"A Chinesa", "O Demônio das Onze Horas", "O Desprezo", "Alphaville" e "Acossado" serão exibidos de 5 a 8 de abril, em sessões gratuitas
Em parceria com o Embaixada da França no Brasil e com o Institut Français, a Cinemateca Brasileira promove uma homenagem ao realizador francês Jean-Luc Godard, recentemente falecido. As sessões incluem o primeiro longa dirigido por Godard, "Acossado" (1960), considerado um manifesto estético da Nouvelle Vague e escolhido para ocupar o 13º lugar na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, feita pela renomada revista Sight and Sound e pelo British Film Institute - BFI. Seu próximo grande sucesso, "O Desprezo" (1963), é tido como um dos melhores trabalhos do diretor e também da Nouvelle Vague, sendo uma de suas tantas adaptações literárias para o cinema.
O cineasta envereda para a ficção-científica com "Alphaville" (1965), sátira dos filmes de espionagem, que parte de Paris para criar uma cidade futurista e distópica. Trata-se de um momento de transição na carreira do diretor, passando para uma fase assumidamente militante. Este período de sua carreira é representado na mostra por "O Demônio das Onze Horas" (1965) e "A Chinesa" (1967), obras que simbolizam um passo rumo à renúncia ao cinema narrativo “burguês” e antecedem a criação do Grupo Dziga Vertov (1968 - 1974). Fundado por Godard e Jean-Pierre Gorin, o coletivo fazia filmes politicamente posicionados e com orientação maoísta, trazendo a ideologia marxista para a forma e conteúdo.
Em cinco filmes, a mostra apresenta ao público o trabalho do diretor que encarnou a Nouvelle Vague francesa e marcou a sétima arte subvertendo os códigos e reinventando as formas. A programação é gratuita e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.
Quarta-feira, 5 de abril, na sala Grande Otelo
16h: "A Chinesa" (La Chinoise)
França, 1967, 90 min, cor, 16 anos. Direção: Jean-Luc Godard, Elenco: Anne Wiazemsky, Jean-Pierre Léaud, Juilet Berto. Sinopse: em um apartamento coberto de pequenos livros vermelhos, jovens estudam o pensamento marxista-leninista. A líder, Verônica, propõe ao grupo o assassinato de uma personalidade. Feito um ano antes dos eventos políticos de maio de 1968, A Chinesa é considerado como um filme profético. Uma adaptação livre do romance de Dostoiévski “Os Demônios”, de 1872. Trazendo a narrativa para o contemporâneo, o filme trata do interesse político da esquerda dos anos 60 pelo legado da Revolução Russa de 1917, a intervenção militar dos Estados Unidos no sudoeste da Ásia e a Revolução Cultural Chinesa comandada por Mao Zedong. Indicado a melhor filme no Festival de Veneza e agraciado com o prêmio especial do júri no mesmo festival.
18h: "O Demônio das Onze Horas" ("Pierrot le Fou")
França, 1965, 112 min, cor, 14 anos. Direção: Jean-Luc Godard. Elenco: Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Graziella Galvani. Sinopse: Ferdinand abandona sua vida burguesa e foge com Marianne, um amor do passado. Perseguidos por mafiosos e pela polícia, eles embarcam numa aventura louca em direção ao litoral. Baseado no livro “Obsession”, de Lionel White o filme é considerado um dos grandes marcos da Nouvelle Vague. Na época de seu lançamento, foi criticado e proibido para menores de 18 anos sob alegações de que “alimentava uma anarquia intelectual e moral”. Indicado ao Leão de Ouro do Festival de Veneza.
Quinta-feira, 6 de abril, na sala Grande Otelo
17h: "O Desprezo" ("Le Mépris")
França, 1963, 110 min, cor, 16 anos. Direção: Jean-Luc Godard. Elenco: Brigitte Bardot, Michel Piccoli, Jack Palance, Fritz Lang. Sinopse: o casamento do roteirista Paul Javal com sua esposa Camille se desintegra gradativamente. Um incidente aparentemente inofensivo com um produtor leva a jovem mulher a desprezar profundamente seu marido. Com roteiro inspirado na novela “Il Disprezzo”, do escritor Alberto Moravia, o filme foi aclamado pela crítica e considerado um dos melhores trabalhos de Godard e da Nouvelle Vague. Estrelado por Brigitte Bardot, tem uma participação especial do cineasta alemão Fritz Lang, que interpreta ele mesmo.
21h: "Alphaville" ("Alphaville: Une Étrange Aventure de Lemmy Caution")
França, 1965, 110 min, p&b, 12 anos. Direção: Jean-Luc Godard. Elenco: Eddie Constantine, Anna Karina, Akim Tamiroff, Valérie Boisgel, Jean-Louis Comolli, Michel Delahaye, Jean-André Fieschi, Christa Lang, Jean-Pierre Léaud, László Szabó, Howard Vernon. Sinopse: um agente secreto é enviado para uma missão em Alphaville, uma cidade desumanizada e muito distante da Terra. Ele deve neutralizar o todo-poderoso mestre de Alphaville, que ali aboliu os sentimentos humanos, libertando a cidade de seu governante tirânico. Ficção científica futurista, o filme revela as influências do expressionismo alemão em Jean-Luc Godard. Vencedor do Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim.
Sábado, 8 de abril, na sala Grande Otelo.
14h: "O Demônio das Onze Horas" ("Pierrot le Fou")
França, 1965, 112 min, cor, 14 anos. Direção: Jean-Luc Godard. Elenco: Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Graziella Galvani. Sinopse: Ferdinand abandona sua vida burguesa e foge com Marianne, um amor do passado. Perseguidos por mafiosos e pela polícia, eles embarcam numa aventura louca em direção ao litoral. Baseado no livro “Obsession”, de Lionel White, o filme é considerado um dos grandes marcos da Nouvelle Vague. Na época de seu lançamento, foi criticado e proibido para menores de 18 anos sob alegações de que “alimentava uma anarquia intelectual e moral”. Indicado ao Leão de Ouro do Festival de Veneza.
16h: "Acossado" ("À Bout de Souffle")
França, 1960, 90 min, P&B, 14 anos.Direção Jean-Luc Godard. Elenco: Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg. Sinopse: Michel Poiccard rouba um carro, mata e um policial e foge para Paris, onde encontra Patricia, uma jovem americana que vende jornais na Champs Élysées. Enquanto se esconde da polícia, ele tenta reaver seu dinheiro, conquistar Patrícia e convencê-la a partir com ele para a Itália. Primeiro longa-metragem de Godard e marco da Nouvelle Vague, o filme é considerado um manifesto estético do movimento, por sua irreverência, ironia, jump-cuts, baixo orçamento e sucesso de público. A obra ocupa o 13º lugar na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, feita pela renomada revista Sight and Sound e pelo British Film Institute - BFI.
Sobre o espaço
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes -- FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.
O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional on-line dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.
Serviço
Mostra "5 Vezes Godard" na Cinemateca Brasileira. Largo Senador Raul Cardoso, 207 -- Vila Mariana. Horário de funcionamento.Espaços públicos: de segunda a segunda, das 8 às 18h. Salas de cinema: conforme a grade de programação. Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados. Sala Grande Otelo (210 lugares + 4 assentos para cadeirantes). Sala Oscarito (104 lugares).
Retirada de ingresso uma hora antes do início da sessão.
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