segunda-feira, 12 de setembro de 2022

.: Clássico "Geografia da Fome" volta em nova edição e continua atual

Traduzido para mais de 25 idiomas, um clássico fundador dos estudos sobre a fome. Nesta nova edição: texto de apresentação de Milton Santos e prefácio de Silvio Almeida. 

Quando o livro "Geografia da Fome" foi lançado, em 1946, o país passava por um processo de redemocratização após a ditadura do Estado Novo e tentava enfrentar suas fraturas mais evidentes. Decorridos mais de 70 anos, é doloroso notar como elas se aprofundaram. Basta lembrar que, em 2022, 33 milhões de pessoas ainda passam no fome no país. Traduzido para mais de 25 idiomas, o clássico volta em nova edição pela editora Todavia, com texto de apresentação de Milton Santos e prefácio de Silvio Almeida.

Josué de Castro denuncia na obra a fome coletiva como um fenômeno social presente em todos os continentes, com foco no Brasil, defendendo que ela é decorrente dos sistemas econômicos e sociais, não de condições climáticas, argumento que amplia o escopo do debate sobre as raízes do subdesenvolvimento. Considerando como regiões de fome aquelas em que ao menos metade da população apresenta carências de nutrição evidentes, o autor divide o país em cinco áreas definidas por seus hábitos alimentares, identificando as que vivem em estado de fome crônica - endêmica ou epidêmica - e as que apresentam quadro de subnutrição.

O autor pesquisou o tema da nutrição no Brasil desde o início da década de 1930, quando trabalhava como médico em uma fábrica no Recife. Após transferir-se para o Rio de Janeiro, atuou no desenvolvimento de políticas públicas ligadas à alimentação. Presidente da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), deputado federal por Pernambuco em duas legislaturas e mais de uma vez cotado para o prêmio Nobel, teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar, em 1964. Você pode comprar o livro "Geografia da Fome", de Josué de Castro, neste link.


Sobre o autor
Josué de Castro
nasceu em 1908, no Recife. Médico especialista em nutrição, geógrafo e professor, foi embaixador do Brasil na ONU. Morreu no exílio, em Paris, em 1973.

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