terça-feira, 5 de julho de 2022

.: Crítica: "Contratempos" luta contra o tempo que escorre pelos dedos

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2022 


"Contratempos", em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês, na Rede de Cinemas Cineflix, é o drama do cotidiano da francesa Julie (Laure Calamy). Mãe de um menino e uma menina, que trabalha longe de casa, em Paris, no cargo de camareira de um luxuoso hotel. Mesmo sendo líder da equipe, a ocupação está distante de sua formação. Não há como escapar impune à cena em que ela empunha uma lavadora de alta pressão após um astro da música deixar o banheiro em estado deplorável. Excesso de humilhação, que depois, a chefe consegue piorar questionando o modo de limpeza escolhido.

Sem apoio financeiro e afetivo do ex-marido no cuidado com os filhos, ela precisa apostar todas as fichas na chance que tem de ingressar numa gigante corporação que corresponde às suas aspirações. Contudo, uma greve no transporte a faz embarcar numa alucinante corrida para dar conta dos afazeres rotineiros e ainda estar impecável na entrevista de emprego. À beira de um colapso, Julie expõe a completa solidão e a frustração das batalhas quase perdidas extravasadas em xingamentos. Quem nunca?!

O longa dirigido por Eric Gravel apresenta em 1h28 um recorte do cotidiano de uma protagonista que precisa se desdobrar para cumprir prazos e horários, por morar distante do ambiente de trabalho. Na correria de Julie para contornar os percalços que todo dia lhe oferta, é fácil o público criar um elo com ela, que retrata perfeitamente uma trabalhadora. Nesse thriller social é certo torcer muito pelo sucesso dela.

Embora as características de uma guerreira estejam presentes e estabeleçam uma rápida identificação, "Contratempos" é uma produção francesa, o que deixa a todo tempo uma dúvida sobre o que poderá acontecer com Julie e seus filhos, uma vez que conta com uma senhora, em idade avançada, para ser babá. Entre os altos e os baixos constantes da protagonista fica difícil adivinhar o desfecho da epopeia da heroína de uma sociedade que tanto exige, mas pouquíssimo dá em retorno. 

Ao acompanhar o drama de Julie, o público transita entre o centro de Paris até as áreas mais periféricas. No entanto, entre os lugares de destaque está o "Jardin d'Acclimatation", lugar que as crianças "sopram" no início do filme como desejo de visita e que, quando surge na telona, acrescenta a "Contratempos" um visual belíssimo -além de despertar interesse no público em conhecer o local. Vale a pena assistir esse drama!

Em parceria com a rede Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - uma oportunidade para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.



Filme: "Contratempos" ("À Plein Temps")

Duração: 1h28

Gênero: drama, ficção

Diretor: Eric Gravel

Ano de produção: 2021

Classificação: 14 anos

Distribuidora: Bonfilm

Elenco: Laure Calamy (Julie Roy), Lucie Gallo (Jeanne Delacroix), Anne Suarez (Sylvie), Cyril Gueï (Vincent), Geneviève Mnich (Madame Lusigny), Agathe Dronne (Sophie)


Mary Ellen Farias dos Santos, editora do portal cultural www.resenhando.com. É jornalista, professora e roteirista. Twitter: @maryellenfsm

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