sábado, 15 de abril de 2023

.: "Nosso Universo", de Jo Dunkley: os mistérios e as respostas do cosmo


Jo Dunkley
, renomada astrofísica e professora universitária, é a nossa guia no livro "Nosso Universo", lançado pela editora Todavia. Nessa viagem abrangente e fascinante através dos séculos de estudo da astronomia, nos apresentando ao surgimento dessa ciência e ao trabalho de amadores e pesquisadores, com especial enfoque na participação das mulheres nesse campo, como Williamina Fleming, Vera C. Rubin e Jocelyn Bell Burnell. A tradução é de Alexandre Bruno Tinelli.

Em texto a um só tempo simples e aprofundado, o livro desbrava os mistérios, as perguntas e as respostas do cosmo. A curiosidade pelo céu e sua observação fazem parte da vida dos seres humanos há milênios, com registros astronômicos que datam de mais de 20 mil anos. 

Com o passar do tempo e com as novas tecnologias, nos tornamos capazes de enxergar além daqueles pontos brilhantes visíveis a olho nu - a Lua, os planetas mais luminosos de nosso sistema solar, as constelações e os cometas - e passamos a compreender o espaço mais a fundo, nos familiarizando com satélites de outros corpos celestes, astros menos brilhantes e nuvens de gás, onde nascem as estrelas.

Nas últimas décadas, como nos conta a autora e astrônoma Jo Dunkley, graças aos avanços tecnológicos e à cooperação científica nos mais diversos cantos do planeta, novas descobertas nos trouxeram ao nosso estágio de conhecimento atual, em que “vimos tudo até o limite do universo observável, encontramos milhões de galáxias além da nossa e possuímos uma descrição coerente de como nosso próprio sistema solar, em nossa galáxia, a Via Láctea, chegou até aqui”.

Todavia, esses avanços extraordinários nos levaram a mistérios ainda maiores. O que aconteceu logo após o big bang? O que é a estranha “matéria escura”? E o que ocorre naquelas partes do universo onde as condições são tão intensas que as leis da física talvez não se apliquem?

Com linguagem acessível e se valendo de exemplos diversos para explicar conceitos que podem parecer complicados à primeira vista, Nosso universo é um livro indispensável para todos aqueles que desejam compreender melhor o funcionamento do cosmo e se aprofundar nas histórias e teorias de como viemos parar aqui. Compre o livro "Nosso Universo" neste link.


Sobre a autora
Jo Dunkley
é professora de física e ciências astrofísicas na Universidade Princeton. Já recebeu prêmios da Royal Astronomical Society, do Institute of Physics e da Royal Society por suas contribuições ao estudo das origens e da evolução do cosmo. "Nosso Universo" é seu primeiro livro. Você pode comprar o livro "Nosso Universo" neste link.


Trecho do livro
Apesar da riqueza dessa nova coleção de planetas, somente arranhamos a superfície de tudo o que existe lá fora. Até o momento, só é possível encontrar planetas na órbita de estrelas no interior da Via Láctea, pois as galáxias para além da nossa estão muito distantes. Presumimos que existem muitos planetas em outras galáxias. O conjunto de sistemas solares já localizados se constitui também, por natureza, dos mais prováveis de serem encontrados com os métodos de que dispomos. Sem dúvida, muitos outros estão apenas à espera de ser descobertos.

Um dos objetivos primordiais dessas buscas é descobrir quão provável é que um planeta habitável como a Terra tenha se formado ao redor de outra estrela - e, o que seria ainda melhor, encontrá-lo. Chamamos de zona habitável a área em volta de uma estrela onde os planetas têm chances reais de possuir água em estado líquido na superfície. Ela é conhecida como zona de Cachinhos Dourados. As condições devem ser perfeitas para isso: nem tão quentes, nem tão frias, e com uma superfície sólida. Em nosso sistema solar, Marte se encontraria nessa zona, assim como a Terra, é claro. 

Outras dezenas de planetas já foram encontrados na zona habitável de suas estrelas, e hoje acreditamos que existem centenas de milhões de planetas do tamanho da Terra capazes de estar nessas zonas apenas no interior da Via Láctea. O mais próximo já localizado se encontra a apenas dez anos-luz de distância de nós, na Vizinhança Solar, e há evidências de haver outro em torno da nossa estrela menos distante, Proxima Centauri. Motivo de grande euforia foi a descoberta, em 2015, do sistema solar Trappist-1, em órbita ao redor de uma estrela a quarenta anos-luz de distância daqui. 

Ele possuiu sete planetas, todos comparáveis à Terra em tamanho, e se espera que ao menos dois possam estar dentro da zona habitável. Todos orbitam sua estrela a uma distância muito menor que a da órbita de Mercúrio ao redor do Sol, o que lhes dá anos que variam de apenas dois a dezenove dias terrestres, e ao menos um deles possui um oceano de água em estado líquido. Esse sistema solar, tão perto do nosso e com tal riqueza de planetas, sem dúvida será o centro das atenções de estudos significativos no futuro.

Não basta que o planeta esteja na zona habitável para que seja de fato habitável. Suas condições também precisam ser favoráveis, sobretudo as de sua atmosfera. Uma atmosfera cheia de ácido sulfúrico como a de Vênus, por exemplo, provavelmente seria tóxica a qualquer forma de vida. Estamos agora começando a examinar a atmosfera de planetas semelhantes a Júpiter e a descobrir se ela teria os elementos que acreditamos ser necessários para a vida e que podem dar indícios de já possuírem vida. Há uma série de novos satélites e telescópios preparados para levar essa busca adiante nas próximas décadas, como o Telescópio

Europeu Extremamente Grande e o Telescópio Espacial James Webb. Existe a possibilidade emocionante de, num futuro próximo, encontrarmos uma irmã da Terra. Mais especificamente, buscaremos por elementos como oxigênio, ozônio e metano na atmosfera de um exoplaneta rochoso. A luz da estrela hospedeira ou reações químicas com rochas na superfície do planeta normalmente diminuiriam a quantidade desses elementos, de modo que encontrá-los seria um indício de vida já existente. Na Terra, são as árvores e as algas que repõem o oxigênio da atmosfera. O sistema Trappist-1 certamente estará incluído nessa busca.

Além de procurar responder a questões fundamentais sobre a singularidade da Terra enquanto hospedeira da vida, a descoberta de novos sistemas solares está nos ajudando a entender melhor como nosso próprio sistema solar foi criado e como pode ter mudado ao longo do tempo. A ideia corrente de que nossos planetas migraram dentro do sistema solar foi parcialmente inspirada pela observação de como outros planetas se comportavam ao redor de outras estrelas. Expandir os horizontes nos permitiu ver nosso próprio lar sob uma nova luz. E foi apenas por meio da ampliação dos horizontes sociais na própria astronomia - permitindo a participação de mulheres e encorajando movimentos e colaborações
internacionais, por exemplo - que demos saltos tão incríveis e ultrapassamos
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