quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

.: "Nossa Senhora do Nilo", de Atiq Rahmi, estreia no cinema nesta quinta


Baseado em romance autobiográfico de Scholastique Mukasonga, filme aborda as origens do genocídio em Ruanda Longa estreia nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Goiânia, Curitiba, Florianópolis, Santos e Niterói


Partindo das experiências pessoais da escritora Scholastique Mukasonga, o drama histórico "Nossa Senhora do Nilo" ("Notre-Dame du Nil"), dirigido por Atiq Rahimi, estreia na rede Cineflix Cinemas e traz como cenário principal a escola que dá nome ao filme, um colégio interno católico situado no alto de uma colina para meninas da elite ruandense. Vivendo isoladas do mundo, pouco sabem o que está acontecendo em seu país, até que a realidade bate à porta. O longa-metragem chega aos cinemas no dia 5 de janeiro, com distribuição da Pandora Filmes. No Brasil, o livro foi lançado pela editora Nós e pode ser adquirido neste link.

O afegão Rahimi, que assina o roteiro com Ramata-Toulaye Sy, trabalha pela primeira vez com um material que não é seu – ele tem em seu currículo filmes como “A Pedra da Paciência”. "Nossa Senhora do Nilo" foi premiado no Festival de Berlim de 2020 com o Urso de Cristal da mostra Generation 14plus. O diretor conta que conhecia pouco sobre Ruanda antes de realizar o filme. “Sabia sobre o genocídio de 1994, uma tragédia que, na minha mente, é como o fratricídio que aconteceu em meu país e começou dois anos antes. Nos dois casos, começou como uma questão política, e, depois, se tornou problemas étnicos, de raça e até de religião.”

Rahimi, que também é escritor, conheceu Mukasonga num evento literário em 2008, e leu "Nossa Senhora do Nilo" assim que foi originalmente publicado, em 2012, e gostou muito, mas nem desconfiava que pouco tempo depois mergulharia no universo do romance para realizar um filme. Na obra e em Ruanda, o cineasta conta que encontrou algo que o fascina tanto como diretor de cinema e escritor: a relação entre a violência e o sagrado. “Tanto Ruanda quanto o Afeganistão, nos anos de 1970, estão sob um regime totalitário. Não são as pessoas que decidem o sistema político, mas uma elite e os tecnocratas. O genocídio de 1994 não aconteceu de repente, mas suas origens estão em 1959, quando a monarquia foi deposta, e depois em 1973 com a perseguição às elites e aos intelectuais”.

Com dificuldade de encontrar jovens atrizes em Ruanda para fazer o filme, o diretor criou um workshop em Kigali, e rodou o longa no distrito Rutsiro, numa escola católica que ainda mantém alguns edifícios antigos. “Fica no alto das montanhas, e é difícil de se alcançar, mas quando você chega no topo, e vê aquela igreja é impressionante”.

Mukasonga conta que seu romance nasceu de um desejo de abordar o tema da discriminação, e a personagem Virginia, no livro e no filme, é baseada em suas experiências. “Mesmo que eu não estivesse completamente ciente disso... Eu me voltei à ficção para colocar alguma distância entre os acontecimentos e eu mesma, do contrário seria muito destrutivo. Mas durante a escrita a realidade acabou se impondo. De uma forma ou de outra, eu tinha que contar essa história”.

Ela também conta que a escolha de Rahimi para dirigir o filme foi perfeita. “Ele é afegão, eu, ruandense, temos muito em comum. Eu também acompanhei cada passo do filme, li diversas versões do roteiro. O que era mais importante para mim, é que fosse filmado em Ruanda, no mesmo contexto do romance”.

A revista Variety aponta que o filme "é uma antecipação iluminadora de uma tragédia, uma história fielmente adaptada de um romance essencial”“É uma história que deixa uma impressão profunda, e Rahimi filma de maneira sensível”, escreve o The Hollywood Reporter. "Nossa Senhora do Nilo" será lançado no Brasil pela Pandora Filmes.

Sinopse de "Nossa Senhora do Nilo"
Ruanda, 1973. Nossa Senhora do Nilo é um conceituado colégio interno católico situado no alto de uma colina, onde garotas são preparadas para pertencer à elite ruandense. Com a proximidade da formatura, essas meninas, sejam elas hutu ou tutsi, compartilham o mesmo dormitório e dividem sonhos e preocupações. Mas em todo o país, assim como dentro da escola, antagonismos profundos ecoam, mudando a vida dessas jovens - e de toda a nação - para sempre. Imagens de um simbolismo profundo fazem alusão à violência genocida que em 1994 tomaria conta de todo o país.

Os críticos de cinema do portal Resenhando.com assistem as estreias dos filmes no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo. Confira os dias, horários e sinopses dos filmes para você ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo do cinema. Programação do Cineflix em outras localidades neste link ou no app Cineflix.


Sobre o livro
Escrito por Scholastique Mukasonga, o livro "Nossa Senhora do Nilo" foi lançado no Brasil pela editora Nós. Conta a história de uma escola para meninas, situada no alto das montanhas da bacia do Congo e do Nilo, em Ruanda, a 2500 metros de altura e próxima à nascente do grande rio egípcio, aplica rigorosamente um sistema de cotas étnicas que limita a 10% o número de alunas da etnia tutsis. 

Quando os líderes do poder hutu tomam conta do local, o universo fechado em que têm de viver as alunas torna-se o teatro de lutas políticas e de incitações ao crime racial. Os conflitos são um prelúdio ao massacre ruandês que aconteceria tempos depois. Em "Nossa Senhora do Nilo", Scholastique Mukasonga, sobrevivente do massacre, conta as experiências-limites pelas quais passaram as jovens do colégio, numa narrativa pungente que encantou o mundo. Compre o livro "Nossa Senhora do Nilo", de Scholastique Mukasonga, neste link.

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