Mais que terras, Joventino deixa um verdadeiro legado para José Leôncio. Foto: Rede Globo/Divulgação
É tangendo boiadas pelos sertões desse país que o peão e ponteiro de comitiva Joventino (Irandhir Santos) faz seu nome. Por onde quer que passe, é tido como o maior entre todos os peões. E não espera outro futuro para seu filho José Leôncio (Drico Alves/ Renato Góes/ Marcos Palmeira). Desde menino, Zé recebe do pai todas as lições que aprendeu na lida, seja com o gado, seja com a vida. Joventino é um pai amoroso e carinhoso, um homem justo e honesto. É com a rara maestria que assume seu papel de peão que ele encara a função de pai.
Quando seu fiel amigo e parceiro de comitiva Ceci (Paulo Gorgulho, em participação especial) começa a dar sinal de cansaço, Joventino se preocupa e questiona se não está na hora dele descansar. Ceci provoca Joventino com um desafio prazeroso: diz que só vai apear, como consta no vocabulário das estradas de terra desse país, quando o amigo encontrar uma pessoa à sua altura para o substituir. E complementa: de todos os peões que conhece, somente José Leôncio é um candidato possível. O que já estava nos planos de Joventino vira uma questão de honra e de amizade, para dar o descanso merecido ao amigo e o futuro desejado ao filho. Joventino não mede esforços para fazer de Zé o melhor de todos os peões que conhece.
Criado no lombo do cavalo de seu pai, cortando em comitiva os interiores deste país, Zé Leôncio conhece a vida e é talhado para ela em meio à peonada, simples e bronca, apartado de uma figura feminina desde a morte muito precoce da mãe. O que a vida furta a ele em carinhos, o pai compensa em valores.
Para Renato Góes, que interpreta o peão na primeira fase da nova versão de "Pantanal", muito mais que um homem de valores, Zé Leôncio é profundo e complexo. E é justamente essa característica que o ator considera mais interessante no personagem. “Ele é um cara muito reto, muito honesto, e que tem um senso de justiça dentro das coisas que ele acredita. Mas também é um cara que se passa no tratamento, nas ameaças, na grosseria. Por outro lado, ele tem uma honestidade e retidão que são muito admiráveis. O que mais me atrai no Zé Leôncio são os defeitos que tem, o fato de não fugir deles, de encará-los”, comenta Renato.
Após pai e filho andarem por muitas estradas desse país tocando sua comitiva com louvor, Joventino resolve apear no pantanal. Compra terras onde quer começar uma criação de gado com tudo à sua maneira. Joventino quer ver a vida caminhar no passo da natureza, não dos homens. E, como bom peão que é, não tem pressa. Sabe que, mais importante que o destino, é a jornada.
Por isso, no pantanal, entende que boi selvagem não se pega no laço e sim no feitiço. E começa uma saga para reunir bois alongados, como chamam aqueles bois bravos, de grande porte, sem a técnica tradicional que acompanha sua comitiva há tantos e tantos anos. É nessa busca que Joventino se perde - ou se encontra, a depender do ponto de vista - e desaparece na mata, sem deixar nenhum vestígio.
Após o desaparecimento do pai, José Leôncio carrega essa dor em ferida aberta a vida inteira. E ao se tornar pai, passa a carregar, além de suas amarguras, a frustração de nunca ter sido para o filho o que o velho Joventino foi para ele. Apesar das dores, ficam também – principalmente – as lições, e o público acompanha mais uma vez as provações que o peão e fazendeiro passa até entender a mensagem que o desaparecimento de seu pai traz ainda nos primeiros capítulos da obra.
"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
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