sexta-feira, 14 de outubro de 2022

.: Zé Guilherme traz a força do Nordeste em forma de música


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Com mais de 20 anos de carreira e quatro discos lançados, Zé Guilherme, músico cearense de Juazeiro do Norte, radicado em São Paulo, traz a força do Nordeste em sua produção. O seu mais recente lançamento é o EP "Zé", com composições autorais que mostram a fonte de suas influências musicais.

"Zé" é um trabalho autoral que chegou às plataformas em novembro de 2021, sendo o primeiro EP da carreira de Zé Guilherme. Formado por composições que vão do pop ao maracatu, passando pelo samba e pelo xote, o EP é formado por: “Meu Querer” (xote que remete à sua raiz cultural nordestina); “Ao Vento” (de Zé Guilherme e Edson Penha, um xote marcado por bela melodia e sonoridade envolvente); “Esperar” (de Flakes e Zé Guilherme, um samba com contornos nostálgicos); “O Desejo de Voar” (samba-canção com poema de Rico Ayade musicado por Zé Guilherme) e “Vento-Criança” (de Zé Guilherme e Hang Ferrero, um maracatu em clima de ciranda com participação especial de Luana Mascari na gravação).

Como em seus trabalhos anteriores, Zé Guilherme mostra uma interpretação suave com aquele conhecido tempero nordestino no sotaque. Algumas composições têm a fonte nos ritmos tradicionais do Nordeste, mas não chegam a soar segmentadas. Pelo contrário. Se integram muito bem com a nossa MPB, inclusive com alguns elementos de pop. Tudo produzido meticulosamente, com esmero nos arranjos e nas performances dos músicos.

No show que vem fazendo pelo País, Zé Guilherme interpreta faixas do EP e canções de outros autores que dialogam com o seu trabalho. Canções como “Blues da Piedade” (de Frejat e Cazuza), “Perto Demais de Deus” (Chico César), “Tua Cantiga” (Chico Buarque e Cristóvão Bastos), “Era pra Ser” (Adriana Calcanhoto), “Adeus, Obrigado e Disponha” (PC Silva) e “Quando Fecho os Olhos” (Carlos Rennó), além de “Cesta Básica” (Cezinha Oliveira), gravada em seu disco Alumia.

Produzido por Cezinha Oliveira, esse EP traduz bem a trajetória de Zé Guilherme, desde Recipiente, CD que o lançou como intérprete, em 2000, até Alumia, que o consolidou como compositor, em 2018. É mais um talento que vem buscando seu espaço na nossa MPB, com um trabalho de extremo bom gosto e que merece ser descoberto pelo público.

"O Desejo de Voar"

"Meu Querer"

"Esperar"


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