domingo, 1 de janeiro de 2023

.: Crítica: "Pearl - A Origem de X" parece "O Mágico de Oz", mas é "Psicose"

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2023


Em "Pearl - A Origem de 'X'", o ano é 1918, quando a jovem Pearl (Mia Goth) cansada de viver presa na fazenda, ao lado da mãe histérica -parecida com a de "Carrie, a Estranha"- e do pai em cadeira de rodas que não profere uma palavra que seja, alimenta um grande sonho e desenvolve uma verdadeira obsessão por alcançar a fama. Como? Tornando-se uma estrela de cinema na época de ouro de Hollywood. Num estilo Dorothy de "O Mágico de Oz", usando macacão, a mocinha que se apresenta para os animais dali, vai de bicicleta até a cidade, para comprar remédio. 

Ao fugir para desfrutar do prazer de apreciar produções cinematográficas, esbarra no belo projecionista (David Corenswet) que lhe desperta um interesse adormecido. Afinal, o marido de Pearl, Howard, está lutando na guerra. Sem revelar suas verdadeiros intenções, na volta para casa, ela encontra num espantalho, um Homem de Palha, a saída para ser seu par de dança e, claro, para externar o prazer reprimido.


No entanto, a figura de Dorothy é rapidamente desassociada de Pearl, uma vez que ela se mostra uma implacável matadora em nome de conseguir o que tanto deseja, desde animais a pessoas. Todavia, mesmo com a chance de uma audição, por não se enquadrar nos padrões, ela é eliminada. Sem chance de chegar às telas de cinema, Pearl age novamente de modo cruel, mesmo com quem mostrava ter algum apreço por ela. 

Sem limites e com sede por matar, Pearl ainda que tente atuar, assim como a mãe dela aponta, não consegue esconder a verdadeira essência que carrega e encarna Norman Bates em "Psicose". Tanto é que oferece uma ceia para convidados em estado pavoroso, o que também faz lembrar de "Rocky Horror Picture Show" quando Frank n Furter remove o tampão da mesa em que todos os presentes saboreiam a refeição até que se revela a localização do motoqueiro Eddie.

O filme de Ti West, produção de terror slasher de primeira, além de fazer referências a produções do gênero, usa locações e cenas similares a do filme antecessor, "X - A Marca da Morte". Entre elas, a do dedo indicador pousado nos lábios de Pearl pedindo silêncio. Bem construído, o longa garante uma cena final emblemática transbordando o show de atuação de Mia Goth que sorri de modo forçado enquanto deixa escorrer lágrimas -de ódio ou alegria. Em 1h42m, "Pearl" que parece "O Mágico de Oz", mas tem muito de "Psicose", vai além do sangue jorrando ao criticar padrões e as amarras que vida dá enquanto destrói um sonho. Imperdível! 


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

Filme: "Pearl - A Origem de 'X'" (X)

Gênero: Terror/Slasher

Duração: 1h 42m

Diretor: Ti West

Classificação indicativa: 18 anos

Data de lançamento: 26 de janeiro de 2023 (Brasil)

Roteiro: Mia Goth, Ti West 

Produção: Ti West, Jacob Jaffke, Harrison Kreiss, Kevin Turen

Elenco: Mia Goth (Pearl), David Corenswet (Projectionist), Tandi Wright (Ruth), Alistair Sewell (Howard), Matthew Sunderland (Pearl's father), Amelia Reid (Margaret), Todd Rippon (Director),  Lauren Stewart (Pianist), Gabe McDonnell, Grace Acheson (Ticket Taker)

Trailer

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