sexta-feira, 6 de maio de 2022

.: MPB em festa: o cinquentenário do Clube da Esquina

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural

Há 50 anos era fundado o clube mais amado da nossa MPB. Tendo Milton Nascimento como principal catalisador, um grupo de músicos acabou por produzir um álbum duplo intitulado Clube da Esquina, que se tornou um dos mais importantes lançamentos da cultura musical do País.

É difícil dimensionar a importância desse álbum. Até hoje tem artista que cita ele como fator importante na sua formação musical. E é interessante, porque na época o disco tinha um certo ar de vanguarda, com alguns arranjos que nos remetiam até ao jazz em alguns momentos.

No entanto, o segredo do Clube estava na dose certa e equilibrada entre a musicalidade e o senso do gosto popular. O núcleo criativo desse disco estava centralizado entre Milton Nascimento e Lô Borges. O primeiro já havia participado dos festivais nos anos 60, enquanto que o segundo estava com apenas 18 anos e com muitas influências dos Beatles e de outras vertentes do rock da época na mente.

Os arranjos e as letras das canções tiveram vários colaboradores, entre eles Toninho Horta, Wagner Tiso, Beto Guedes, Ronaldo Bastos, Fernando Brandt, Marcio Borges, Novelli, Robertinho Silva, Tavito, Luiz Alves, Tavinho Moura, Nivaldo Ornelas, Murilo Antunes, entre outros. Boa parte deles oriunda de Minas Gerais.

Esse grupo saiu de Minas para produzir e gravar as canções no Rio de Janeiro em 1972, no estúdio da EMI-Odeon. E mostrou uma mescla incrível da MPB com outras influências musicais. Há momentos em que o ouvinte se transporta para o interior do País, com uma música de raíz, onde até se ouve sinos badalando ou vislumbra uma janela lateral de onde se avista a igreja da cidade interiorana.

Poderia citar algumas canções que se tornaram clássicas, como "Trem Azul" (com um solo antológico de guitarra de Toninho Horta), "Cais" (um momento mágico de Milton Nascimento como compositor e intérprete), "Paisagem da Janela" (com vocal de Lô Borges), "San Vicente" (com vocal antológico de Milton). Mas estaria sempre faltando algo, pois até mesmo as menos conhecidas do disco são essenciais para complementar a audição do álbum.

Fernando Brandt resumiu bem a questão da perenidade do álbum em uma de suas declarações dadas há alguns anos, antes de seu falecimento. “Acho que esse é um tipo de música que sempre vai ter gente interessada em ouvir. A influência do Clube está em tudo: música do interior, Folia de Reis, Jazz e dos Beatles, por causa do Lô e do Beto Guedes”.

A educadora e produtora editorial Andréa Estanislau está promovendo uma campanha na plataforma Catarse, com o objetivo de lançar a segunda edição do livro "Coração Americano", que mostra os bastidores da gravação do antológico álbum. Há depoimentos sensacionais dos personagens que fizeram o disco e de pessoas que relatam como essa obra impactou nas suas vidas e na nossa cultura popular. Quem quiser colaborar com a campanha basta acessar o endereço https://www.catarse.me/livro_coracao_americano_2a_edicao.

"Tudo o que Você Podia Ser"

"Trem Azul"

"Cais"



4 comentários:

  1. Meu Deus, que posso dizer sobre esse antológico disco que ouvi incontáveis vezes e ouço hoje com o mesmo (ou mais) intusiasmo de antes. Milton, você ganhou sua existência. Lô borges - o disco do Tênis, era ( e é ) muito moderno.
    Obrigado obrigado e obrigado
    Parabéns ao jornalista da matéria - Mario

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    1. Obrigado Mario. Não é fácil sintetizar em um texto a dimensão que essa obra musical nos proporcionou. Mas para mim é sempre uma alegria poder relembrar e ver como ela permanece perene

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  2. Depois de 50 anos o Álbum "Clube da Esquina" é reconhecido como o melhor álbum musical da História do Brasil!

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  3. Parabéns pelo resgate dessa preciosidade!
    Lidia Maria de Melo

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