quarta-feira, 13 de julho de 2022

.: Clássico de Molière, "O Doente Imaginário" estreia no Teatro Viradalata


Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Magazine Luiza eTheatron apresentam "O Doente Imaginário", com Luiz Damasceno como a criada, clássico de Molière fará temporada no Teatro Viradalata. Direção de Maria Eugênia De Domenico e André Kirmayr, a montagem  da obra tem músicas especialmente compostas. No figurino, a brincadeira criativa mescla o clássico ao contemporâneo. Foto: Heloisa Bortz.


Com participação especial do ator Luiz Damasceno como a governanta Toinette, a última e uma das peças mais famosas de Molière (1622-1673), "O Doente Imaginário", estreia nova montagem dia 14 de julho no Teatro Viradalata. Pesquisa, adaptação e concepção de direção de Maria Eugênia De Domênico, o espetáculo tem direção artística de André Kirmayr, música e direção musical de Tato Fischer, cenografia e figurinos de Kleber Montanheiro, iluminação de André Grynwask, produção, atuação e parceria na adaptação de Marcos Thadeus. Serão 12 sessões, incluindo três com intérprete de libras e uma com audiodescrição. A temporada é de quinta a sábado às 20:30h e domingo às 19h até o dia 31 de julho.

A montagem do clássico texto, escrito em 1673, traz no elenco, além de Damasceno, os atores Marcos Thadeus (Argan), Nathalia Kwast (Angélica), Paulo Olyva (Senhor Boafé e Beraldo), Paulo Bergstein (Fleurant e Dr. Purgon), Giovani Tozi (Cleanto), Felipe Calixto (Thomas Diaforius), Alexia Twister (Beline) e Jorge Primo (Senhor Diaforius).  

Já bem doente quando escreveu a obra, no mesmo ano de sua morte, o gênio da literatura universal, um dos maiores destaques do teatro francês no século 17, Jean-Baptiste Pocquelin, sofreu uma hemoptise (crise de tosse com sangue provocada pela tuberculose avançada, na época não existia vacina a doença) durante a semana da estreia em Paris, em fevereiro de 1673. E faleceu logo em seguida em sua casa, durante o carnaval, assistido por duas freiras que ele hospedava em sua residência. Elas estavam na cidade para iniciarem os cerimoniais litúrgicos da Quaresma. Era apoiado por Luiz XIV, que admirava suas farsas e comédias. Le Malade Imaginaire, no original, tem música de Marc-Antoine Charpentier (1643-1704).

A divertida intriga criada por Molière parte do conflito entre a autenticidade e a hipocrisia. No centro da trama está Argan, figura ao mesmo tempo simpática e detestável, um senhor hipocondríaco, egoísta, rabugento e, muito de vez em quando, simpático. Ele tem um médico e um farmacêutico que se aproveitam da situação e não ousam contrariar seu rico paciente que tem investido altos valores em suas consultas e remédios, dando corda e fazendo-o acreditar que, de fato, é um doente incurável. A governanta da casa, Toinette, tem certeza de que Argan é completamente saudável. Para economizar em suas consultas, Argan deseja que sua filha Angélica se case com o filho do médico, também doutor.

De acordo com Luiz Damasceno, sua personagem, a governanta, é impertinente, sabe o que quer e, de certa maneira, conduz o comportamento do Argan. “Finge que não, mas é ela quem comanda, criando artimanhas. Em determinados momentos, Toinete, enfrenta o patrão, que vem com força bruta; e, então, ela se faz de fraquinha para depois desafiar.” Ator convidado, Damasceno conta que está adorando fazer a peça. “`Principalmente porque é louco, posso fazer uma criada com barba a cavanhaque. É uma loucura boa. Só vi isso com os Dzi Croquetes, há anos, lembra?”, brinca. “O pessoal se maquiava e usava barba, não tinha a menor importância.”


Sobre a releitura e a concepção da direção de Maria Eugênia De Domenico
Para encontrar um norte e se inspirar, Maria Eugênia pesquisou acervos de universidades, pinçando textos pesquisados na Sorbonne e na Universidade de São Paulo. Acervos de músicas também foram objeto de seu estudo. “No trabalho, vi que a música de  Marc-Antoine Charpentier, numa gravação com orquestra do Palácio de Versailles, era acessível. Então usamos um trechinho, uma citação musical da composição original.” A busca musical encaminhou Eugênia a outras referências, incluindo o livro de Célia Berrettini, A Origem do Teatro de Molière, Duas Farsas. “A partir daí, a pesquisa se debruçou sobre as várias traduções do que está sendo publicado hoje na França, como Le Malade, a retomada do texto original para o público atual e as nossas várias traduções brasileiras, tem umas cinco, pelo menos. Reli todas e passei a imaginar o que poderia ser feito no palco nos dias de hoje para criar uma montagem do tamanho do nosso orçamento.”  “Artisticamente, nosso espetáculo tem inspiração na Commedia Dell'arte, diz a diretora, ressaltando que Molière bebeu das águas desta forma de teatro popular. Ele ficou 14 anos viajando pelo interior da França e se encontrando com as cias italianas de Commedia Dell'arte. As máscaras fizeram a cabeça dele o tempo todo.” Maria Eugênia idealizou e traçou uma concepção geral da direção, entregando em seguida o trabalho executivo de realização a André Kirmayr para ensaiar no dia a dia com o elenco.

 
Sobre a direção artística de André Kirmayr
“Quando Maria Eugênia me convidou para realizarmos juntos o trabalho, já havia o desenho, uma concepção de encenação, de linguagem, definida.” André foi se apropriando da pesquisa e das referências. No trabalho de palco, na prática da montagem das cenas é possível experimentar o que funciona ou não em termos artísticos. “Foi uma conexão tranquila e flexível”, conta, comentando que a diretora deixou abertura para que ele criasse também. “Tenho conseguido realizar uns 80, 90% do que ela trouxe”, diz, explicando que a montagem tem suas referências artísticas. “É uma peça historicamente informada, com elementos contemporâneos, características presentes no visagismo de Louise Helène e no figurino do Kleber Montanheiro.” Na encenação, Kirmayr preocupou-se em reunir elementos atraentes para chamar a atenção de um público mais jovem, consumidor de informações de forma rápida, “a faixa etária mais acelerada, que está no Tik Tok, no Instagram. Precisamos fazer formação de público”. Com esta proposta, Kirmayr conta que a peça mescla música de Charpentier, compositor contemporâneo de Molière, com marchinha de carnaval. “A marchinha entra como uma crítica do momento que estamos vivendo.”


Sobre o cenário e figurinos de Kleber Montanheiro
A direção orientou o criativo no sentido da estética visual levar em conta que a montagem do texto clássico está sendo repensada e repaginada para a época atual. Assim o caminho da criação do figurino brincou com a mistura do clássico com o contemporâneo, com modelagens e cortes de época mesclados ao estilo mais moderno. Ao invés das calças curtas, abaixo do joelho, usadas com meias brancas, Kleber optou por calças compridas, com visual moderno. Por outro lado, as camisas têm mangas bufantes. “Mesclei as informações para se ter a leitura da obra a partir de hoje, da atualidade para trás”, comenta o cenógrafo e figurinista.

“Os tecidos têm textura, formas e volumes exagerados para salientar a teatralidade”, explica Kleber, comentando os pontos de cor do figurino. “Tem uma paleta de cores para a mulher do Argan, em tons de roxo e uva, embutindo a ideia de morte, já que ela quer que ele morra para ficar com seu dinheiro”. Para o cenário, Montanheiro apontou seu olhar em direção à uma concepção mais minimalista. A simplicidade está nas telas de tecidos em vários níveis, como uma colcha de retalhos, um patchwork, ao fundo do palco (onde as sombras serão projetadas) e também cobrindo o piso. Único elemento cênico, uma poltrona antiga sintetiza o universo do personagem principal, espaço de onde comanda tudo à sua volta e que serve também de mesa de trabalho, cama e armário de Argan. As cores propostas para o cenário têm tons claros e crus.


Sobre a produção
Marcos Thadeus que está no elenco e também assina a direção de produção, conta que idealizou a montagem durante a quarentena em 2020. Para a realização,  buscou recursos com o Magazine Luiza através da Lei de Incentivo a Cultura do Governo Federal. “Nada mais pertinente neste momento do que este texto do Molière, com tanta negação de medicina e enriquecimento da indústria farmacêutica.”


Sobre o ator convidado
Luiz Damasceno (Porto Alegre, RS, 1941) é artista plástico, ator e diretor. Cursou Artes Cênicas e Plásticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul entre os anos de 1962 e 1967, tendo sido aluno de mestres em teatro como Eugênio Kusnet e Gerd Bornheim e artistas plásticos como Regina da Silveira, Ado Malagoli e Alice Soares. No teatro atuou com diretores como Ademar Guerra, Maurice Vaneau, Gerald Thomas, Mauro Mendonça Filho, Sérgio Ferrara, Bete Coelho, Bob Wilson, William Pereira, Otávio Martins, Jô Soares, entre outros, e tendo sido professor de interpretação na EAD/ ECA/USP em São Paulo por mais 25 anos. Conquistando ao longo de sua carreia dentro das artes, prêmios de pintura, de desenho, de cenografia, de figurino, de direção e prêmio SHELL de melhor ator.

 
​Ficha Técnica
Espetáculo: 
 "O Doente Imaginário"
Concepção de direção, adaptação e pesquisa: Maria Eugênia de Domênico
Direção artística: André Kirmayr
Direção de produção: Marcos Thadeus
Produção executiva: Nayara Rocha
Prepação corporal, direção de movimento e coreografias: Anderson Gouvêa
Música e direção nusical: Tato Fischer
Cenografia e figurinos: Kleber Montanheiro
Iluminação: André Grynwask
Assistente de direção: Lara Paulauskas
Visagismo: Louise Helène
Confecção de máscaras de sombra: Nathalia Kwast e Paulo Olyva. 
Assessoria de imprensa: Maria Fernanda Teixeira - Arte Plura.
Elenco: Luiz Damasceno, Alexia Twister, Felipe Calixto, Giovani Tozi, Jorge Primo, Marcos Thadeus, Nathalia Kwast, Paulo Bergstein, Paulo Olyva


Serviço
De 14 a 31 de julho, de quinta a sábado, às 20h30, e domingos, às 19h.
Local: Teatro Viradalata (rua Apinajés, 1387 - Sumaré/São Paulo).
Sessões com libras: dias 21, 22 e 23 de julho. Sessão com audiodescrição: 28 de julho. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Vendas disponíveis no Sympla e na bilheteria do teatro.

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