Depois do sucesso de "Brilho Eterno" e "Irma Vap", Jorge Farjalla dirige o espetáculo no Brasil. Os produtores Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira entregaram para ele essa missão. Farjalla é um dos diretores mais comentados na cena teatral por sua inovadora e certeira visão de encenar textos clássicos e contemporâneos, assim como fez em seus últimos premiados espetáculos, sucesso de público. O espetáculo é apresentado pela Bradesco Seguros, por meio do Circuito Cultural Bradesco Seguros.
Na montagem de Farjalla, o cenário é uma espécie de mausoléu/portaria, impondo aos condôminos uma quase prisão, onde deverão discursar sobre seus posicionamentos discutidos, tendo que encarar o outro. “A ação ganha mais força pelo uso dos signos das cores, aqui representada nos figurinos em uma alusão ao 'Flicts' de Ziraldo”, adianta o diretor, admirador do autor e do texto. "'O Que Faremos Com Walter?' é sobre a necessidade de olhar para o outro sem o enxergar, condição em que vivemos diariamente em nossas redes sociais, nos aplicativos de relacionamento, nas mesas de bar, em casa”, afirma.
Quem viverá Walter, o Zelador, será o ator Elias Andreato, que volta aos palcos depois de um longo período dedicando-se à escrita e direção. E não poderia encontrar melhores personagem e montagem para tal feito. Para dar vida aos condôminos, ao Zelador e ao surpreendente aparecimento de uma irmã, os produtores e o diretor, reuniram um elenco notável. Norma Blum, que em março de 2023 (mês das mulheres) completa 70 anos de carreira, Flávio Galvão ("Tieta", "Cambalacho", "Força de Um Desejo", "Império", "A Bíblia"), Marcello Airoldi (no teatro, "Amor Profano", "A Queda", de sua autoria, "Misery". Na Televisão, entre tantos, 'Belíssima", "Novo Mundo", "Viver a Vida"), Grace Gianoukas ("Terça Insana", "Haja Coração", "Salve-se Quem Puder", "Grace em Revista", "Dercy"), Marianna Armellini ("Ti Ti Ti", "Vai que Cola", "Salve-se Quem Puder") e Fernando Vitor ( No teatro, "Mary Stuart", "Terremotos", "Mãe Coragem") e Elias Andreato (com 46 anos de carreira e algumas dezenas de personagens marcantes no teatro, como em "A Gaivota", "Diário de Um Louco", "Artaud, O Avarento", "Van Gogh", "Estado de Sítio", "Amigas, Pero No Mucho", "Pessoa". Na televisão, "A Grande Família" e 'Beleza Pura").
Moradores do condomínio convocam uma reunião extraordinária para decidirem o que fazer com Walter, zelador do edifício há anos. No início, tudo é amenidade. A comicidade começa quando discussões sérias, referente àquele condomínio, são expostas, o que também induz o público à emoção. Todo tipo de absurdos, que faz o público rir de situações constrangedoras, são expostos. Um fato inesperado acontece.
A chegada da irmã gêmea do zelador também é uma linha condutora da história. As discussões entre os personagens contém palavras com viés ideológico, apontam traições e atitudes diferentes entre as gerações. O texto aborda a questão do idoso. Traz à tona um tema importante, o etarismo, de forma leve, mas, questionadora. E convida o público a refletir sobre a maneira que convive com seus idosos.
A comédia escrita pelos argentinos Juan José Campanella e Emanuel Díez, traz de forma irreverente, o cotidiano vivido por tantos condôminos. Uma reflexão sobre nossos comportamentos e, quem sabe, mudar a partir daí. Ou não. Enfim. E uma pergunta que não quer calar: o que aqueles condôminos farão com Walter?
O espetáculo fica em cartaz no Teatro Opus Frei Caneca até o dia 19 de março, com sessões sexta e sábado às 20h e domingo às 18h. Os ingressos estão disponíveis pelo site uhuu.com ou bilheterias dos teatros. Mais informações no serviço abaixo.
Por Jorge Farjalla: "Ou seja, pra você a mudança é não mudar nada."
A obra dos autores Campanella e Diez tomaram exatamente a mesma proporção e potência da frase acima pinçada do texto e veio, de assombro para mim, com a ideia de inércia que nos colocamos, não somente na vida como também nas relações pessoais. Para desenhar bem - a você espectador - é como fazer uma publicação no IG, abreviação de Instagram, porque todos estão fazendo a mesma publicação sem nem saber o motivo pela qual essa publicação é feita. Parece confuso, mas é isso mesmo.
"O Que Faremos Com Walter?" é sobre a necessidade de olhar para o outro sem o enxergar, condição em que vivemos diariamente em nossas redes sociais, nos aplicativos de relacionamento, nas mesas de bar, em casa... os autores usaram do etarismo para sobrepor o que realmente se escancara com o texto impecável, vindo de um período na Argentina, país de origem da obra, em que a política e as condições sociais daquele país refletiam uma nação descontente nas ruas em 2017/2018, período em que a obra estava em cartaz.
Fui presenteado pelos produtores Danny Olliveira e Leo Miggiorin para enfrentar essa comédia, sim porque é uma comédia e por isso tem sua função de crítica, que na encenação adquiriu um tom de Teatro do Absurdo, o que texto me provocava, exatamente a loucura e inércia num recorte do microcosmo de uma sociedade doente e aniquilada diante da lei do mais forte ou da sabedoria/inteligência do mais fraco, chegando num espelhamento entre as personagens refletidas na sua solidão diária e nos egos inflados daqueles que não se importam com o outro.
Presos numa espécie de mausoléu/portaria em que o elevador é quase um 'sasportas' kafikaniano, onde essa sociedade/condôminos vive suas vidas de acordo com a ideologia de cada um e são surpreendidas/forçadas a se olharem uns para os outros. A ação ganha mais força pelo uso do signo das cores, aqui representada nos figurinos em uma alusão ao 'Flicts' de Ziraldo, onde aquele que não tem cor se sentiria renegado ou ainda, na surpresa ao descobrir o significado dessas cores como um símbolo/crítica dessa nossa sociedade.
Walter é a representação não só da liberdade de expressão de uma sociedade como também da essência dela mesma. Se identificar com essa personagem é a ponta do iceberg para entender que ele se representa como fio condutor de uma sociedade falida à repetição de padrões e pré-conceitos ainda arraigados num mesmo sistema. Walter sou eu, você e todo aquele que acredita em MUDANÇA.
Por Danny Olliveira
Textos argentinos que unem comicidade e profundidade ao mesmo tempo, sempre me chamaram a atenção. A simplicidade ao falar com o público, que aproxima a plateia, sem perder a acidez dos personagens, me encanta. Meu objetivo é levar entretenimento ao público, mas com mensagens importantes que de fato nos ajudem a ser pessoas melhores para nós, e para os outros.
"O que Faremos com Walter", vai fazer o expectador rir, se emocionar, se divertir em família, sozinho, com os amigos e com seus vizinhos de condomínio, mas ao mesmo tempo refletir sobre nosso processo de envelhecer e dos que estão envelhecendo à nossa volta. Sou grata por este reencontro com Farjalla, que além de amigo, é um profissional que admiro. Gosto do “fora do lugar comum”. E ele sabe fazer isto muito bem.
Por Leonardo Miggiorin
Produzir Teatro é aprender a falar no plural. Aprender a prever situações. É considerar todos os lados e entender que cada momento, cada palavra, pode alterar o rumo da história. É lembrar do objetivo maior e seguir. É aprender a se divertir mesmo em meio ao caos. Entender que do Caos nasce uma Nova Ordem! É dividir e multiplicar.
Produzir Teatro é acompanhar o nascimento do talento, da força e do brilho de um Artista em cena. É saber que o Artista e a Arte renascem em qualquer terreno, sob quaisquer circunstâncias. Agradeço a cada pessoa que me ajudou a trilhar este caminho, um novo início pra mim e para os que me acompanham.E que venham muitas alegrias e saúde para todos os envolvidos em “O que faremos com Walter?”, inclusive vocês, público amado e esperado!! Sem vocês, nada disso faria sentido! Obrigado, do fundo do meu coração!!
Ficha técnica:
Autores: Juan José Campanella e Emanuel Diez. Tradução: Diogo Villa Maior. Direção e encenação: Jorge Farjalla. Assistente de direção: Leonardo Miggiorin. Elenco: Elias Andreato, Grace Gianoukas, Marcello Airoldi, Mariana Armellini, Fernando Vitor. Atores convidados: Norma Blum e Flávio Galvão. Figurinos e adereços: Jorge Farjalla. Iluminação: César Pivetti. Cenário: Marco Lima. Trilha sonora original: Daniel Maia. Fotografia: Caio Gallucci. Fotografia leitura Auditório do Man: Abner Palmas. Designer gráfico: José Godoy. Visagismo: Dicko Lorenzo. Camareira: Silvia Lopes. Costureira: Juditi de Lima e equipe. Planejamento de comunicação: Danny Olliveira e Priscilla Coutto. Gestão de mídia e marketing cultural: Rodrigo Medeiros (R+Marketing). Assistente de produção: Igor Dib. Assessoria de imprensa: Morente Forte. Direção de produção: Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira. Produção executiva: Leonardo Miggiorin, Danny Olliveira, Priscilla Coutto e Igor Dib. Assistente de produção: Igor Dib e Amanda Mendes. Produtores: Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira. Realização: LM Produções Artísticas e Pólen Cultural.
Serviço
“O Que Faremos com Walter?”. Teatro Opus Frei Caneca. Shopping Frei Caneca - R. Frei Caneca, 569 - Consolação - São Paulo. Duração: 100 minutos. Classificação: 12 anos. Acessibilidade. Ar-condicionado. Capacidade: 600 pessoas. Dias e horários: sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h. Ingressos: a partir de R$ 35. Confira legislação vigente para meia-entrada. Canais de venda oficiais: Uhuu.com – com taxa de serviço - https://tinyurl.com/2z9p54mu. Bilheteria física – sem taxa de serviço. Teatro Opus Frei Caneca (Shopping Frei Caneca). De segunda a domingo, das 12h às 20h (pausa almoço: 15h às 16h). Formas de pagamento: bilheteria do teatro: dinheiro, cartão de crédito e cartão de débito. Site da Uhuu.com e outros pontos de venda oficiais: cartão de crédito. Cartões de créditos aceitos: Visa, Mastercard, Diners, Hipercard, American Express e Elo. Cartões de débito aceitos: Visa, Mastercard, Diners, Hipercard, American Express e Elo. Estacionamento: R$14 por 2 horas.
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