segunda-feira, 10 de abril de 2023

.: Espetáculo “Jerusalém de Nós”, de Leo Lama, segue em cartaz no Teatro B 32


Espetáculo conta a história de Nurit, uma professora universitária israelense, de cinquenta e poucos anos, que invade uma repartição pública à procura de sua filha desaparecida, logo após a explosão de uma bomba em um atentado. Foto: Leo Lama

A peça "Jerusalém de Nós", em cartaz no Teatro B 32, com as atrizes Victória Camargo e Elis Braz, surge da leitura do dramaturgo e diretor Leo Lama de um artigo publicado no jornal francês “Le Monde”, escrito pela professora israelense, Nurit Peled Elhanan, que perdeu sua filha de 13 anos em um atentado do Hamas. No artigo, Nurit defende os palestinos e critica a política do Estado de Israel. Tal atitude comoveu o autor que partiu desse ponto para criar essa obra ficcional.

Tendo como pano de fundo o conflito de lados opostos no Estado de Israel, a peça "Jerusalém de Nós" conta a história de Nurit, uma professora universitária israelense, de cinquenta e poucos anos, que invade uma repartição pública à procura de sua filha desaparecida, logo após a explosão de uma bomba em um atentado. Assim ela imagina. Mas tudo leva a crer que está confusa quanto à veracidade dos fatos.

Seguindo um estilo de experimento em cena praticado por Lama, o cenário se constitui de apenas uma cadeira. Não há trilha sonora, nem iluminação. Tudo é baseado no trabalho interior das atrizes, em uma proposta filosófica do diretor, por ele chamada de “Atuante em Repouso”, em que as atrizes ficam paradas, sem nenhum gesto, a peça toda, produzindo a dramaturgia interna através da palavra imagética.

Fosse um sonho, mas não é, fosse um delírio, mas não é, fosse realidade, mas não é. E a matéria da representação é justamente o estado de não ser, de não espaço, de incerteza, de mistura. Uma metáfora sobre a condição de vida de um refugiado. A peça se revela uma jornada em busca do lugar de escuta e do reconhecimento.

"Jerusalém de Nós" teve, segundo Léo Lama, nesses tempos de intolerância com as diferenças e de perda da singularidade essencial, a intenção de provocar diálogos que considera fundamentais nos dias de hoje e de resgatar o que é o “espiritual”.

“Qual a identidade, o projeto cultural e político de uma sociedade que não para de sofrer ataques? Chacinas, barbárie virtual, bipolaridade social. Terrorismo físico e digital. Desespero. Mudanças rápidas e vertiginosas que desnorteiam quem não esperava um mundo assim. Jovens que não encontram mais laços afetivos nem razão para viver. Uma reação contra a modernidade avassaladora que destrói os vínculos que durante anos deram coesão às sociedades. A violência como resposta. O ódio como forma de expressão. A diabólica corrupção que invade todos os meios que deveriam ser vias para melhorar as condições de vida separa o ser humano de sua essência e o coloca em uma estúpida busca pelo poder”, indaga Lama.

“O Brasil, simbolicamente, é também essa “Jerusalém de Nós”, dentro e além, cheia de nós que precisamos desatar, e que também vive o terror político e separatista de forma análoga, a seu modo”, conclui. Compre o livro "Jerusalém de Nós" neste link.


Ficha técnica
"Jerusalém de Nós". Texto e direção: Leo Lama. Fotos de cena: Leo Lama. Elenco: Victória Camargo e Elis Braz. Assistente de direção: Amanda Mantovani.


Serviço
"Jerusalém de Nós"
Estreia dia 8 de abril no Teatro B32. Avenida Faria Lima, 3732. – Itaim Bibi. Temporada: dias 15 e 16, 22 e 23, 29 e 30 de abril. Sábados, às 21h. Domingos, às 19h. Duração: 70 minutos. Ingressos: Inteira R$ 50 reais e meia R$ 25. Indicação de faixa etária: 16 anos. Estacionamento no local. Rua Lício Nogueira, 92. Valor: R$ 30 (por 12 horas). Bilheteria: segunda a sexta, das 14h às 18h. Dias de espetáculo: uma hora antes do início da sessão. Telefones: (11) 3058-9149 e  (11) 93327-6549.

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