Lázaro Ramos estreia na direção com a imagem de um Brasil distópico, onde o governo decreta a migração de todos os cidadãos negros à África. Baseado em uma peça de Aldri Anunciação, o filme tem Taís Araújo, Seu Jorge e Alfred Enoch no elenco.
Em cartaz na rede Cineflix Cinemas um dos filmes nacionais mais aguardados do ano, “Medida Provisória”, primeiro longa metragem dirigido por Lázaro Ramos. “Ninguém vai passar batido por esse filme. Ele vai te tocar em algum lugar ou em muitos lugares e ficará reverberando na cabeça das pessoas”, disse a atriz Taís Araújo em recente entrevista sobre o longa-metragem, que também conta com a participáção de Seu Jorge, Alfred Enoch, Emicida e outros artistas.
A história se passa em uma realidade distópica: uma ordem de que todos os afrodescendentes se mudem para o continente africano. Para o diretor Lázaro Ramos, de fato, o ponto de partida da narrativa do filme é totalmente ficcional, mas conta que houve um exercício na hora de escrever a produção para trazer reflexões. “Quais são os alertas que nós queremos levar ao público? Afinal, ali tem várias coisas que já aconteceram e muitas até acontecem hoje em dia. Violências, descrédito, silenciamento, enfim. Várias situações que não estão sob o nosso controle, mas já foram vivenciadas”, explica Lázaro.
"Medida Provisória" marca a estreia de Lázaro Ramos como diretor de cinema. Casado há quase 18 anos com Taís Araújo, os dois já contracenaram juntos algumas vezes, mas ser dirigida pelo marido é uma experiência vivida apenas pela terceira vez para a atriz. Mas e os pitacos durante o processo, será que Lázaro gosta de receber?
“Olha, eu o deixava em paz. Quando ele começa um trabalho que é assim muito importante, nossa fica insuportável. Então eu nem converso, não quero nem saber”, brinca. “É um filme que eu queira muito fazer, a história que eu queria contar e com essas pessoas. Talvez tenha sido o roteiro do Lázaro que eu menos tenha participado”, complementa.
Taís Araújo ainda entrega o lado “diretor exigente” do marido. Aos risos, ela lembra de uma das tomadas que protagonizou e os seguidos pedidos do diretor para repetir. “Teve uma cena que foi terrível. Eu fazia e ele já virava dizendo: não é isso, não é isso. Eu já não sabia mais o que eu podia dar. Aí depois ele me disse que queria uma cena mais sensorial. Bastava ter dito antes, né querido?”.
O drama disruptivo mostra um Brasil do futuro em que um governo conservador decide enviar a população negra à África, de onde vieram seus ancestrais. Gravado em 2019 e lançado este ano devido a pandemia, o filme é baseado no roteiro de "Namíbia, Não!", de Aldrin de Anunciação.
“O momento é de muita ansiedade, estou doido para que as pessoas vejam para entender qual será a reação delas. O filme foi filmado em 2019, mas foi escrito em 2015, era um alerta sobre coisas que nós não gostaríamos que acontecesse, mas várias dessas coisas aconteceram. E um ponto que eu acho que é muito da nossa realidade, assim como a Trace, por exemplo, é a ocupação de espaço. O filme fala sobre isso, sobre diversidade de vozes, então, eu fico muito feliz por achar que ele faz parte de um movimento, que é um desejo também”, ressalta Lázaro Ramos.
O ator e diretor ainda comenta algumas particularidades do longa.“Eu registrei todos os momentos de decisão da criação do filme, em um livro chamado ‘Diário do Diretor’, porque têm vários experimentos, várias decisões e, inclusive, políticas. Por exemplo, não havia armas no filme, aparece arma, uma vez, e em uma situação e mensagem muito específica: com uma protagonista feminina, negra e forte. Coisa que a grande maioria dos nossos filmes feitos no Brasil estão devendo”, comenta. “Um filme que tem 77 atores, a produção com a maior equipe preta na frente e atrás das câmeras da história do cinema brasileiro”, enfatiza. Você pode comprar o livro "Medida Provisória - Diário do Diretor", de Lázaro Ramos, neste link.
"Medida Provisória" (2022)
Duração: 1h34
Categoria: drama
Direção: Lázaro Ramos
Elenco: Alfred Enoch, Taís Araújo, Seu Jorge, Emicida e outros
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