Texto que marcou a história da dramaturgia brasileira nos anos 1970, "Missa Leiga", de Chico de Assis, ganha montagem de Marcio Boaro, com elenco de 19 atores. Músicas de Cláudio Petraglia, Figurinos de Kleber Montanheiro e direção Musical de Demian Pinto. Foto de cena de Fernanda Ayodelê Procópio.
“Missa Leiga” ganha montagem do diretor Marcio Boaro, no Teatro Paulo Eiró em temporada até 10 de abril. Em seguida, parte para o Teatro Arthur Azevedo ficando em cartaz de 14 a 24 de abril e de 5 a 8 de maio. Considerado, por muitos, obra prima do autor, o espetáculo driblou a censura ao se utilizar da estrutura de uma missa católica para falar sobre o que acontecia no país em pleno regime militar, bem como materializar o entrecruzamento das diferentes crises que eclodiam no mundo no início da década de 1970, que economicamente rumavam ao neoliberalismo. O texto empregava os choques do “tempo do templo com o tempo do mundo” de maneira a criar tensões úteis para se pensar o Brasil.
Chico de Assis ao identificar claramente os males do novo modelo de acumulação capitalista dá a “Missa Leiga” uma força duradoura. A frase em epígrafe, parte de uma fala do Corifeu, oferece uma chave de reflexão sobre a peça e o mundo neoliberal: “Só uma consciência em cacos entende um mundo despedaçado”.
“Chico soube criar obras que uniam uma profunda reflexão sobre o país a formas artísticas genuinamente brasileiras. Essa combinação é a grande força de Missa Leiga”, diz Boaro, que já montou "As Aventuras e Desventuras de Maria Malazartes" durante a Construção da Grande Pirâmide, também de autoria de Assis. Chico de Assis acabou se tornando um interlocutor fundamental ao longo dos anos da Cia. Ocamorana em conversas, reuniões, palestras, aulas que fizeram com que o coletivo apreendesse de forma privilegiada seu pensamento criador.
A Cia. Ocamorana trabalhou desde o início em “Missa Leiga” com a perspectiva do teatro épico, e concebeu uma montagem profundamente fiel ao texto de Chico de Assis sem deixar de abrir espaços de criação na obra, de forma a ressaltar as tensões de sua transposição para o tempo presente. O objeto de estudo e pesquisa foram os cacos citados na epígrafe acima. “Hoje temos nossas graves mazelas; pandemia, guerras e fascismo; a força conservadora sendo imposta e nossa montagem deve resgatar um pouco do sonho hippie presente naquele momento, e ir além, dando sentido ao novo em uma sociedade mais plural, mais "feminina", revela Boaro.
Ficha técnica
Espetáculo: "Missa Leiga"
Texto: Chico de Assis
Músicas: Cláudio Petraglia
Direção geral: Márcio Boaro
Assistente de direção: Eduardo Campos
Elenco: Alessandra Siqueyra, Amanda Nascimento, André Capuano, Arô Ribeiro, Atton, Cecília Barros, Demian Pinto, Ernani Sanchez, Joaz Campos, Luiz Campos, Maíra Chasseraux, Manuel Boucinhas, Mônica Raphael, Rodrigo Ramos, Theófila Lima e Toni D’Agostinho.
Direção musical e músico-ator: Demian Pinto
Assistente de direção musical e músico: Daniel Baraúna
Músicos e atores: Alberto Eloy e Ernani Sanchez
Cenógrafo e direção de palco: Antonio Marciano
Concepção de luz: Márcio Boaro
Operação de luz: Luciana Silva
Figurino: Kleber Montanheiro
Preparação Corporal e Coreografia: Kátia Naiane
Fotógrafa: Fernanda Ayodelê Procópio
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Designer gráfico: Toni D’Agostinho
Direção de produção: Mônica Raphael
Produção: Vanda Dantas
Serviço:
Temporadas "Missa Leiga"
Teatro Paulo Eiró
Datas: até dia 10 de abril de 2022
Horário: quintas, sextas e sábados. às 21h, e domingos, às 19h
Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro
Preços: R$ 20 inteira e R$ 10 (meia-entrada)
Indicação: 14 anos
Duração: 80 minutos
Teatro Arthur Azevedo
Datas: 14 a 24 de abril e 5 a 8 de maio de 2022
Horários: quintas, Sextas e Sábados às 21:00 e Domingos às 19:00
Endereço: Av. Paes de Barros, 955 – Mooca
Tel: 11 2605-8007
Horário da Bilheteria: apenas no dia da apresentação, abre com 1h de antecedência do espetáculo.
Preços: R$ 20 inteira e R$ 10 (meia-entrada)
Indicação: 14 anos
Duração: 80 minutos
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