Ao mostrar lado obscuro de patrulheiro que inspirou boneco de "Toy Story", filme se perde completamente em roteiro que não avança e chega a ser insuportável. |
Por Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.
Poucos filmes começam tão bem e terminam tão mal quanto "Lightyear", lançamento da Disney Pixar que deve atrair crianças e fãs saudosos de "Toy Story". A má notícia é que o longa-metragem de 2022 em nada lembra o clássico iniciado no meio dos anos 90. A boa notícia é justamente esta, porque a reputação de um filme tão ruim poderia respingar no clássico.
Logo no início do filme aparece uma explicação preguiçosa: algo em torno de "este era o filme preferido do Andy antes de ganhar o boneco". Fico imaginando que criança teria como filme favorito uma obra tão chata - "Lightyear" é cansativo, escuro, pesado e ainda anda em círculos - o roteiro não se conclui até que o protagonista decida fazer o óbvio, já no final do filme.
Toda a premissa gira em torno do capitão Space Ranger, um egocêntrico e sisudo, que não quer a ajuda de ninguém e se culpa por algo que modificou a vida de toda a tripulação que o acompanha. O problema é que o personagem não tem carisma alguum. É pesado, triste, desanimado - e a dublagem dramática de Marcos Mion (ótimo ator, obrigado a seguir o script de dramalhão do filme) contribui para que o personagem fique ainda mais pessimista. Ele só não é apático para persistir no erro, e é teimoso o suficiente para só perceber isso nos últimos minutos do filme.
Desde "O Galinho Chicken Little" é raro a Disney cometer um deslize desses - mas ano passado, com o insuportável "Encanto" - críticas nos links a seguir Com família insuportável e mocinha chata, "Encanto" decepciona e "Encanto" é linda animação Disney de roteiro que não se sustenta - isso tem se tornado recorrente.
Em dois anos seguidos, é a segunda "bola fora" da Disney. Cansativo demais, um sonífero em forma de longa-metragem, melancólico até não poder mais. Os outros filmes anteriores ainda tinham a vantagem de tentar compensar a falta de história com um colorido bonito e bons números musicais, "Lightyear" nem isso.
No filme que tenta contar a origem de "Buzz Lightyear", há também uns robôs maus que são meras cópias do visual do Bumblebee transformado em mutante, o que é uma tremenda falta de ética: vilanizar o herói da concorrência. Como se não bastasse, os recrutas que acompanham o capitão Space Ranger na última missão são tão idiotas que não é possível torcer por eles - somente sentir raiva.
O herói do filme, por sua vez, não evolui, ao longo de uma hora e meia. Fica preso no passado ao remoer um erro em missões mal-sucedidas. Uma hora e meia de um dilema que não se resolve nunca - não há reviravolta, só uma história que se repete. O tempo vai passando, as pessoas vão morrendo, e o capitão Space Ranger segue teimando em "voltar para casa": ou seja, insuportável.
A única razão para assistir ao filme é a relação de amizade entre Space Ranger e Alisha Hawthorne, mas isso é bem no início do filme, que realmente começa muito bem para seguir um caminho q2ue vai culminar em ladeira abaixo. Entre os méritos do filme, cuja história não anda, está trazer para a animação uma família LGBTQIAP+, o que é um ponto para a diversidade e a inserção de um assunto importante no mundo de hoje.
Mas este mesmo mérito não responde a uma pergunta básica: como, em outro planeta, uma personagem lésbica fica grávida, sendo ela já casada com outra mulher? De comum acordo com a companheira, ou não, ela se envolveu com um homem para ter o filho? No espaço fizeram inseminação artificial para que ela engravidasse?
"Lightyear" é completamente outra coisa que não seja a tentativa de criar uma nova saga caça-níqueis para um protagonista que não engrena. Não sé um filme para crianças - tendo em vista que é parado demais, não pelos assuntos que aborda - e nem para fãs saudosos, que não vão reconhecer no capitão do filme o boneco inspirado nele, que tem somente a mesma aparência física e o uniforme. Infelizmente, "Lightyear" é um apanhado de equívocos pavorosos para um filme que parecia tão promissor.
Péssimo, terrível, as pessoas deveriam pedir o reembolso, pois perderam seus dinheiros, tempos e para os pais de crianças pequenas esses voltaram para casa com um problemão...
ResponderExcluirEles tentaram incluir temas no intuito de ganhar mais admiradores e o tiro saiu pela culatra!!