quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

.: Crítica: "Morte, morte, morte" é terror comédia juvenil com provocações

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em dezembro de 2022


Uma história de terror slasher moderna, com toques de humor, feita para e com jovens. Eis "Morte, morte, morte" (Bodies, bodies, bodies), com direção de Halina Reijn e roteiro de Sarah DeLappe, que insere as namoradas Sophie (Amandla Stenberg) e Bee (Maria Bakalova), com pouco tempo de relação, numa festa particular, durante um furacão, em uma mansão localizada numa ilha remota. Enquanto a novata, Bee, vai ganhando "confiança" dos amigos ricos de Sophie, numa roda surgem propostas de brincadeiras, inclusive uma que dá o título do longa, similar ao brasileiro "Detetive".

Assim, David (Pete Davidson), Emma (Chase Sui Wonders), Jordan (Myha’la Herrold), Alice (Rachel Sennott), com o namorado mais velho Greg (Lee Pace) fazem com que a brincadeira seja levada ao limite. Logo, nota-se uma crítica no filme a respeito da geração Z, destacando a  falta de controle ao agir de modo impensado e sem considerar as consequências de cada ato.


Enquanto a geração TikTok -em certo momento do filme, os amigos gravam algo para a rede social de vídeos curtos- tenta conviver sem tecnologia, esbaldam-se nas bebidas e drogas. Sem luz e, fatalmente, sem sinal da internet, por conta do temporal, a atividade lúdica vai além e se torna mortal, uma vez que o sangue vai jorrando em sequência, naquela mansão. 

"Morte, morte, morte" não é somente um filme para aguçar os sentidos a respeito da descoberta de quem é o assassino da trama, mas vai além, sendo uma clara crítica sobre a dependência tecnológica. E, quando, inexiste, as pessoas nem mesmo sabem como interagir umas com as outras, no limite da tolerância. Tanto é que logo a história assume o lado "lavação de roupa suja" entre as grandes amigas e as acusações permitem "agir em nome do que cada um acredita".


A carnificina se faz ali, por conta de não estarem conectados -seja enquanto amigos, seres humanos e tecnologicamente, via celular. Tanto é que a primeira morte, que acelera a caça ao assassino, acontece em meio a completa estupidez -ao fim tudo é revelado. Contudo, os jovens não abandonam seus aparelhos, sempre os preservam nas mãos durante quase todo o filme. Cada um com o seu. O próprio mundinho? Talvez. 

É uma produção interessante de se assistir por lembrar a essência da saga "Pânico", considerando um dos cartazes. No filme há um destaque, que é a presença do ator Lee Pace, protagonista do seriado "Pushing Daisies" (Um Toque de Vida) e o elfo Thranduil da saga "O Hobbit". É ele quem interpreta Greg, uma espécie de tiozão do lugar, o representante da geração millennial, que, em menor quantidade, fatalmente sai perdendo com uma condenação automática. Vale a pena conferir "Morte, morte, morte"!


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


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