segunda-feira, 16 de maio de 2022

.: Entrevista: Patrícia Pillar fala sobre a volta de Flora em "A Favorita"

"Essa provocação do João Emanuel Carneiro foi de grande originalidade e uma aposta arriscada que me agradou muito. Ele construiu uma trama muito surpreendente e para os atores abriu o campo de atuação trazendo muita liberdade", analisa a atriz, sobre a novela que está de volta no "Vale a Pena Ver de Novo" e divide o horário com as emoções finais de "O Clone". Foto: TV Globo / Renato Rocha Miranda

Uma novela que conquistou o público pelo estilo inovador está de volta a partir desta segundfa-feira, dia 16, no "Vale a Pena Ver de Novo". O autor João Emanuel Carneiro subverteu a estrutura do folhetim tradicional ao revelar, depois de muitos capítulos, a identidade da vilã da história. Ambientada em São Paulo, a novela "A Favorita" apresenta como trama central a rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), antigas parceiras da fictícia dupla sertaneja Faísca e Espoleta.

Flora foi condenada a 18 anos de prisão pelo assassinato do marido de Donatela, Marcelo Fontini (Flavio Tolezani). Ao sair da prisão, ela luta para provar sua inocência, acusando a ex-amiga do crime que ela já pagou. Donatela, por sua vez, foi quem criou Lara (Mariana Ximenes), a filha de Flora com seu marido morto e herdeira única de um império de papel e celulose. A ex-presidiária garante que foi vítima de uma farsa armada por Donatela, a quem acusa de estar interessada na fortuna da família Fontini.

Patrícia Pillar e Claudia Raia precisaram construir a dualidade das personagens, de forma que os espectadores ficassem em dúvida sobre o caráter de cada uma. Todo esse processo foi bastante estimulante para as experientes atrizes. Nesta entrevista, Patrícia Pillar fala sobre o trabalho nesta novela que marcou época.


"A Favorita" é pedida há muito tempo pelo público para ser reexibida no "Vale a Pena Ver de Novo". Você também aguardava por isso? 
Patrícia Pillar -
Sempre foi uma expectativa nossa saber como seria assistir a novela já sabendo “quem estava falando a verdade”. Acho que pode ser muito interessante para o público que terá a chance de não ser “enganado pelas aparências”. Assim, as pessoas terão uma compreensão melhor da complexidade de cada uma das personagens.
 

A novela inovou subvertendo o folhetim tradicional ao ter a vilã revelada depois de muitos capítulos. Foi estimulante participar de uma obra com essas características?
Patrícia Pillar - 
Sem dúvida! Essa provocação do João Emanuel Carneiro foi de grande originalidade e uma aposta arriscada que me agradou muito. Ele construiu uma trama muito surpreendente e para os atores abriu o campo de atuação trazendo muita liberdade. 
 

Como foi sentir a reação do público quando Flora se revelou?
Patrícia Pillar - 
Foi mesmo uma grande virada, mas não foi nada forçado porque estava tudo ali construído no texto. A força da imagem pré-concebida que o público tinha de cada uma das personagens despistou as verdadeiras intenções de Flora e Donatela. Essa brincadeira levou o público a fazer uma aposta errada. 


A Flora é uma personagem muito subjetiva e exigiu uma intensa preparação para compor o lado psicológico dela, correto? Além disso, você também visitou um presídio feminino para conhecer a realidade das detentas. Pode relembrar um pouco como foi o processo de preparação para a personagem?
Patrícia Pillar - 
Uma pessoa que ficou presa por muitos anos precisa ter essa vivência impregnada em seu corpo e em suas atitudes. Estive no presídio feminino Talavera Bruce, conheci várias detentas, muitas histórias de vida que me ajudaram a entender a dureza que é viver essa experiência. Encontrei no boxe uma atividade física que serviu como meio para encontrar esse físico mais embrutecido.

 
Como foi a parceria com a Claudia Raia e com outros atores com quem mais contracenou?
Patrícia Pillar - 
Maravilhosa. Nunca tinha trabalhado com a Claudia e de cara tivemos uma cena muito difícil que era o reencontro das duas depois que a Flora saiu da prisão. Nessa cena já rolou muito bem, ali já senti que seria um jogo muito gostoso.  


O que mais te marcou neste trabalho e de que forma essa novela foi importante para sua carreira?
Patrícia Pillar - 
A força que fica guardada em uma pessoa que não soube lidar com o sentimento de rejeição, sentimento mal resolvido que fez o amor pela irmã virar ódio e o ódio virar desejo de vingança. Muitas ações violentas são regidas pelo ressentimento. Poder lidar com essa gama tão complexa de sentimentos foi um presente do grande autor que é o João Emanuel Carneiro e foi um grande aprendizado para mim. 


Qual a cena envolvendo a sua personagem ficou mais marcada na memória?
Patrícia Pillar - 
Foram três. A saída da prisão, a visita de Flora a Donatela na cadeia, onde ela diz que tomou tudo que era dela, e quando Flora confessa a Donatela que é uma assassina.


Quais as principais lembranças dos bastidores? 
Patrícia Pillar  - 
O clima era uma delícia! Trabalhávamos muito, muito mesmo, mas era sempre em meio a muitas gargalhadas! Muitos momentos maravilhosos foram vividos com Claudia Raia, Ary Fontoura, Mauro Mendonça, Murilo Benício, Glória Menezes, Mariana Ximenes, Genésio de Barros, Carmo Della Vecchia…Guardo grandes recordações e agora vou matar um pouco dessa saudade.  


Você pretende rever a novela? Gosta de assistir trabalhos antigos?
Patrícia Pillar  - 
Não sou de assistir trabalhos antigos, mas "A Favorita" eu vou assistir muito!!

 

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