Veteranos no jornalismo, estreantes como comentaristas do Carnaval de São Paulo, Aline Midlej e Rodrigo Bocardi fizeram um reconhecimento da área, sagrada para muitos sambistas, no Anhembi. Foto: Globo / Daniela Toviansky
Aline Midlej e Rodrigo Bocardi deram um show na transmissão dos desfiles das escolas de samba do grupo especial de São Paulo. Antes, os dois estreantes fizeram um reconhecimento da área, sagrada para muitos sambistas, no Anhembi. “O que me motivou a aceitar esse convite, primeiramente, foi a questão de ter a possibilidade de extravasar esse meu lado descontraído de trabalho, que existe um pouco no ‘Bom Dia São Paulo’, no ‘Bom Dia Brasil’, mas sempre com alguma limitação que o próprio jornalismo requer. O carnaval nos abre uma possibilidade maior de interação e proximidade com o público”, acredita ele. Confira as entrevistas da nova dupla de apresentadores do carnaval de São Paulo.
Como é sua relação com carnaval?
Aline Midlej - O carnaval compõe minhas melhores lembranças de infância, uma paixão desde quando meu pai me levava aos bailes com ele, na Bahia, e lá estava eu cheia de purpurina, vestidos com uma saia de tule bem espevitada. Tenho provas! (risos). Já adulta, além de curtir a festa, me conecto muito com a identidade cultural do carnaval, que fala sobre nós, sobre gente, nossa história é desafios. E essa grande festa está cada vez mais olhando para as realidades do país e isso é muito potente. Amplificar essa magia para o Brasil com a minha voz e coração é um presente.
Rodrigo Bocardi - Minha relação com o carnaval até então tinha sido nas transmissões como repórter, na maioria das vezes na concentração, na bateria, envolvimento de algumas reportagens no calor do desfile. Com esse compromisso de fazer a narração do carnaval de São Paulo, fui me aprofundar, ouvir as histórias das escolas, do samba, do enredo de cada uma delas. E é um aprendizado, preciso fazer um agradecimento por tanta riqueza compartilhada. Fico até emocionado e agradecido por tudo isso. Deveria ter me aprofundado mais no carnaval desde sempre. Estou fascinado com o que eu tenho ouvido agora, tanta pesquisa, tanto conhecimento, tanto estudo numa arte tão rica que é o carnaval. Estou feliz e com o compromisso de aprender cada vez mais e compartilhar isso com o público. Botei na cabeça, que meu objetivo é tentar fazer com que pessoas, que como eu que não dedicaram tanto tempo ao conhecimento do carnaval, possam fazer isso, porque é fascinante.
Já desfilou?
Aline Midlej - Nunca! Já recebi convites, mas sempre havia alguma incompatibilidade. Esse ano mesmo a Viradouro me convidou para desfilar num carro que irá homenagear personalidades pretas, mas a agenda em São Paulo inviabilizou. Uma experiência a ser concretizada!
Rodrigo Bocardi: Não desfilei, apenas assisti, mas agora estou começando a ficar com vontade. Nessas visitas que eu fiz aos barracões, comecei provar algumas fantasias, fazer umas brincadeiras ali, e fora que você vai entrando nesse clima todo e dá vontade. Eu acho que depois de fazer uma narração de uma noite inteira de várias escolas, acho que isso esse desejo só vai aumentar.
Como foram as visitas aos barracões?
Aline Midlej - Eu imaginava que seria importante para a nossa preparação, mas foi muito mais que isso. É uma imersão nos enredos, nas trajetórias das escolas, mas, também, nesse universo carregado de paixão e criatividade. É lindo ouvir os carnavalescos, o caminho das suas criações e imaginar isso se construindo na Avenida. Fui a um ensaio técnico também, o que completou a missão. Carnaval é amor e tudo tem uma razão de ser, para entender é preciso vivenciar de verdade.
Rodrigo Bocardi - As visitas foram riquíssimas. Exatamente por esse conhecimento que você vai adquirindo pelo compartilhamento de tudo aquilo que essas escolas estudaram durante o ano todo e desenvolveram. O que me chama atenção é o tanto de dedicação e de busca pelo conhecimento para poder desenvolver o enredo escolhido pela escola e a transformação em um enredo, em um grande desfile. Isso requer muita criatividade, muito conhecimento e essas pessoas vão muito a fundo. Isso vai desde ala a ala. Cada uma guarda uma história, cada detalhe, cada ponto de costura tem a ver com a história ali, a ser contada, a ser desenvolvida.
Chegou a conversar com outros apresentadores?
Aline Midlej - Eu e Maju Coutinho trocamos algumas ideias antes da minha ida para São Paulo. Foi ótimo, sempre abre horizontes. Mas acho que acaba sendo uma entrega muito pessoal e particular de cada apresentador, o que garante personalidade e frescor pra transmissão. O público só ganha. Espero honrar a trajetória do carnaval de São Paulo, minha terra, com o mesmo amor que tenho sentido a cada visita nos barracões.
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