Autora de "Pequenos incêndios por toda parte" apresenta distopia sobre racismo, xenofobia e a importância da arte como resistência à intolerância
Aclamada como uma das mais potentes vozes da literatura norte-americana, Celeste Ng conquistou a crítica e o público dos Estados Unidos com seu novo romance, "Os corações perdidos", que chega às livrarias brasileiras pela Intrínseca. Após viver apreensiva sob a política anti-imigração do ex-presidente Donald Trump, que chegou a separar pais e filhos, e após testemunhar a discriminação de chineses por conta da pandemia de covid-19, a escritora criou uma distopia assustadoramente parecida com a realidade. Em um futuro próximo, o governo dos Estados Unidos radicalizou a desconfiança em relação à China e ao Oriente no geral. Pessoas de origem asiática são vistas com desprezo e suspeita por seus vizinhos e governantes, e as bibliotecas são forçadas a recolher livros considerados antipatrióticos.
Bird Gardner conduz a envolvente narrativa, que revela uma sociedade marcada pela censura e pela perseguição aos dissidentes. Depois de anos de instabilidade econômica e violência, o governo dos Estados Unidos criou leis para preservar a “cultura norte-americana”. Sob a justificativa de manter a paz e restaurar a prosperidade, as autoridades passaram a retirar a guarda dos filhos de qualquer pessoa que se oponha à nova legislação — especialmente as de origem asiática.
Bird nunca questionou as decisões do governo e sabe que não deve fazer perguntas nem chamar atenção. O menino leva uma vida tranquila com o pai, um ex-linguista que agora trabalha numa biblioteca universitária. Sua mãe, Margaret, uma poetisa sino-americana, largou a família sem deixar rastros quando o filho tinha nove anos. Ele não sabe o que aconteceu com a mãe nem por que ela foi embora, mas, quando recebe uma misteriosa carta contendo apenas um desenho, suspeita que ela esteja envolvida e decide investigar.
A partir da vivência em uma sociedade em que colegas e vizinhos hipervigilantes denunciam uns aos outros por atividades supostamente subversivas e após testemunhar episódios de violência contra os vulneráveis e idosos, ele passa a buscar respostas. Essa jornada o levará a Nova York, onde descobrirá muito mais do que ele imaginava sobre a mãe. A viagem ousada e inspiradora de Bird lhe permite descobrir as possibilidades da arte. Confrontado com a escolha entre quietude e resistência, ele rapidamente aprende que uma vida de submissão não é vida.
No topo da lista de mais vendidos do The New York Times por semanas, Os corações perdidos é uma história atemporal sobre as injustiças para as quais a sociedade escolhe fechar os olhos, sobre as lições e o legado que passamos para os nossos filhos e sobre como podemos manter nosso coração intacto em um mundo despedaçado.
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Celeste Ng cresceu em uma família de cientistas entre Pittsburgh, Pensilvânia, e Shaker Heights, Ohio, nos Estados Unidos. Formou-se em Harvard e fez mestrado em belas-artes pela Universidade de Michigan, onde ganhou o Hopwood Award. Mora em Cambridge, Massachusetts, com o marido e o filho.
Livro: Os corações perdidos, de Celeste Ng
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