forma?
Danilo Caymmi - Estou sempre aberto para futuros projetos nessa linha. Até hoje me falam com carinho das canções da minissérie "Riacho Doce" (baseada no romance de José Lins do Rego). É recompensador ver que o trabalho rendeu frutos dessa forma.
Resenhando.com - E quais são seus planos para o presente?
Danilo Caymmi - Estou finalizando um projeto que reunirá canções clássicas que vivenciei nos anos 60 e 70. Tem “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” do Geraldo Vandré e “Eu e a Brisa” do Johnny Alf. São canções daquela atmosfera dos festivais. Além é claro de “Andança”, parceria minha com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. E continuar divulgando o "Cheiro Verde" para o público.
Ouça o álbum "Cheiro Verde" neste link.
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