sábado, 9 de julho de 2022

.: Díptico que reúne no palco do Sesc Pompeia quatro gerações de artistas

Estreia em 9 de julho, sábado, no Teatro Sesc Pompeia - "As Três Irmãs e a Semente da Romã", um díptico que reúne no palco quatro gerações de artistas. Com Walderez de Barros, Antônio Petrin, Sérgio Mamberti (participação especial em vídeo), Walter Breda, Ondina Clais, João Vasconcellos, Eduardo Estrela, Maria Manoella e Luiz Carlos Vasconcelos, Luciano Gatti, Lucia Bronstein, Miriam Rinaldi, Marcos Suchara, Rodrigo Fidelis e Conrado Costa. Direção de Marina Nogaeva Tenório e Ruy Cortez. Foto: Ale Catan 


Nestes tempos conturbados de mudança, o que iremos levar conosco para passar às gerações futuras e o que deixaremos para trás? O que é essencial para nós e de que teremos que abrir mão? Essas são algumas das questões que nortearam as investigações dessas duas montagens que, após o longo período pandêmico, mudanças e perdas irreparáveis, serão encenadas presencialmente, conforme a concepção original, entre os meses de julho e agosto.

Duas peças autônomas encenadas simultaneamente no palco projetado por Lina Bo Bardi para o Teatro do Sesc Pompeia, capaz de abrigar duas plateias distintas. Em um dos lados, a plateia acompanha a encenação de "As Três Irmãs", uma das obras-primas de Anton Tchekhov. A segunda plateia, localizada “nas coxias”, do outro lado, assiste ao que seriam os bastidores da primeira. Essa coxia teatral, construída em sincronia com "As Três Irmãs", é a encenação da peça "A Semente da Romã", obra inédita de Luís Alberto de Abreu, um dos mais reconhecidos dramaturgos brasileiros contemporâneos.

Os espetáculos funcionam de forma autônoma e só podem ser vistos pelo público em dois dias diferentes, ou seja, a simultaneidade é somente para os atores. O público pode escolher se vai assistir as duas peças ou apenas uma, sem prejuízo da experiência estética. “As peças, embora sejam obras autônomas, dialogam entre si: enquanto a primeira reflete as discussões e os sonhos de uma classe sobre sua própria vida e seu papel na sociedade russa do início do século XX, a segunda lança o olhar para a vida das pessoas de teatro e para o significado do próprio teatro na sociedade brasileira atual”, diz Ruy Cortez.

Um díptico que engaja quatro gerações de artistas e que aprofunda as relações entre memória e utopia contidas tanto no clássico moderno russo, quanto no contexto brasileiro contemporâneo, nos colocando diante das questões: qual o papel da arte, e especificamente do teatro, como um lugar de criação de um sonho partilhado, um meio de preservação da memória e do imaginário coletivo? E, sobretudo: “qual é o futuro comum que desejamos? Nesse mundo que iremos escolher, haverá algum lugar para a experiência acumulada do passado? Para a memória dos mais velhos? Para as vozes que foram silenciadas por séculos?”, acrescenta Marina Nogaeva Tenório.

O texto inédito "A Semente da Romã" reúne em cena três gerações de atores, que estão nos bastidores do último dia de apresentação de As Três Irmãs. Enquanto esperam suas entradas, esses atores refletem sobre a situação política e cultural do país, sobre o futuro da arte, do teatro e de suas próprias vidas, criando uma fina trama entre as proposições do texto de Tchekhov e a sua realidade.

“Em relação às 'Três Irmãs', 'A Semente da Romã' funciona como o 'avesso da obra', evidenciando a tessitura de que é feita, as aspirações, sonhos, desilusões e paixões humanas dos próprios artistas que a realizam”, complementam os diretores.

Embora em alguns momentos discuta questões análogas ao texto de Tchekhov, aqui o olhar se dá a partir da perspectiva do que é o próprio fazer teatral, do que o teatro representa enquanto lugar da imaginação e da utopia e, ao mesmo tempo, do trabalho exaustivo, da frustração e do sacrifício. Em outras palavras, A Semente da Romã discute o que é ser artista de teatro no Brasil.

"Todos os integrantes desse projeto continuam nessa travessia. Testemunham como o valor da vida humana e o valor da arte, da educação e da cultura estão sendo colocados em xeque enquanto lugares de afirmação do próprio sentido da vida. E não se pode negar o fato de que o teatro reflete, como um microcosmo, todas as crises vividas pela sociedade de cada tempo”, acrescenta Marina Nogaeva Tenório.

Acredita-se também que é precisamente nesses períodos turbulentos que ressurgem valores esquecidos que podem servir como caminho orientador nessa travessia. Dentre esses valores, destacam-se questões do feminino, como a resiliência, a potência e a liberdade, temas essenciais de "As Três Irmãs" e "A Semente da Romã”.


"A Semente da Romã"
Durante a apresentação da peça "As Três Irmãs", seis atores coadjuvantes vivem nos bastidores conflitos pessoais, profissionais e mesmo existenciais enquanto esperam a entrada em cena.  Alguns desses conflitos dialogam com as questões dos personagens de Tchekhov que estão em cena, outros são relacionados com o sentido da arte e as dificuldades da profissão. Outros ainda dizem respeito às relações familiares, dificuldades financeiras e conflitos entre os elementos do grupo. 


"As Três Irmãs"
Uma das mais importantes, complexas e polifônicas obras de Antón Tcheckov ganha tradução inédita da do original feita por Marina Nogaeva Tenório e Ruy Cortez. Em meio a uma sociedade tacanha, as três irmãs Irina, Macha e Olga, idealizam Moscou como o lugar onde haviam passado uma infância feliz, e anseiam voltar para lá; porém, por algum motivo, o projeto é sempre adiado.


Companhia da Memória e a pentalogia do feminino
A transposição para a cena de obras literárias, a recriação de clássicos da dramaturgia, a criação e encenação da dramaturgia brasileira contemporânea, a investigação da metodologia do teatro psicofísico para o trabalho do ator e a pesquisa de uma encenação transdisciplinar tem sido algumas das marcas do trabalho da companhia ao longo de mais de dez anos de existência. 

 Em suas três obras iniciais, a Companhia da Memória dedicou-se ao estudo da linhagem patriarcal, explorada como força fugidia em “Rosa de Vidro” (2007), como força castradora em “Nomes do Pai” (2010) e interrompida através do ato parricida nos três espetáculos que compunham a obra “Karamázov” (2014).

Em 2016, a Companhia inicia a Pentalogia do Feminino, projeto artístico concebido por Ondina Clais e Ruy Cortez. Neste conjunto de espetáculos, a Companhia se volta à investigação da linhagem matriarcal e dos arquétipos femininos a partir de cinco obras com temas autônomos, que se desdobram e se entrelaçam sob a perspectiva do feminino. 

"As Três Irmãs" e "A Semente da Romã" integram a pentalogia. Antes delas, vieram à luz o monólogo “Katierina Ivânovna - K.I.” (2017), estrelado por Ondina Clais e baseado na personagem do romance “Crime e Castigo”; a peça “Punk Rock” (2018), do dramaturgo inglês Simon Stephens; e “Réquiem para o Desejo” (2018), uma recriação da obra “Um Bonde Chamado Desejo” de Tennessee Williams, com dramaturgia inédita de Alexandre Dal Farra.


Ficha técnica
Texto "As Três Irmãs": AntonTchekhov
Texto "A Semente da Romã": Luís Alberto de Abreu
Tradução de As Três Irmãs:
Marina Nogaeva Tenório e Ruy Cortez
Atuação "As Três Irmãs": Ferapont  (Antonio Petrin), Anfissa (Walderez de Barros), Tchebutíkin (Walter Breda), Olga (Ondina Clais), Verchínin (Luiz Carlos Vasconcelos), Masha (Miriam Rinaldi), Kuliguin (Eduardo Estrela),  Irina (Lucia Bronstein),   Tusenbach (Marcos Suchara), Natasha (Maria Manoella), Andrei (Luciano Gatti), Soliôni (Rodrigo Fidelis), Fedótik (João Vasconcellos) e Rodê (Conrado Costa).
Atuação "A Semente da Romã": Guilherme Sérgio Mamberti (participação especial em vídeo), Ariela (Walderez de Barros), Raul (Antonio Petrin), Katia (Ondina Clais), Díon (João Vasconcellos), Tônia (Maria Manoella) e Augusto (Eduardo Estrela).
Direção: Marina Nogaeva Tenório e Ruy Cortez
Cenografia: André Cortez
Figurino: Fábio Namatame
Iluminação: Nicolas Caratori
Composição original: Thomas Roher
Sonoplastia: Aline Meyer
Design Sonoro: André Omote
Vídeo Arte: Manoela Rabinovitch
Mapping: Fernando Timba
Pesquisa videográfica (A Semente da Romã): Álvaro Machado
Identidade visual e design: Beatriz Dorea e João Marcos de Almeida
Fotografia: Ale Catan
Registros audiovisuais: Renata Pegorer e Yghor BoyAssessoria de Imprensa: Adriana Monteiro
Mídias sociais: Ofício das Letras
Assistente de direção: Conrado Costa
Assistente de produção: Júlia Tavares
Assistente de cenografia: Stéphanie Frentin
Assistente de iluminação: Marcel Rodrigues
Assistente de figurinos: André Von Schimonsky
Diretor de palco: Ronaldo Dias
Contrarregragem: Júlia Tavares e Conrado Costa
Programador e 1º operador de luz: Diego Rocha
2º operador de luz: Olivia Munhoz e Cynthia Monteiro
Operador de aúdio 1: Anderson Franco
Operador de áudio 2: Kleber Marques
Operador de vídeo 1: Aline Almeida
Operador de vídeo 2: Fagner Lourenço
Modelista: Juliano Lopes
Costura: Fernando Reinert e Maria José de Castro
Cesta de Flores ("As Três Irmãs"): Mira Haar
Colagens ("As Três Irmãs"): Sheila Kruger
Direção de produção: Gabi Gonçalves
Produção executiva: Carol Buček
Idealização: Companhia da Memória (João Vasconcellos, Marina Nogaeva Tenório, Ondina Clais e Ruy Cortez)
Produção: Companhia da Memória e Núcleo Corpo Rastreado

Serviço:
De 9 de julho a 7 de agosto
Dia 9 de julho é feriado e por isso a apresentação é as 18h, a estreia.
De quinta a domingo, às 20h e às 18h (domingos e feriados).

"A Semente Da Romã" com Cia. da Memória
Duração:
180 minutos, com intervalo de 10 minutos
14 anos
Atividade presencial
R$ 12 - Credencial Plena
R$ 20 - Meia-entrada
R$ 40 - inteira
Local: Teatro do Sesc Pompeia
Ingressos à venda em sescsp.org.br/pompeia

"As Três Irmãs" com Cia. da Memória
Duração: 
180 minutos, com intervalo de 10 minutos
14 anos
Atividade presencial
R$ 12 - Credencial Plena
R$ 20 - Meia-entrada
R$ 40 - inteira
Local: Teatro do Sesc Pompeia
Ingressos à venda em sescsp.org.br/pompeia


Estacionamento
O Sesc Pompeia não oferece serviço de estacionamento próprio. O convênio para desconto no estacionamento Via Mais, localizado no subsolo do Supermercado Sonda (unidade Vila Pompeia – Rua Carlos Vicari, 155, esquina com a Rua Clélia), pode ser validado na bilheteria do Sesc Pompeia. O período para uso até duas horas custa R$ 14, sendo que as horas adicionais possuem acréscimo de R$ 3 por hora.

Bilheteria
Nas bilheterias, é possível comprar ingressos para a programação de shows, espetáculos e cursos das unidades do Sesc São Paulo, do Bar Café, almoço e cardápio noturno. O horário de funcionamento da bilheteria é de terça a sábado, das 10h às 21h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h30.

O espaço tem duas plateias (lados par e ímpar) e galerias superiores não numeradas. Sua capacidade é de 774 lugares. Por motivo de segurança, não é permitida a permanência nas galerias, de menores de 12 anos, mesmo acompanhados dos pais ou responsáveis.


Assista também aos processos de concepção de "As Três Irmãs" e "A Semente da Romã" "minidoc.processo" e "minidoc.monólogos"




0 comments:

Postar um comentário

Deixe-nos uma mensagem.

Tecnologia do Blogger.