Dona Mirna Cia. de Arte apresenta o musical infantojuvenil com direção de Mayla Fernandes e texto de Yuri Garcia. Peça transporta personagem clássico de Miguel de Cervantes para São Paulo e lança olhar crítico para os heróis nacionais. Foto: Fernando Diniz
O ETA (Estúdio de Treinamento Artístico), um dos apoiadores do espetáculo, recebe a Dona Mirna em seu teatro após quatroanos do processo de conclusão do curso profissionalizante, sendo o coletivo um exemplo vivo do resultado da proposta filosófica e pedagógica de formação de atores e grupos da Instituição.
O trabalho tem direção de Mayla Fernandes e dramaturgia e composições originais de Yuri Garcia, que também está no elenco ao lado de Carol Honorato, Clau Ålvěs̈, Gabriel Daves, Luiz Fernando Oglou, Samuel Moraes, Waltinho Ribeiro. E quem interpreta ao vivo as canções e assinam os arranjos são Joab Souza e Ivan Santos.
O musical transporta as aventuras do famoso cavaleiro da triste figura criado por Miguel de Cervantes para um espaço lúdico paulistano, estabelecendo uma relação de contraste e crítica entre a São Paulo do século 21 e uma visão romântica sobre as realizações dos Bandeirantes, construída pelos livros didáticos e outras obras que costumavam exaltar essas figuras como heróis nacionais.
Na trama, "Dom Quixote de La Sampa" é um valente senhor desmiolado e, junto de sua fiel escudeira, uma jovem em situação de rua chamada Sancha Trampa, anda pela cidade de São Paulo procurando grandes aventuras. Porém, depois de ler inúmeros livros de cavalaria, o homem já não consegue diferenciar realidade e fantasia, enxergando monstros em máquinas, ogros em escavadeiras e até feiticeiros em pessoas comuns.
Diante de uma grande injustiça contra a preservação da natureza em SP, o velho senhor constrói uma máquina do tempo e parte em uma missão heroica com a proposta de acabar com um terrível feitiço chamado urbanização. Essa dupla atrapalhada visita momentos marcantes para a história de São Paulo, como a inauguração da primeira ferrovia em terras paulistas; a contraditória Guerra dos Emboabas e o grito de Independência do Brasil às margens do Ipiranga.
A ideia da montagem é problematizar, de forma divertida e leve, a construção de símbolos e arquétipos heroicos na cultura popular. “Esses símbolos moldam e ajudam a formar as nossas maneiras de pensar e agir, mas muitas vezes criam a sensação de que essas figuras eram seres intangíveis e não suscetíveis ao erro. Partindo desse pensamento, Dom Quixote de La Sampa é construído como a representação de um homem preso à uma idealização de mundo, de conceitos morais polarizados e um referencial heroico contraditório. Tudo isso será confrontado pela realidade de uma cidade tomada pelo imediatismo, urbanização extrema e descaso ambiental”, explica a companhia.
Sobre a Dona Mirna Companhia de Arte
A Dona Mirna Companhia de Arte é um coletivo de teatro sediado na Rua Albion, no bairro da Lapa, em São Paulo, originado pelo processo de formação de grupos do Estúdio de Treinamento Artístico (ETA).
Desde sua fundação, em 2015, o grupo estreou os espetáculos “O Morro dos Ventos Uivantes” (2016), adaptação de Emily Brontë; “Pelos Olhos de Alice” (2016), inspirado no romance de Lewis Carroll; “Romeu e Julieta Soneto” (2018), a partir da obra de Shakespeare; “O Pequeno Príncipe”, baseado na obra de Antoine de Saint-Exupéry (2019) e o digital “O Antropovírus e Suas Fake News” (2021), de Yuri Garcia.
Leia+
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Ficha técnica
Diretora: Mayla Fernandes
Texto e letras: Yuri Garcia
Assistente de direção: Carol Honorato
Diretor musical: Ivan Santos e Yuri Garcia
Arranjos musicais: Joab Souza, Ivan Santos, Samuel Moraes e Yuri Garcia
Cenógrafo: Djalma Junior
Figurinista: Luiz Fernando Oglou
Visagista: Gabriel Daves
Elenco: Carol Honorato, Clau Ålvěs̈, Gabriel Daves, Luiz Fernando Oglou, Samuel Moraes, Waltinho Ribeiro e Yuri Garcia
Músicos: Joab Souza, Ivan Santos e Samuel Moraes
Preparadora vocal: Luma Garcia
Operador de luz: Bruno Emanuel
Serviço
Dom Quixote de La Sampa e a Máquina do Tempo, da Dona Mirna Companhia de Arte em parceria com o Estúdio de Treinamento Artístico (ETA).
Temporada: Sábados e Domingos de agosto às 16 horas;
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão.
Classificação: livre
Duração: 75 minutos
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