Por Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.
O menino me olhou de um jeito enquanto eu passava no corredor do ônibus. Ele me analisou por inteiro enquanto olhava nos olhos e senti arte naquele olhar. Pura, sintética, metafísica e destemida.
Não sei se me devorou ou me mediu com olhos que eram um mistura de mistério, surpresa, encanto ou descontentamento. Mas eram olhos carnívoros e tanto que nunca vi antes. E me vi refletido naquele olhar por milésimos de segundo, e me apaixonei.
Por mim ou pela minha alma desnudada. Gostei de me ver refletido em olhos estranhos, escuros, nítidos, sinceros e metalinguísticos. Fosse Capitu homem estaria representada no olhar daquele menino. Mas não era. E me procurou novamente para me demolir ou me acolher antes de descer da condução. Era.
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