sábado, 26 de março de 2022

.: "O Musical da Passarinha" em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso


Com trama bastante poética e delicada, espetáculo infantil trata de temas como encontros e despedidas, realização de sonhos e a descoberta da própria voz. Para contar a história, o elenco precisou estudar como tornar as artes cênicas mais acessíveis e inclusivas. Foto: Rubens Crispim Jr 


Pensado para discutir e promover o acesso de todas as pessoas – com ou sem deficiência – ao teatro, "O Musical da Passarinha", com texto, letras e direção geral de Emílio Rogê, estreia presencialmente no Teatro Sérgio Cardoso no dia 19 de fevereiro. Os arranjos e a direção musical são de Eric Jorge, que assina as músicas ao lado de Kiko Pessoa.

O espetáculo segue em cartaz até 10 de abril, com sessões aos sábados e domingos, às 15h (exceto nos dias 26 e 27 de fevereiro, quando não há espetáculo). Às sextas, estão programadas apresentações gratuitas, exclusivas para escolas e instituições que atendam crianças com deficiência.

“Estamos contando uma história que leva em consideração a vontade de chegar ao maior número de crianças possível, pensando em suas singularidades e necessidades. Foi preciso inventar uma nova gramática teatral, em que nenhum sentido seja destacado em detrimento de outro. Como cantar para quem não ouve? Aprendemos Libras! Como mostrar a encenação para quem não vê? Estamos conhecendo e entendendo a audiodescrição. Assim, formatamos o texto para todas essas linguagens, que, para nós artistas, são pouco conhecidas. E é nosso dever aprendê-las”, conta Rogê.

O professor de Libras, inclusive, tornou-se parte do elenco. Harry Adams é um ator surdo, muito apaixonado pelas artes cênicas, que tem sido fundamental no processo de criar um espetáculo totalmente inclusivo. Juntam-se a ele os atores e atrizes Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideky, Luísa Grillo e Daniel Costa.

Na trama, o público conhece personagens delicados e sonhadores: a menina Rita deseja conhecer o teatro, mesmo vivendo em uma cidade onde não existe o palco; sua mãe Carmen gostaria de voar; e seu melhor amigo Miguel, que é surdo, quer dançar. Certo dia, algo milagroso acontece, e esse trio recebe a visita de uma cantora de ópera. Depois desse encontro, a vida ganha outros contornos e voos, convidando os espectadores a descobrir e a imaginar novas possibilidades.

Por meio de uma narrativa delicada, o musical evoca questões sobre a acessibilidade no teatro. Afinal, quais elementos básicos são necessários para que uma peça aconteça? O ponto de partida para a construção do espetáculo foi uma reflexão do escritor português José Saramago (1922-2010): “e se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”.

Ao mesmo tempo, “O Musical da Passarinha” é uma declaração de amor ao teatro. “Eu acredito muito nessa linguagem, que mudou os rumos da minha vida. Falar de teatro com as crianças é falar de uma esperança crítica. Uma reflexão sobre quem somos e o que podemos ser. Quero que elas desejem de coração estar no teatro, sentindo-se em casa dentro dele, sem qualquer tipo de exclusão”, completa.

E, em um país onde apenas 23,4% das cidades possuem teatros, sendo que a maioria delas fica na região Sudeste – de acordo com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais divulgada pelo IBGE em 2015 –, é preciso discutir essas questões. Emílio Rogê está interessado em atrair as pessoas para esse lugar.

“Quero que todos e todas enxerguem o teatro como esse espaço anárquico das vozes que vão ser ouvidas e enxergadas, cada uma a sua maneira. É um tempo de narrativas singulares, mas que se nutrem em comunidade”, afirma.


Sinopse do espetáculo
A história da Passarinha acontece em uma pequena cidade do interior que não tem teatro. Lá mora uma menina que quer muito conhecer essa arte, uma mulher que tem o nome de ópera e sonha em voar e um menino surdo que quer dançar. Um dia, quase que por milagre, eles recebem a visita de uma cantora de ópera. Depois dessa visita-ave-música, a vida ganha outros contornos, outros voos. Passarinha te convida a descobrir e imaginar. Descobrir, por exemplo, o espaço entre a palavra, o som e o silêncio. E imaginar respostas, porque Passarinha traz boas perguntas. O teatro é assim, feito também de milagres e perguntas. Vem descobrir.


Ficha técnica
"O Musical da Passarinha"
Texto, letras e direção geral:
Emílio Rogê
Direção audiovisual: Rubens Crispim Jr
Música: Eric Jorge e Kiko Pessoa
Arranjos e direção musical: Eric Jorge
Dramaturgismo: Ana Carolina
Elenco: Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideky, Luísa Grillo, Daniel Costa e Harry Adams
Banda: Eric Jorge, Pedro Batista e Victor Januário
Assistente de direção: Stacy Locatelli
Desenho de luz: Aline Santini
Cenografia: Emílio Rogê e Mayume Maruki
Figurino: Heloisa Faria
Visagismo: Victor Paula
Direção técnica: Maria Clara Venna
Assessoria de imprensa: Agência Fática
Produção executiva: Thaís Cólus
Direção de produção: Rodrigo Primo
Professor de Libras: Harry Adams
Audiodescrição - Roteiro: Pedro Bizelli e
Narração: Aressa Marque
Realização: Agência Dramática
“O musical da Passarinha” é apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo, através do Proac ICMS


Serviço
"O Musical da Passarinha"
Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno - Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista | São Paulo
Temporada: 19 de fevereiro a 10 de abril, aos sábados e aos domingos, às 15h | Não acontecem apresentações nos dias 26 e 27 de fevereiro
Projeto Escola: às sextas-feiras, as sessões são gratuitas e exclusivas para escolas e instituições que atendem crianças deficientes. Os agendamentos são feitos pelo e-mail agenciadramatica@gmail.com.  Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). Classificação: livre. Duração: 50 minutos. *Haverá interpretação de libras e audiodescrição em todas as apresentações.

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