sexta-feira, 22 de abril de 2022

.: Crítica musical: "Machine Head", o auge criativo do Deep Purple


Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Lançado há 50 anos, o álbum "Machine Head" é até hoje apontado como o ponto alto da carreira da banda Deep Purple. Não só pela qualidade de algumas faixas que se tornaram clássicos do rock, mas também pelo fato do trabalho, que foi gravado praticamente ao vivo em estúdio, ter uma unidade incrível, soando completo.

A formação da banda estava consolidada com Richie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclados), Roger Glover (baixo), Ian Gillan (vocal) e Ian Paice (bateria). E foi com esses integrantes que a banda chegou na Suiça em dezembro de 1971 para gravar o disco nas dependências de um hotel de Montreux, usando o estúdio móvel dos Rolling Stones.

O hotel, na verdade, foi uma segunda opção, já que o cassino que eles queriam usar acabou sofrendo um incêndio durante um show de Frank Zappa. O fato inusitado acabou inspirando a letra do hit "Smoke On The Water", incluído em "Machine Head".

A banda tinha lançado o álbum "Fireball", que apontava para uma direção mais hard rock. E isso se repetiria em várias faixas de "Machine Head". Mas de uma forma ainda melhor. A começar pela faixa de abertura, "Highway Star", em que há solos memoráveis de Blackmore e Jon Lord. As três faixas seguintes, "Maybe I´m a Leo", "Pictures Of Home" e "Never Before" são faixas com um peso menor, mas nem por isso menos interessantes.

As demais faixas fecham com louvor o álbum. "Smoke On The Water" se tornaria a canção mais conhecida da banda, com o riff antológico criado por Blackmore. "Lazy" tem um trabalho incrível de Blackmore no solo enquanto que a arrasa-quarteirão "Space Truckin" destaca a qualidade técnica de Ian Paice nas baquetas.

O segredo da banda era a coesão. Havia uma sinergia incrível entre os músicos e seus instrumentos. Paice e sua batida quase jazzística em alguns momentos funcionava como uma espécie de liga musical, unindo os demais integrantes. Glover e Lord completavam a base rítmica que dava suporte aos solos antológicos de Blackmore e para o vocal agudo e preciso de Ian Gillan.

Nos discos seguintes a banda continuou produzindo momentos interessantes. Mas definitivamente, "Machine Head" pode ser considerado o seu ponto mais alto, onde tudo deu certo, seja no estúdio, seja na relação entre os músicos.


"Highway Star"

"Smoke On The Water"

"Lazy"


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