sábado, 5 de março de 2022

.: "M, o Homem da Providência", de Antonio Scurati, chega às livrarias


Segundo romance da série que narra a trajetória de Mussolini mostra as consequências das leis fascistas e os bastidores do acordo selado com a Igreja.


Benito Mussolini não fumava, quase não bebia álcool, praticava esporte com regularidade e seguia uma dieta equilibrada. Apesar de todos os cuidados, a saúde do jovem presidente do Conselho italiano estava mais frágil do que nunca naquele fevereiro de 1925. O Duce do fascismo sofria com insistentes problemas digestivos, que provocavam, além de dores lancinantes, gases, prisão de ventre, crises de vômito e um hálito pestilento. 

No fundo, ele sabia as razões de tamanho desconforto: o estresse com a Grande Guerra e, principalmente, os desdobramentos do assassinato de um adversário político, o deputado socialista Giacomo Matteotti, principal ameaça para a crescente ditadura fascista. Um dos mais rumorosos crimes políticos do século, a morte de Matteotti fora encomendada por Giovanni Marinelli, então tesoureiro do Partido Fascista.

Este é o ponto de partida de "M, o Homem da Providência", aguardada sequência de "M, o Filho do Século", monumental romance sobre a ascensão de Mussolini vencedor do prêmio Strega em 2019 e publicado em 40 países. Abordando o período de 1925 a 1932, o segundo volume da série, baseada em minuciosa pesquisa histórica, mostra desde as consequências das leis fascistas que desmantelaram o Estado italiano até o aniversário de dez anos da Marcha sobre Roma, evento responsável, em grande parte, pela chegada de Mussolini e seu partido ao poder. Permeando aspectos da vida social, política e espiritual do país naquele momento, a obra aborda os anos centrais do fascismo e a importância da aliança articulada pelo ditador com a Igreja católica.

O acordo mais crucial neste sentido foi o Tratado de Latrão, assinado em 1929. Com ele, a Cidade do Vaticano tornou-se um Estado, sede da Santa Sé; o catolicismo se transformou na religião nacional da Itália; e o ensino da fé católica passou a ser obrigatório nas escolas. Por esse feito, Mussolini recebeu das mãos do papa Pio XI a Ordem da Espora de Ouro, a mais alta distinção concedida pelo Vaticano. A expressão “homem da Providência”, que dá título à edição original do livro, foi cunhada pelo alto clero ao se referir ao ditador.

Nos momentos finais dessa etapa de sua vida, quando, em 1932, Mussolini constrói o impressionante santuário dos mártires fascistas, o que seria uma homenagem ao luto passado já pressagia a dimensão da tragédia futura que desencadeará o colapso do regime fascista. Em "M, o Homem da Providência", o autor Antonio Scurati tira do esquecimento pessoas e fatos de vital importância, cruzando narrações e fontes da época de forma ousada e profundamente dramática. Você pode comprar "M, o Homem da Providência", de Antonio Scurati, neste link. 


Sobre o autor
Nascido em Nápoles em 1969, Antonio Scurati é professor de Literatura Comparada e Escrita Criativa na Universidade de Comunicação e Línguas (IULM) de Milão. É colunista do Corriere della Sera e já ganhou os principais prêmios de literatura na Itália. Estreou em 2002 com "Il Rumore Sordo della Battaglia", que ganhou os prêmios Kihlgren, Fregene e Chianciano. Em 2005, com o romance histórico Il sopravvissuto, conquistou a edição XLIII do prêmio Campiello. Com Una storia romantica, de 2007, recebeu o Mondello e, em 2015, com Il tempo migliore della nostra vita, recebeu o Viareggio e outros prêmios, como o de Seleção Campiello.

Livro: "M, o Homem da Providência"
Autor: Antonio Scurati
Tradução: Marcello Lino
Páginas: 608
Editora: Intrínseca


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