.: Crítica teatral: "O Pior de Mim" mostra o melhor de Maitê Proença
Pela primeira vez em São Paulo, no Teatro Uol, o monólogo “O Pior de Mim”, tem texto e atuação de Maitê Proença e direção de Rodrigo Portella. Em cena, a atriz parte de histórias pessoais para falar de todas as histórias e dores do passado. Na imagem, a atriz em cena. Foto: Dalton Valério
Uma atriz que não tem receio de mostrar as imperfeições. Esta é Maitê Proença em "O Pior de Mim", uma peça que mistura autobiografia com mágoa, poesia com realidade, simetria com imperfeições. Em cartaz às sextas-feiras e sábados no Teatro Uol, em São Paulo, a peça teatral se baseia em uma tragédia pessoal vivenciada pela artista. Um crime bárbaro e uma sobrevivente recolhendo os cacos ao longo da vida.
O texto serve como pano de fundo para que a intérprete revele o que é por dentro e isso, retiradas as camadas da pele, é o que sobra de qualquer ser humano. Ao longo de mais de uma hora, que parecem minutos, Maitê se revela sem máscaras em uma espécie de ritual. Não é mais uma atriz que está no palco no alto de sua soberania, nem uma artista inacessível, mas uma mulher disposta a enfrentar a própria vulnerabilidade.
Para esgotar a própria raiva, ela se despe de qualquer vaidade ou filtro. Ao verbalizar o ódio, Maitê Proença consegue conduzir o público a um caminho que fala de afetos, o melhor da atriz e, por sua vez, a parte mais sublime da intérprete. No palco, há alguém que não tem medo, ou vergonha, de acessar o que pode ser visto de feio nela. Enfrenta, revela-se e arrebata o público.
Há um encantamento em torno da figura de Maitê Proença e uma espécie de surpresa ao vê-la tão entregue em um texto tão revelador, escrito por ela mesma, sob a direção sensível de Rodrigo Portella, que a mostra em diversos ângulos e projeções, como um reflexo que desconstrói o mito de Narciso, mas faz refletir sobre a autoimagem. Também existe doçura, e ódio, e gritos que ecoam ao longo de todas as falas, mesmo as aparentemente mais tranquilas. Ali está uma mulher com raiva curando as próprias dores no palco, tendo a generosidade de dividir com o público a própria dor e, também, conduzindo o público a uma catarse coletiva.
"O Pior de Mim" é a face mais corajosa de Maitê Proença. Até mais do que quando ela se expõe nos textos. Verborrágica, intensa, visceral e, sobretudo, um ser de verdade - desconstruído de qualquer afetação. Mulheres assim movem o mundo. Assistir ao espetáculo é, sem dúvida, uma experiência libertadora.
Ficha técnica Espetáculo: "O Pior de Mim" Texto e Atuação: Maitê Proença Direção e concepção cênica: Rodrigo Portella Diretor Assistente: Ritcheli Santana Ator/Câmera: Renato Krueger Direção musical: Marcello H. Produção: Rodrigo Velloni Produção executiva: Swan Prado Realização: Velloni Produções Assessoria de imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
Serviço Espetáculo: "O Pior de Mim" Estreia: sexta-feira, dia 9 de setembro, às 21h Teatro Uol - Shopping Pátio Higienópolis - Piso Terraço Avenida Higienópolis, 618 - São Paulo Telefones: (11) 3823-2323 / 3823-2423 / 3823-2737 Horários: sextas-feiras, às 21h, e sábados, às 20h Ingressos: sexta R$ 90 (setor A) e R$ 60 (setor B); sábado R$ 120 (setor A) e R$ 80 (setor B) / Onde comprar: www.teatrouol.com.br ou na bilheteria do teatro Gênero: confessional Duração: 60 min / Capacidade: 300 espectadores / Classificação indicativa: livre / Temporada: até 27 de novembro
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