A trama se passa no topo do precipício mais alto da pequena cidade de “Ferradura”. Lúcia, uma mulher de meia-idade de comportamento espalhafatoso, chega no local com seu filho Victor. O tímido rapaz tem apenas uma missão naquele momento: saltar da montanha com uma asa de pano nas costas projetada duas décadas antes. Seu objetivo é provar ao povo que seu falecido pai e idealizador da missão era um gênio e não um suicida. Lúcia está extasiada com esse evento, mas o garoto parece se sentir pequeno para o fardo que lhe foi dado para carregar.
“O realismo fantástico guia todo o espetáculo e vai se tornar uma fábula sobre sonhos, grandeza e a busca desenfreada pela glória. Tem uma atmosfera meio Tim Burton, Guillermo del Toro com tonalidades de Federico Felini, que atinge muito mais a plateia do que um realismo. Cada um acaba criando suas leituras e interpretações, existem muitas camadas. É uma história sensível e potente de uma mãe que joga todas as suas projeções em cima do filho; é uma metáfora de como os pais criam um plano de voo completo para o filho sem deixar eles voarem pelas próprias asas”, conta Grasson.
Para o autor, os protagonistas são diferentes e ao longo da trama entram em cena questões como o despertar da consciência, o controle de um sobre o outro. “Lucia tem um desejo pela grandeza e pela glória, deslumbrada pela fama e reconhecimento. Se considera muito maior do que a cidade em que vivem. Já Victor é um jovem com ideais simples que apenas deseja ficar com a menina que ama. Todavia, ele precisa desempenhar uma missão histórica que foi destinada para ele desde criança. É como se o personagem usasse uma roupa que não cabe mais nele”.
A cenografia de Bruno Anselmo traz um estilo não-realista por meio de recursos que dão margem para a imaginação com ideia do penhasco e o topo da montanha alinhado com as formas e cores. O figurino de Fabio Namatame se inspira nos anos 1930/40, a iluminação de César Pivetti exprime o sentido de fábula, assim como a trilha sonora original de Edgar Duvivier que utilizou instrumentos como violoncelo, sanfona, trompete para construir uma atmosfera bem solar.
Luccas Papp fala dos detalhes que compõem a dramaturgia. “A forma manipulada como o garoto foi criado evidencia uma temática fundamental presente no enredo da obra: a projeção de sonhos dos pais em seus filhos. Na sociedade contemporânea, ainda existe uma certa idealização de como o filho deve ser e como se realizar. O espetáculo é sobre a busca pela liberdade e o texto tem essencialmente uma beleza poética com dois personagens que vão progredindo e se modificando”.
Maria Clara Gueiros retorna ao teatro para uma temporada presencial após a chegada da pandemia. Seu último espetáculo foi Loloucas, onde atuou ao lado de Heloísa Périssé em 2020. “O palco é um dos lugares que mais amo estar e será ótimo poder voltar com O Falcão Vingador. Interpreto uma mãe determinada em fazer o filho voar por meio de um projeto do falecido marido. Para a composição da personagem, tenho como referência meu lado maternal, é um texto sensível cheio de surpresas, chega até a ir para um lado obcecado”.
"O Falcão Vingador" é a terceira parceria entre Papp e Grasson, ambos também uniram direção, dramaturgia e atuação nos espetáculos "O Ovo de Ouro" que retratava a figura do Sonderkommando nos crematórios dos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial; e "A Bicicleta de Papel" que mostrava uma história sobre amizade e a busca por alguma esperança após o trauma da perda.
Sinopse do espetáculo
No topo do precipício mais alto da pequena cidade de Ferradura, Lúcia chega com seu filho Victor. O tímido rapaz tem a missão de saltar da montanha com uma asa de pano nas costas projetada duas décadas antes e provar ao povo, que o espera ansioso lá embaixo, que seu falecido pai e idealizador da missão era um gênio e não um suicida, como era conhecido. Lúcia parece extasiada com esse evento, mas o garoto se sente pequeno para o fardo que lhe foi dado para carregar. Uma fábula sobre sonhos, grandeza e a busca desenfreada pela glória.
Ficha técnica:
Espetáculo: "O Falcão Vingador". Texto: Luccas Papp. Direção: Ricardo Grasson. Elenco: Maria Clara Gueiros e Luccas Papp. Assistência de direção: Heitor Garcia. Cenografia: Bruno Anselmo. Desenho de luz: César Pivetti. Figurino: Fabio Namatame. Trilha sonora original: Edgar Duvivier. Visagismo: Vitória Micheloni. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção Executiva: Giulia Martins e Guilherme Bernardino. Assist. Produção: Nicole Casavecchia, Richard Lake e Rhaissa Samas. Supervisão técnica: Matheus Papp. Técnica: Gabriel Tite e Gustavo Gonçalo. Design gráfico: Raphael Ruas. Mídias Sociais: Amanda Bellini. Fotos: Leekyung Kim. Realização: LPB Produções.
Serviço:
Espetáculo: "O Falcão Vingador".
Teatro Nair Bello: rua Frei Caneca, 569 (Shopping Frei Caneca 3º Piso) – Consolação – SP.
Temporada: de 15 de julho a 28 de agosto. Sextas e sábados, às 21h; e domingos, às 19h. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Duração: 80 minutos. Classificação indicativa: dez anos.
Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/74573/d/145821/s/953213
Capacidade: 201 lugares. Bilheteria on-line pela plataforma Sympla: www.sympla.com.br. Atendimento presencial: duas horas antes de cada apresentação.
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