Na imagem, os atores Ester Laccava e Sérgio Pardal interpretam os personagens Canina e Corbaccio. Obra de Ben Jonson foi encenada por Johana Albuquerque e pela companhia em 2020 em formato presencial com distanciamento social e, agora, ressurge num novo formato para o palco italiano. Foto: Marcelo Villas Boas
Comédia criada para comemorar os 20 anos da Cia Bendita Trupe, "Protocolo Volpone - Um Clássico em Tempos Pandêmicos", dirigida por Johana Albuquerque, estreou em 2020 e foi indicada ao Prêmio APCA, na categoria de melhor espetáculo. Agora, essa que foi a primeira peça a estrear em formato presencial, com grande elenco e público restrito e isolado em cabines plásticas higienizadas - ganha uma versão inédita para palco italiano. "Volpone, A Raposa e as Aves de Rapina", comédia de Ben Jonson, segue em cartaz no Teatro Arthur de Azevedo, onde segue em cartaz até 2 de abril, com apresentações de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h. Ao todo são 16 apresentações, que foram possíveis graças ao ProAC ICMS Direto.
O espetáculo, que fez um barulho estrondoso na mídia, mas só foi visto presencialmente por 400 pessoas, agora retoma para seu projeto original, com a proposta de homenagear o Teatro Brasileiro de Comédia, que realizou uma montagem deste texto em 1953, sob a direção de Ziembinski. A versão inédita da peça também é uma resposta aos acontecimentos de 2023.
"Volpone" é uma comédia clássica, com uma embocadura de linguagem aparentemente de época, mas também divertida, cáustica e popular. Com tantas adversidades no entorno nos dias que correm, nada melhor do que uma ácida comédia, que discorre sobre seres humanos piores ou iguais a raposas e a aves de rapina, nos fazendo gargalhar e refletir sobre o nosso próprio infortúnio.
Visando ainda fomentar a discussão sobre as relações entre artes cênicas, cultura e o anúncio de novos tempos, como também, compartilhar impressões e relatos com os espectadores sobre o histórico e processo de montagem, acontecerão quatro debates com os criadores do espetáculo e o elenco da Bendita Trupe. Os debates acontecerão seguidos de roda de perguntas do público, sempre aos domingos, após o espetáculo.
A equipe
Essa montagem é a mais famosa comédia de Ben Jonson, na versão de Stefan Zweig, e tem adaptação de Marcos Daud. A idealização do projeto e direção é de Johana Albuquerque e o elenco é composto pelos atores Cris Lozano, Daniel Alvim, Ester Laccava, Fernanda D’umbra, Joca Andreazza, Luciano Gatti, Mauricio de Barros, Pedro Birenbaum, Vanderlei Bernardino, Sergio Pardal e Vera Bonilha. Na visualidade do espetáculo figuram o cenógrafo Julio Dojcsar, a figurinista Silvana Marcondes, o diretor musical Pedro Birenbaum, o iluminador Wagner Pinto e o visagista Leopoldo Pacheco. O projeto conta também com a assistência de direção de Cacá Toledo e produção de Gustavo Sanna.
Sobre o espetáculo
Trata-se de uma adaptação de "Volpone", a comédia da ganância, de Ben Jonson, contemporâneo de Shakespeare, um dos textos mais encenados no Reino Unido. O texto ganha uma versão enxugada pelo austríaco Stefan Zweig, nos anos 1920. Volpone é um homem sem filhos, especialista na arrecadação de riquezas e, para mais acumular, finge estar agonizante e diverte-se com o desfile de bajuladores que, na expectativa de serem contemplados em seu testamento, o enchem de favores e se prestam a todas as humilhações. Para tal, Volpone conta com a colaboração fiel e estratégica de seu criado Mosca, que atua na armação de vários quiprocós para satisfazer a luxúria e sadismo de seu patrão.
Ascensão social, conquistas amorosas e a influência nos altos círculos, que só o dinheiro pode oferecer, são temas eternos, todos presentes nesta peça escrita há mais de quatro séculos. A nobreza característica dos textos de época se contrapõe às expressões cômicas e bem humoradas presentes nesta tradução, além da teatralidade farsesca marcante na linguagem da peça.
A adaptação de Marcos Daud atualiza a versão de Zweig, destacando temas contemporâneos como ganância, corrupção, assédio, protagonismo feminino, fake News, judiciário lacrador e trapaças golpistas. A ânsia caricatural por poder e dinheiro acima de qualquer princípio ético ou moral é sempre um tema caro e atraente ao grande público.
O texto foi encenado pelo Teatro Brasileiro de Comédia nos anos 1950, e Décio de Almeida Prado, crítico que ajudou a formar o público do TBC, assim descreve o texto: “Voltore, Corvino, Corbaccio... Ben Jonson não teria reunido assim esse bando de aves de rapina, em torno de Volpone, a astuta raposa velha, se não pretendesse escrever a mais estranha e inesperada das comédias: ‘a comédia da morte’ ”.
A letra da música “Oh, Veneza, Terra dos Sonhos”, escrita especialmente por Bertolt Brecht para uma montagem deste texto pela diretora Elizabeth Hauptmann, em 1952, serviu de inspiração para a abertura deste espetáculo.
Ficha técnica
"Volpone, A Raposa e as Aves de Rapina". Texto: Ben Jonson, na versão de Stefan Zweig. Adaptação: Marcos Daud. Idealização e direção: Johana Albuquerque. Assistência de direção: Cacá Toledo. Atores: Daniel Alvim (Volpone), Ester Laccava (Canina), Joca Andreazza (Corvino), Luciano Gatti (Leone), Fernanda D’umbra (Juiz), Maurício de Barros (Mosca), Pedro Birenbaum (Inspetor e Músico em cena), Vanderlei Bernardino (Voltore), Sérgio Pardal (Corbaccio), Vera Bonilha/Cris Lozano (Colomba). Cenografia e Adereços: Julio Dojcsar. Figurino: Silvana Marcondes. Direção Musical, Músicas Originais, Produção de som e Teclados: Pedro Birenbaum. Iluminação: Wagner Pinto. Visagismo: Leopoldo Pacheco. Orientação corporal: Renata Melo. Operação de Som/Microfonista: Igor Souza. Operação de Luz: Iaiá Zanatta. Design gráfico: Werner Schulz. Mídias sociais: Carolina Coelho. Assessoria de Imprensa: Pombo Correio. Fotos Divulgação: Marcelo Villas Boas. Assistência de Produção (sala de ensaio): Marcelo Leão e Lucas Vannat. Produção Executiva: César Ramos. Administração: Complementar Produções Artísticas. Direção de Produção: Gustavo Sanna. Coordenação Geral: Johana Albuquerque. Realização: Bendita Trupe
Serviço
"Volpone, A Raposa e as Aves de Rapina". Temporada: até dia 2 de abril, de quintas a sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h*. Teatro Arthur Azevedo: Avenida Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca. Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes do espetáculo. *Debates: 12, 19, 26 de março e 2 de abril, após a apresentação. Duração: 100 minutos. Classificação: 12 anos. Capacidade: 349 lugares. Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
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