segunda-feira, 14 de novembro de 2022

.: Entrevista: Dado Pieczarcka alerta para os perigos da hiperconexão

Catarinense e influenciador, Dado Pieczarcka estreia na literatura com sci-fi juvenil que explora os efeitos de uma sociedade dependente da tecnologia. Foto: divulgação

Apesar de viver e trabalhar no meio digital, o publicitário e influenciador Dado Pieczarcka afirma que o marketing nunca foi uma grande paixão. Estar em contato direto com o mercado, porém, serviu para aproximá-lo ainda mais da principal área de interesse: como meios virtuais influenciam o comportamento humano.

O lançamento "Hiperconectados", sci-fi juvenil com enredo distópico, foi o ponto de partida para o catarinense falar do assunto na literatura. “Trabalhando na área pude conhecer de perto o mercado digital e todas as estratégias e ferramentas de manipulação. Os recursos estudados pela publicidade tradicional durante décadas agora ganhavam uma aplicabilidade muito mais prática e poderosa”, explica Dado.

Mais que uma história eletrizante, que passeia por um futuro bastante possível, o livro também é uma crítica aos passos dados pela humanidade com relação à tecnologia. "Hiperconectados" também dá nome a um canal nas redes sociais, no qual Dado produz e divulga semanalmente conteúdos relacionados ao tema. Confira abaixo a entrevista com o autor e saiba mais sobre a premissa deste lançamento.

Dado, o que te motivou a escrever o livro “Hiperconectados”?
Dado Pieczarcka -
Acredito que a maior pretensão durante o período de escrita foi um auto entendimento. Entender quem somos nós agora e porque temos determinadas ações que muitas vezes nos prejudicam e, mesmo assim, continuamos repetindo. “Hiperconectados” tem a ver com tentar despertar uma consciência. Primeiro em mim, e depois nos meus leitores. Entender que o mundo já não é mais o mesmo, que a revolução tecnológica traz, talvez, as maiores mudanças da história da humanidade. Mais do que uma guerra, mais do que revolução industrial. E, para piorar, em um período muito mais curto de tempo. Ou seja, sem tempo para adaptações.


Qual é a principal mensagem que o seu livro traz aos leitores? 
Dado Pieczarcka - 
“Hiperconectados” nunca foi pensado para ser apenas uma história. A ideia sempre foi causar um incômodo no leitor através da mensagem nas entrelinhas. Uma das minhas maiores referências veio do audiovisual: a série "Black Mirror". Ao final de cada episódio, me trazia o tipo de desconforto que eu queria causar com a minha obra, principalmente porque tratam do mesmo tema. A ideia foi construir uma fábula dos nossos tempos na qual o leitor pudesse terminar o livro com questionamentos; é uma crítica, uma mensagem, um paradoxo da vida pós-moderna.


A obra é uma ficção científica distópica, que lembra grandes produções como "Black Mirror". Como foi o processo de inspiração para a produção do seu livro?
Dado Pieczarcka - 
No livro "Sapiens", o autor  Yuval Noah Harari faz menção à capacidade de criar e acreditar em histórias, um dos principais atributos (se não o principal) para a "evolução" do homo sapiens e o desenvolvimento das sociedades. De fato, as histórias nos transcendem, nos iluminam, nos enchem de sonhos, de raiva. Elas conseguem alterar nosso estado de espírito em pouquíssimo tempo. Por isso, sou apaixonado por elas. Durante a criação do livro, eu transformava conceitos dos meus autores preferidos em metáforas, contextos, situações, objetos, nomes e traços de personagens.


Você tem um canal no Instagram que leva o mesmo nome do livro “Hiperconectados”. Por que decidiu levar este tema para além da literatura e abordar diariamente nas redes sociais?
Dado Pieczarcka - 
A escrita veio de um desejo de me manifestar, e isso aconteceu em 2014, quando a vida hiperconectada começou a entrar em cena. Os smartphones e a internet móvel se tornaram uma realidade na vida da maioria das pessoas, o Instagram e o Facebook viraram uma febre no Brasil, e com isso, as relações foram começando a tomar outra forma. Eu sempre percebi que isso me afetava. Estava claro para mim que o mundo não era mais o mesmo. E, de fato, os assuntos que mais incomodam acabam sendo aqueles que mais despertam sentimentos em nós. Como aquele político que detestamos, ou então aquela colega de classe insuportável. Nós falamos deles para nossos amigos, pensamos neles, nos incomodamos com suas presenças... Mas pouco nos dedicamos a tentar observar mais a fundo o motivo da aversão. Em 2017 eu finalmente comecei a estudar, ler, pesquisar e entender os comportamentos das pessoas nesse novo mundo conectado. Foi aí que entendi que a melhor maneira de manifestar minhas inquietações era através da escrita.


Você tem outros projetos literários em mente para o futuro? Se sim, já pode adiantar alguma novidade?
Dado Pieczarcka - 
Vou seguir escrevendo, até porque não existe outra opção. Gostaria de escrever uma continuação da história. Quem sabe uma trilogia. E no futuro, sem dúvida, explorar outros tipos de escrita e assuntos que também fazem minha cabeça.

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