Sucesso de público e de crítica, espetáculo que trata da amizade entre os escritores Franz Kafka e Max Brod, vividos por Maurício Machado e Anderson Di Rizzi, volta para São Paulo para as quatro últimas apresentações. Direção de Eduardo Figueiredo. Texto de Sérgio Roveri. De 6 a 9 de outubro, no Teatro J. Safra. Foto: Priscila Prade
Por Cris Fusco, em outubro de 2022.
O escritor Franz Kafka (1883-1924) é um dos grandes nomes da literatura universal. Grande parte da sua obra veio a público após a sua morte. E isso só foi possível graças a um outro escritor: Max Brod (1884-1968). Foi a ele que Kafka confiou seus escritos numa demonstração de confiança. Essa amizade entre os dois escritores é a inspiração de “Um Beijo em Franz Kafka”.
Kafka e Brod são vividos, respectivamente, por Maurício Machado (que recebeu em 2019 o prêmio nacional de melhor ator por sua performance como Kafka - Prêmio Nacional Cenym (ATEB - Academia de Artes no Teatro do Brasil) e por Anderson Di Rizzi (que também foi indicado como melhor ator coadjuvante no mesmo prêmio – onde seu último trabalho na TV foi a novela de enorme sucesso “A Dona do Pedaço”, de Walcyr Carrasco, na TV Globo).
A dramaturgia tem a assinatura de Sérgio Roveri, a direção é de Eduardo Figueiredo, com a participação do ator/bailarino, Thiago Pach, e música ao vivo interpretada por Ricardo Pesce no acordeon e piano, que faz referências criativas à obra de Kafka.
Kafka publicou em vida poucos de seus contos. Alguns deles foram “O Veredito”, em 1913, e “A Metamorfose” (que viria a tornar-se sua mais célebre obra), em 1915. Quando confiou seus escritos a Max Brod, Kafka fez a ele um pedido: que tudo fosse destruído. Tal incumbência foi expressamente feita numa carta endereçada a Brod - uma das muitas que o autor gostava de destinar ao amigo.
Max e Kafka se conheceram quando cursaram Direito, e o primeiro não demoraria a reconhecer o valor literário dos escritos do amigo. A recomendação de destruir tudo deve ter sido uma verdadeira (e crucial) escolha para Brod, que optou por não realizar o pedido do amigo. Tal decisão possibilitou às gerações seguintes conhecer obras-primas da literatura como “O Processo” e “Na Colônia Penal”. Essa última obra, ainda que sob o verniz da ficção, é o testemunho de um ambiente que o escritor conheceu bem.
Tanto que a peça faz, através de sua dramaturgia, esse recorte na vida de ambos. O encontro entre eles dá-se dias antes de Kafka ser internado num sanatório na Áustria. E isso permite a ambos fazerem uma série de reflexões acerca da vida, da vocação literária - que Kafka chegaria a chamar de “seu chamado” - e, claro, do elo que os unia: a amizade.
E a narrativa é entremeada de referências e de citações aos escritos de Kafka, sejam eles sua ficção ou as muitas cartas trocadas por ele com variados interlocutores. Outros elementos são usados para ilustrar a riqueza psicológica desse escritor. O bailarino Thiago Pach personifica, num segundo plano, alguns dos personagens e pensamentos do escritor. Já a trilha original, criada por Guga Stroeter e Matias Capovilla, é executada ao vivo por Ricardo Pesce, que se divide entre o piano e o acordeom.
Do século XX aos dias atuais, Franz Kafka inspirou, através de sua obra, muitos indivíduos a fazerem da escrita um meio de expressão. Homens e mulheres no mundo todo. Podemos citar como exemplos nomes como o franco-argelino Albert Camus, o francês Jean-Paul Sartre, além do português José Saramago e dos latino-americanos Vargas Llosa e Gabriel Garcia Márquez - tendo este sido agraciado com o Nobel de Literatura. No Brasil, podemos citar Clarice Lispector e, mais recentemente, João Ubaldo Ribeiro e Rubem Fonseca.
Mas foi Max Brod o primeiro - ou um dos primeiros, melhor dizendo - a reconhecer no amigo sua vocação para criar histórias geniais. E essa relação foi construída não só tendo por pilar o gosto pela literatura. Foi fundamentada também por valores como lealdade e generosidade. Valores dos quais muitos andam distantes nesses tempos de cizânia e intolerância. Que o teatro então os resgate!
Ficha técnica
"Um Beijo em Franz Kafka"
Texto: Sérgio Roveri
Direção: Eduardo Figueiredo
Elenco: Anderson Di Rizzi e Maurício Machado
Músico: Ricardo Pesce
Bailarino: Thiago Pach
Direção musical e trilha original: Guga Stroeter e Matias Capovilla
Preparação corporal e movimento cênico: Roberto Alencar e Renata Aspesi
Cenário e figurinos: Kleber Montanheiro
Visagismo/maquiagem: Armando Filho
Boneco e máscaras: Anie Welter
Desenho de luz: Paulo Denizot
Fotografia: Priscila Prade
Programação visual: Vitor Vieira
Assistente de direção: Alex Bartelli
Estagiária de direção: Mariana Amâncio de Sousa
Produção executiva: Paulo Travassos
Assistente de produção executiva: Vinícius Marques
Administração: Paulo Paixão
Financeiro: Thaiss Vasconcellos
Leis de incentivo: Renata Vieira
Consultoria teórica: Prof. Sênior Pós-Doutora Celeste H. M. Ribeiro de Sousa
Programa de Pós-Graduação em Língua Alemã – USP
Realização e produção: manhas & manias projetos culturais
Produção Local Belo Horizonte: Little John Entretenimento
Serviço:
"Um Beijo em Franz Kafka"
Texto: Sérgio Roveri
Direção: Eduardo Figueiredo
Elenco: Anderson Di Rizzi e Maurício Machado
Temporada: de 6 a 9 de outubro - de quinta a domingo
Quinta, sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 20h.
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos
Ingressos on-line: https://www.eventim.com.br/artist/um-beijo-em-franz-kafka/?affiliate=JSA
Bilheteria
Quartas e quintas, das 14h às 21h. Sextas, sábados e domingos, das 14h até o horário dos espetáculos.
Aceita os cartões de débito e crédito: Amex, Dinners, Elo, Mastercard, Visa e Hipercard. Não aceita cheques. Telefone da bilheteria: (11) 3611-3042 | 3611-2561
Teatro J. Safra
Endereço: Rua Josef Kryss, 318 - Barra Funda - São Paulo
Telefone: (11) 3611-3042 | 3611-2561
Abertura da casa: 2 horas antes de cada horário de espetáculo, com serviço de lounge-bar no saguão do Teatro.
Capacidade da casa: 627 lugares
Acessibilidade para deficiente físico
Estacionamento: Valet Service (Estacionamento próprio do Teatro) - R$ 30
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