sábado, 4 de junho de 2022

.: "Espetáculo Wastwater", do autor inglês Simon Stephens, no Pequeno Ato

Espetáculo do autor inglês Simon Stephens, Wastwater estreia dia 11 de junho no Teatro Pequeno Ato. Com direção de Fernando Vilela, a peça trata do desespero humano diante de situações limites e de como agimos longe dos limites da sociedade. A trama apresenta três casais diante de escolhas que vão definir seus futuros. Em cena, Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho. Foto: Gabryel Matos

"Wastwater", espetáculo do autor inglês Simon Stephens, ganhou os palcos em 2011, em Londres, e obteve boa crítica. Agora, a peça estreia no Brasil, com direção de Fernando Vilela, em temporada de 11 de junho a 8 de julho, no Teatro Pequeno Ato, na Vila Buarque, em São Paulo.

O elenco é formado por Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho, que já trabalharam com o diretor em outros espetáculos, como "Tragédia: Uma Tragédia", apresentado em 2021.

A peça trata do desespero humano diante de situações limites e de como agimos nas sombras, longe dos holofotes e dos limites da sociedade. Situado ao redor do Aeroporto de Heathrow, Londres, "Wastwater" é um tríptico do instante onde três casais estão fazendo uma escolha definitiva sobre seus futuros.

Frieda e Harry, mãe e filho que têm uma relação possessiva, se encontram pela última vez antes de uma viagem sem volta. Lisa e Mark, casal de amantes, entram num jogo de sedução e limites, mas deixam transbordar dores e traumas antigos. E Sian e Jonathan, longe dos olhos de todos, estabelecem um acordo terrível e sem saída sobre um tema delicado. Assim como um tríptico, as três cenas estão interligadas.

Com essas três duplas, o autor joga luz sobre ações e desejos escondidos e provoca uma discussão sobre o que define nossos valores visíveis e ocultos e sobre como estamos cada vez mais naturalizados diante da violência cotidiana e diária. "Wastwater" é o nome do lago mais profundo da Inglaterra. E ele dá nome à peça justamente por essa dualidade entre superfície e profundeza que o autor propõe. Quem somos e nossos papéis diante dos outros são só a capa superficial que nos envolve. A crítica elogiou a montagem inglesa de 2011 por provocar uma sensação de incômodo e tratar, de maneira atraente, crises existenciais.

O texto chamou a atenção do diretor Fernando Vilela pela potência do jogo proposto em cena, mas ganhou novo sentido a partir da pandemia de Covid-19, que aumentou as sensações de solidão e medo. Por isso, ele provoca o público a se questionar como nos comportamos diante de todas essas mudanças de nossa realidade. E o texto de Stephens, mesmo escrito há mais de dez anos, escancara justamente este incômodo encontro com uma violência silenciosa que se apresenta de diversas formas.

“Como estamos vivendo com a retina sendo bombardeada a todo instante de acontecimentos trágicos? Como estamos vivendo tendo muita morte no ar? Qual a medida que estabelecemos como normal? Em meio a uma escalada brutal do número de mortes e infectados num país que não apresentou planos de controle da doença; em meio às cabeças pretas sendo pisoteadas no asfalto; em meio a protestos, em meio a tudo isso, o texto de Simon Stephens se abre para novas chaves de ressonância”, diz Vilela.

O maior desafio de Vilela na direção e montagem da peça foi adicionar essa carga de atualidade e conexão sem mudar o texto de Simon Stephens. Ele optou também por manter o nome original pelo significado que ele traz.

“O mundo mudou muito desde que conheci esse texto. Com a chegada da pandemia, as necessidades, as urgências passaram a ser outras, em escalas maiores. Mas hoje, em 2022, passado o auge da pandemia e com a retomada dos trabalhos, o desafio maior é estar em relação com esse novo mundo, com essa nova configuração - ainda que estranha - de realidade. O texto do Simon Stephens é absurdamente vertiginoso, pois ele dá contorno às perguntas ainda sem respostas. E o que importa não são as respostas e as decifrações, mas os movimentos. As tentativas de movimento. O trânsito entre a superfície e a profundeza. E o reconhecimento de si nesse lugar”, explica o diretor.

O trabalho com os atores se deu em duas partes, uma on-line e a outra presencial. O grupo leu o texto pela primeira vez em março de 2020, “uma sexta-feira, antes do mundo fechar”, conta Vivela. “Passamos dois anos, já que tínhamos tempo, discutindo, lendo muitas e muitas vezes, investigando cada passo, analisando cada frase, cada palavra. E isso ajudou muito quando fomos para o presencial. Estávamos todos muito carregados do texto, querendo testar logo as possibilidades. E a construção, o trajeto do jogo, se deu de forma mais natural, muito por conta desse período extenso de análise”, conta o diretor.

“Eu sempre espero que o nosso trabalho seja uma oportunidade de olharmos para os nossos nós, os nossos vazios, nossas questões, nossos conflitos. Talvez a gente carregue alguma resposta durante esse processo, mas com certeza a gente carrega uma tentativa de início de alguma resposta. E eu espero que a peça consiga, na sua potência máxima, ser um disparador de movimento. Não há lugares estanques. Que a gente consiga ter consciência dos cantos escuros e das tomadas de decisão”, diz Vilela.


Sobre o autor
Simon Stephens é um dos expoentes mais sólidos do cenário atual da dramaturgia inglesa. Com 51 anos, tem mais de 30 peças escritas, entre adaptações de textos clássicos e contemporâneos, como "A Casa de Bonecas", de Ibsen, e "A Gaivota", de Tchekhov, e peças que pensam o mundo atual e suas grandes questões: violência, paternidade, solidão, racismo. Seu trabalho é muito difundido na Europa e nos Estados Unidos. Venceu o prêmio Tony em 2015 com a peça "The Curious Incident of the Dog in the Night-Time".


Sobre o diretor
Fernando Vilela
é diretor, designer e artista visual. Formado em atuação pelo Teatro Escola Célia Helena, em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design e em cinema na FAAP, Vilela ministrou aulas de Method Acting/Lee Strasberg com Estrela Straus. Dirigiu as montagens "Dolores", de Edward Allan Baker (2019); "Tape", de Stephen Belber (2019); "O Filho do Moony Não Chora", de Tennessee Williams (2018); "Os Sobreviventes", de Caio Fernando Abreu (2016); e a montagem on-line de "Tragédia: Uma Tragédia", de Will Eno (2021).


 


Ficha técnica:


Texto: Simon Stephens. Direção: Fernando Vilela. Elenco: Ariel Rodrigues, Filipe Augusto, Fernanda Paixão, Gabriela Gama, Gabriela Moraes e Shirtes Filho. Cenografia e direção de arte: Fernando Vilela. Iluminação: Gabryel Matos. Direção de produção: Daniele Aoki. Produção executiva: Renata Reis. Realização: FRESTA e Árvore Azul.


 


Serviço:


Espetáculo Wastwater


Temporada: De 11 de junho a 26 de junho, sábados às 20h e domingos às 19h.


De 30 de junho a 8 de julho, quintas e sextas às 21h.


Duração: 110min.

Classificação etária: 16 anos.


Teatro Pequeno Ato 


Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – Vila Buarque.


Telefone: 11 99642-8350.


Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões.


Capacidade: 40 lugares.


Venda: Sympla. (ainda sem endereço) e bilheteria.

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comments:

Postar um comentário

Deixe-nos uma mensagem.

Tecnologia do Blogger.