sábado, 9 de abril de 2022

.: Edifício Copan é retratado em longa metragem documental


Produção foi selecionada para laboratórios nos maiores festivais de documentários mundiais e apresenta perspectiva dos moradores do prédio histórico, inaugurado na década de 60, que hoje reúne mais de 5 mil habitantes em São Paulo, capital.

Localizado no coração de São Paulo, o Edifício Copan - um dos projetos arquitetônicos mais icônicos de Oscar Niemeyer, é o tema de um documentário íntimo e revelador que discute o momento atual sociopolítico do Brasil. Com roteiro e direção da cineasta Carine Wallauer, Copan é uma coprodução Brasil/Holanda e foi vencedor de dois prêmios PROACs Editais (desenvolvimento e produção), concedidos pelo governo do estado de São Paulo. 

Carine Wallauer é residente do prédio e, no documentário, transporta o telespectador para dentro da matriz do maior edifício residencial da América Latina. A intenção é desvendar as complexidades deste cenário particular durante a crise nacional generalizada. Trata-se de uma história pessoal e próxima que conduz para além das portas e paredes do Copan, diretamente para a vida íntima de seus habitantes, proporcionando uma experiência humana compartilhada. “Ao documentar a vida dentro do Copan neste momento singular da nossa história, a proposta é iluminar a divisão crescente dentro de um país intensamente atravessado pela política polarizada e a democracia em colapso”, diz Carine.


Enredo
A produção dá foco na crise que o país atravessa, que afeta diretamente a forma como os brasileiros vivem e se relacionam com seu entorno. Entre as mudanças apontadas, estão as paisagens das cidades que vêm sendo modificadas, tal como os corpos que habitam cada espaço estão se redefinindo. Locais que antes abrigavam uma grande diversidade, como o Copan, se reconfiguram, facilitando a afirmação de um sistema hegemônico de habitação e pensamento. “Com uma população de quase 5 mil habitantes, maior do que a de muitos municípios brasileiros, naturalmente é necessária uma complexa estrutura política para administrar um prédio como o Copan”, explica Carine.

Inaugurado com grande prestígio na segunda metade da década de 60, anos depois o edifício entrou em decadência, tanto pela desvalorização sistemática do centro de São Paulo, quanto pela falta de manutenção e cuidado interno do prédio. Atividades como tráfico de drogas e prostituição invadiram a estrutura do prédio e transformaram o cartão-postal da cidade em um lugar mal visto.

Na década de 90, uma nova proposta de administração trazida por um novo síndico deu início à revitalização da imagem pública do Edifício Copan, o que gerou uma gentrificação do espaço, ou seja, um processo de remodelação do edifício, que foi reconfigurado num local descolado e com fama de moderno. Por conta desta nova imagem conquistada, o edíficio passou a oferecer apartamentos alugados por temporada e tem sido procurado por pessoas que têm interesse em viver a experiência de "morar" no Copan, mesmo que por alguns dias.


Direção
Como diretora e diretora de fotografia, Carine Wallauer tem trabalhado em diversos projetos de ficção e documentário, sendo indicada e premiada em importantes festivais nacionais, como Festival de Cinema de Gramado e Prêmio ABC de Cinematografia. Seu primeiro longa como DoP, Irmã, teve sua estreia mundial na 70º Berlinale e foi exibido em festivais ao redor do mundo.

O filme recebeu o Prêmio Especial do Júri no 23° Rencontres du Cinéma Sud-Américain de Marseille. Wallauer fotografou dois documentários de longa-metragem e três séries documentais com lançamento previsto para 2022, além do episódio brasileiro de Human Playground, série documental holandesa em fase de produção para Netflix. Além de trabalhar em projetos com outros cineastas, desde 2020 se dedica ao seu primeiro longa Copan , como roteirista e diretora. 

Em novembro de 2021, Carine Wallauer participou do IDFA - Festival Internacional de Documentários de Amsterdam, o maior festival de documentários do mundo, sendo selecionada para participar IDFAcademy - programa de treinamento para cineastas emergentes, com o objetivo de estimular novos talentos e a produção de documentários de alto nível. Em dezembro do mesmo ano, a diretora foi selecionada no programa Talents do Festival Internacional de Cinema de Berlim - Berlinale - e o filme foi selecionado para o DOCStation, que aconteceu de forma online em fevereiro de 2022.


Produção
Copan foi selecionado no Edital Proac 25/2020 na categoria Desenvolvimento - Primeiras Obras. A realização é do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura, ProAC e MVM Movimentos Culturais, com co-produção da Clariô Filmes e Totem Media. No ano seguinte o mesmo projeto foi selecionado pelo Edital Proac 23/2021 - Complemento para finalização de longas e séries / ficção e animação / documentário.

A produtora Viviane Mendonça destaca a importância da produção audiovisual independente, que tem mostrado sua força e capacidade de abrangência no contexto atual do país, sobretudo dos filmes e documentários, como Copan que conta com Proac/Editais (Prêmio). “Graças a esse recurso importante foi possível viabilizarmos tanto o desenvolvimento quanto o início da produção do projeto”, afirma. 

A MVM Movimentos Culturais foi fundada em 2014 em Ribeirão Preto (SP) por Viviane Mendonça, advogada e produtora executiva de grandes eventos, cinema e televisão. Nômade de carteirinha e apaixonada pelo Carnaval, sua carreira é pautada pela gestão de projetos sociais, culturais e, nos últimos anos, audiovisuais. É superintendente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, onde coordena há 12 anos a Feira Internacional do Livro.

Trabalhou em ONGs de formação em empreendedorismo para jovens rurais e com formação de professores. No audiovisual assina a produção executiva do longa "A Vida Invisível", dirigido por Karim Ainouz, produzido pela RT Features, filme premiado na Mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2019 que discute a condição feminina e a sujeição da mulher ao patriarcado. Trabalhou com Bananeira Filmes, Filmland International, Fagulha Filmes, Miríade Filmes, Clariô Filmes, RT Features, Prodigo Films, LC Barreto, Porta dos Fundos entre outras.

Em 2014 produziu a mostra “Jia Zhangke - A Cidade em Quadro” que exibiu 12 longas, 6 curtas-metragens e contou com a participação do diretor. Participou como produtora executiva no desenvolvimento do filme “Los Silencios”, de Beatriz Seigner, exibido em 2018 na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Entre outros, compôs a equipe de produção executiva dos longas-metragens “O Vendedor de Sonhos” de Jayme Monjardim, “Divórcio” de Pedro Amorim e “Pixinguinha, um homem carinhoso” de Denise Saraceni. Em 2019, coordenou o Departamento de Cinema da Prodigo Films.

Em 2021, assinou a Produção Executiva do longa “Vovó Ninja”, uma produção LC Barreto e direção de Bruno Barreto e da série “As Seguidoras”, de Mariana Youseff e Mariana Bastos para a Paramount+. Junto com Camilo Cavalcanti forma ‘O Par’, com foco em produção executiva, avaliação e desenvolvimento de projetos em diferentes formatos e linguagens.

A Clariô Filmes foi fundada em 2013 no Rio de Janeiro, por Camilo Cavalcanti, com DNA mineiro e pertencente ao mundo. Surge da aspiração por um modelo de produção audiovisual mais horizontal, colaborativo e transparente. Em diferentes formatos e janelas, a Clariô prima por levar às telas, histórias relevantes e potentes. Nos últimos anos, produziu séries e longas com parceiros como HBO, Globo Filmes, Canal Curta, Canal Brasil, Totem Media (NL), Unicef Brasil, entre outros.

O primeiro longa-metragem da produtora, “Aquilo que Sobra”, de Humberto Giancristofaro, teve sua estreia mundial no CPH:DOX de 2018, na Dinamarca. Dentre os projetos recentes, destacam-se “Barretão”, longa de Marcelo Santiago coproduzido com Canal Brasil e Globo Filmes, “Sobrepostas”, série de Lívia Cheibub e Martina Sönksen para o Canal Brasil, “Em Busca de Anselmo”, série de Carlos Alberto Jr para HBO, e “Belchior - Apenas um Coração Selvagem”, longa de estreia de Camilo Cavalcanti e Natália Dias, em parceria com Canal Curta e selecionado para o Festival É Tudo Verdade 2022.

A Totem Media, produtora baseada em Amsterdam - Holanda, desenvolve e produz documentários e séries, que nascem localmente e viajam pelo mundo. Projetos recentes foram produzidos internacionalmente para Netflix, Youku e Universal. A empresa é uma joint venture entre: uma produtora vencedora de vários prêmios Emmy, NL Film & TV; e produtores comerciais, Fonk Film. A produtora faz parte de um coletivo, o Banijay Group, possibilitando uma rede mundial única.

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