Após temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Portugal, o monólogo "Sísifo", de Gregório Duvivier e Vinicius Calderoni, reestreia presencialmente no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, para temporada de 1º a 17 de abril de 2022. A produção é de Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, responsável pela idealização de espetáculos como "Elza", "Suassuna - O Auto do Reino do Sol" e o recente "A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa".
A travessia talvez seja a grande protagonista de "Sísifo". Inspirado no mito grego – do homem que carrega diariamente sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar tudo de novo –, o texto conecta a mitologia ao caótico mundo hiperconectado e ao Brasil dos memes. Tal panorama aparece em 60 cenas curtas, assinadas por Gregório e Vinícius neste trabalho que marca o início da parceria destes dois artistas multifacetados.
“Sísifo é o gif fundador da mitologia histórica, com essa ideia de eterno retorno. Percebemos como isso dava combustível para falar do momento histórico brasileiro, ao mesmo tempo em que falamos sobre travessia, sobre um trajeto que é preciso seguir. Não se chega a um novo Brasil sem passar por um Brasil distópico. Não se chega a um lugar sem passar por outro”, analisa Vinicius Calderoni, autor das premiadas "Ãrrã", "Elza" e "Os Arqueólogos", que também assina a direção do trabalho.
Em cena, Gregório Duvivier repete o mesmo movimento constantemente: caminha de um ponto a outro do palco. A cada início de uma nova cena, ele retorna ao ponto inicial, como em um gif, formato de imagem altamente difundido no universo digital. A investigação cênica neste formato deu origem ao trabalho, que incorporou outras características das novas formas de comunicação.
Se os memes e gifs são capazes de resumir uma situação às vezes complexa em apenas uma imagem, a ideia em "Sísifo" é de poder falar sobre temas bem diversos em uma única cena, ou em uma das travessias que Gregório faz pela rampa que ocupa o palco, elemento central da cenografia de André Cortez – indicado ao Prêmio Cesgranrio por este trabalho.
Desta forma, as cenas apresentam um vasto panorama do caótico mundo contemporâneo, com todo o seu excesso de informação e tecnologia. Entre os muitos temas pelos quais o texto passa, entram em pauta os influenciadores digitais, alguns absurdos nas transmissões ao vivo pelas redes sociais, o complexo momento político brasileiro e até mesmo as desilusões pessoais em um mundo hiperconectado. A produção ainda tem figurino de Fause Haten, iluminação de Wagner Antônio, direção musical de Mariá Portugal e direção de movimento de Fabrício Licursi.
Sobre o encontro entre os artistas
A estreia deste trabalho aconteceu em 2019 e selou o encontro entre dois representantes de uma geração que cresceu no ambiente virtual e cujo talento artístico se manifesta nas mais diversas frentes. Cria do Tablado, a tradicional escola teatral carioca, Gregório Duvivier despontou para o sucesso em espetáculos de improvisação (o precursor "Z.E. - Zenas Emprovisadas") e seguiu carreira como ator e também escritor de poesia, crônica e roteiros para a televisão, cinema e para os vídeos do fenômeno Porta dos Fundos, canal do qual é um dos fundadores.
Do outro lado da ponte-aérea, Vinicius Calderoni dava seus passos no teatro e na música. Após lançar seu primeiro disco em 2007, ele passou a integrar o grupo 5 a Seco, que atualmente roda o país em uma turnê comemorativa por uma década de trabalho. Em 2010, ele fundou o Empório de Teatro Sortido, companhia de teatro quem mantém com Rafael Gomes. O saldo positivo da empreitada é imenso e inclui o Prêmio Shell de Melhor Autor por Ãrrã (2015), o APCA por "Os Arqueólogos" (2016) e "Elza" (2018) e o Reverência por "Elza" (2018). As afinidades artísticas os uniram no final de 2018 para a criação de um trabalho inédito. Com o mote inicial do projeto decidido, eles iniciaram o processo de produção do texto em conjunto.
Sinopse
Não se chega a um lugar sem passar por outro. Com este ponto de partida, Gregório Duvivier protagoniza 60 cenas curtas que compõem um vasto panorama do mundo contemporâneo. O solo mescla os universos do mito grego de Sísifo - homem que carrega diariamente sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar de novo - e do Brasil hiperconectado na era dos memes e gifs.
Ficha técnica
Espetáculo: "Sísifo"
Elenco: Gregório Duvivier
Texto: Vinicius Calderoni e Gregório Duvivier
Direção: Vinicius Calderoni
Direção de produção: Andréa Alves
Cenografia: André Cortez
Iluminação: Wagner Antônio
Figurino: Fause Haten
Direção musical: Mariá Portugal
Direção de movimento: Fabrício Licursi
Coordenação de produção: Rafael Lydio
Produção executiva: Felipe Valle e Flávia Primo
Produtor assistente: Matheus Castro
Assistente de direção: Mayara Constantino
Projeto gráfico: Beto Martins
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotografia: Daniel Barboza, Elisa Mendes e Pedro Benevides
Realização: Sarau Cultura Brasileira
Serviço
"Sísifo", de Gregório Duvivier e Vinicius Calderoni
Temporada: de 1º a 17 de abril, às sextas e aos sábados, às 21h; e aos domingos, às 17h
Sessão extra dia 16 de abril, sábado, às 17h
Local: Teatro Sérgio Cardoso - Sala Nydia Licia
Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista - São Paulo
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 827 lugares
Preços: R$ 120/R$ 60 - Plateia VIP / R$ 100/R$ 50 - Plateia / R$ 50/R$ 25 - Balcão
Ingressos pela Sympla ou na bilheteria do teatro.
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