Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com.
Nascido em Cravinhos, São Paulo, em 1962, ele publicou os romances "Trilogia do Adeus", "Aos 7 e aos 40" e "Elegia do Irmão", além dos livros de contos "Diário das Coincidências", "Aquela Água Toda", entre outros livros.
O autor realizou adaptações de clássicos da literatura, para público infantojuvenil: "O Livro da Selva", de Rudyard Kipling, "Pollyanna", de Eleanor Porter, "O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson, e "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson.
Recebeu, entre outros, os prêmios Jabuti, APCA, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, e da Fundação Biblioteca Nacional. Recentemente, lançou o livro de contos "Tramas de Meninos" e assinou a dramaturgia da peça teatral "Labirinthos", dirigida por Leonardo Antunes, que concedeu esta entrevista ao portal Resenhando.com e fala sobre a obra do autor (neste link). Nesta entrevista exclusiva, Carrascoza fala sobre a arte da escrita, processo de criação e autobiografia.
Resenhando.com - O que representa a literatura em sua vida?
João Anzanello Carrascoza - A possibilidade de sonhar, de conhecer novos mundos possíveis, de me encantar com as criações do espírito humano.
Resenhando.com - Na sua própria literatura, em que você se expõe mais, e por outro lado, em que você mais se preserva, em seus textos?
João Anzanello Carrascoza - Escrever é alternar luzes e sombras biográficas tanto quanto imaginárias, deixar que se misturem; aliás, nem sempre sabemos se os nossos lampejos são mesmos lampejos, ou se são raios das trevas.
Resenhando.com - Que conselhos você dá para as pessoas que pretendem enveredar pelos caminhos da escrita?
João Anzanello Carrascoza - Tornar-se primeiro um leitor da palavra, do mundo e das pessoas, e só depois se lançar à aventura da escrita. Uma vez nela, jamais deixar de ler a si nas próprias linhas escritas, nas sonhadas e até mesmo nas entrelinhas da alteridade.
Resenhando.com - Quais livros foram fundamentais para a sua formação enquanto escritor e leitor?
João Anzanello Carrascoza - Livros de todos os gêneros literários: o mundo seria belo, mas limitado se existissem só obras de poesia. E isso vale para o conto, a crônica, o romance. Pode haver preferência do leitor, mas é a presença das várias formas de se condensar a literatura que nos forma integralmente como leitores e escritores.
Resenhando.com - Como e quando começou a escrever?
João Anzanello Carrascoza - Quando ainda era menino, escrevendo meus primeiros versos. Só anos depois é que fui me dedicar à prosa de ficção.
Resenhando.com - Quais escritores mais influenciaram a sua trajetória artística e pessoal? Por quê?
João Anzanello Carrascoza - Foram muitos. Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto (pela contundência poética); Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Julio Cortázar (pela originalidade literária); Machado de Assis, William Faulkner, José Saramago (pela desenvoltura narrativa).
Resenhando.com - É difícil ser escritor no Brasil?
João Anzanello Carrascoza - Toda atividade artística enfrenta dificuldades, que podem ser ampliadas, no caso desta pergunta, pela situação particular do escritor e pela conjunção social que o afeta.
Resenhando.com - Dá pra viver de literatura no Brasil?
João Anzanello Carrascoza - Para mim, não. Por isso, atuo como professor universitário em duas faculdades.
Resenhando.com - O quanto para você escrever é disciplina? É mais inspiração ou transpiração?
João Anzanello Carrascoza - Uma e outra se completa. A disciplina inspira. A transpiração disciplina.
Resenhando.com - Quanto tempo por dia você reserva para escrever?
João Anzanello Carrascoza - Duas horas.
Resenhando.com - Você tem um ritual para escrever?
João Anzanello Carrascoza - Sim: despertar e escrever todas as manhãs.
Resenhando.com - Qual o mote que faz você ficar mais confortável para escrever?
João Anzanello Carrascoza - A vida cotidiana. O nada e o tudo de cada dia.
Resenhando.com - Em um processo de criação, o silêncio e isolamento são primordiais para produzir conteúdo ou o barulho não lhe atrapalha?
João Anzanello Carrascoza - As histórias podem nascer do silêncio interior ou dos ruídos que nos assediam, mas, para escrevê-las, sempre procuro um retiro, a fim de ouvir com mais clareza (e comandar) as palavras que, como ondas, vão formando o fluxo do meu texto.
Resenhando.com - O que há de autobiográfico nos textos que escreve?
João Anzanello Carrascoza - Às vezes muito, às vezes quase nada. Seja como for, o que fomos e somos se fundem e se confundem nas obras que geramos.
Resenhando.com - Como começar a ler João Anzanello Carrascoza?
João Anzanello Carrascoza - Por qualquer um de meus livros.
Resenhando.com - Por qual de seus livros - ou personagem - você sente mais carinho?
João Anzanello Carrascoza - Pelo João, do "Caderno de Um Ausente". Um personagem que tem coragem de assumir os erros, imensa compaixão pelos semelhantes e um amor silencioso.
Resenhando.com - Hoje, quem é o João Anzanello Carrascoza por ele mesmo?
João Anzanello Carrascoza - Um escritor em ação.
Resenhando.com - Autor de "Labirinthos em Processo", como é ver um texto seu no teatro?
João Anzanello Carrascoza - É uma experiência bonita, de distinta natureza artística – não menos intensa do que a literária.
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