quinta-feira, 14 de julho de 2022

.: Crítica: "Peter Von Kant" é sobre o descarte das relações

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2022 


Um diretor de cinema de sucesso extremamente egocêntrico que entra em crise ao ser descartado. Assim poderia ser resumido em poucas palavras o longa dirigido por François Ozon e exibido nas telonas da Rede de Cinemas Cineflix durante o Festival Varilux de Cinema Francês"Peter Von Kant". A produção é uma adaptação da peça de Rainer Werner Fassbinder, "The Bitter Tears of Petra von Kant", em português "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", também adaptada para um filme lançado em 1972, com o gênero do protagonista alterado.

O drama francês protagonizado por Denis Menochet é sobre o cultivo de relações. Para tanto, primeiramente, o público conhece Karl (Stefan Crepon), o assistente sempre humilhado que não abre a boca para falar um "a", em agradecimento ou para reclamar. É ele quem abre as cortinas para que a trama dê luz para Peter Von Kant (Denis Menochet), um homem excêntrico e cheio de vontades. Muito bem cumpridas pelo fiel Karl.


Contudo, a visita da amiga, musa do diretor e estrela de cinema, Sidonie (Isabelle Adjani) traz um alguém de interesse para Von Kant: Amir (Khalil Ben Gharbia). Inicialmente, parece que a relação amorosa de Peter e Amir causa um ciúme incontrolável em Karl. No entanto, com o passar da 1h26 de duração, o mordomo não dá uma palavra e, mesmo sem fala, consegue colocar em cena um personagem marcante com direito a uma despedida capaz de sacudir a trama e agitar a quem assiste a tudo do outro lado da telona.

"Peter Von Kant" não é somente sobre a relação conturbada entre o protagonista e a jovem estrela do meio cinematográfico, Amir, rapaz casado que deixa a esposa em outro país para agarrar uma oportunidade. O longa de François Ozon estampa na telona a toxicidade manipuladora de Kant também com o fiel assistente, a musa Sidonie, além do tratamento assombroso que o diretor dá para Rosemarie, a mãe (interpretada por Hanna Schygulla que participou do filme de 1972 como Karin Thimm) e a própria filha, Gaby, uma jovem que está diante do amor.

No fim, fica a provocação sobre o descartar das pessoas que, de uma forma ou de outra, fazem parte do convívio. Para ele, "todo mundo pode ser substituído" (como dizia o texto de 1972). Contudo, quando é Peter Von Kant quem sofre o descarte há cenas de chiliques com louça quebrando e crises existenciais. As sistemáticas humilhações de "Peter Von Kant", lançam provocações enquanto garantem um alívio cômico no melodrama. Vale a pena conferir!



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Filme: "Peter Von Kant" ("Peter Von Kant")

Duração: 1h26

Gênero: drama, comédia

Diretor: François Ozon

Ano de produção: 2022

Classificação: 16 anos

Distribuidora: Bonfilm

Elenco: Isabelle Adjani (Sidonie), Denis Menochet (Peter von Kant), Stefan Crepon (Karl), Hanna Schygulla (Rosemarie), Khalil Ben Gharbia (Amir Ben Salem), Aminthe Audiard (Gaby)


Mary Ellen Farias dos Santos, editora do portal cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

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