domingo, 27 de março de 2022

.: Espetáculo "Pá de Cal (Ray-lux)", de Jô Bilac, no Itaú Cultural


Encenado pela Cia. Teatro Independente, espetáculo dirigido por Paulo Verlings trata da terceirização das relações - até das familiares - no mundo contemporâneo. Apresentações são gratuitas e acontecem de 7 a 10 de abril. 


Com quase 16 anos de trajetória, a Cia. Teatro Independente desembarca em São Paulo com seu novo trabalho, "Pá de Cal (Ray-Lux)", escrito por Jô Bilac e dirigido por Paulo Verlings. O espetáculo, que já passou por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, tem apresentações gratuitas no Itaú Cultural, entre 7 e 10 de abril, de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h. Os ingressos devem ser reservados pela plataforma INTI (acesso pelo site da instituição www.itaucultural.org.br). As reservas das entradas estarão disponíveis a partir de quarta-feira, dia 30 de março, às 12h.

A peça cria uma discussão sobre como terceirizamos as relações sociais, inclusive as mais próximas, no mundo contemporâneo. O elenco conta com Carolina Pismel, Leonardo Netto, Kênia Bárbara, Orlando Caldeira e Pedro Henrique França. Na trama, o filho mais jovem de uma família cometeu suicídio e suas irmãs mandaram representantes legais para a reunião que definirá o destino do pai daquele núcleo e da mãe do morto, que é uma antiga empregada da casa - esta, por sua vez, também mandou um porta-voz para representá-la. 

Por motivos óbvios, o jovem morto também não está presente no encontro, mas é representado por uma pessoa com quem conviveu em terras estrangeiras. Toda a ação se passa na casa onde mora o patriarca da família, imóvel disputado por todas as partes. Conflitos inesperados emergem a partir dessa reunião, e, com o passar do tempo, as relações entre o pai e seus filhos - representados - revelam-se  aos espectadores cada vez mais límpidas e latentes.

Além do suicídio e da terceirização das relações, a peça discute questões como a culpa e a ausência de afeto. “'Pá de Cal' fala essencialmente da natureza do diálogo dos encontros. O espetáculo não é o espelho da sociedade, mas pretende justamente quebrá-lo, o que nos permite permear caminhos poéticos e carnais. O humor e a tragédia são traços que nos identificam não só como grupo, mas revelam uma identidade que reflete os paradoxos do nosso país, da nossa sociedade, da vida”, comenta o dramaturgo Jô Bilac.

Em cena, como os personagens são representantes das pessoas daquela família, a dramaturgia sugere algo parecido com a constelação familiar, um tipo de psicoterapia, na qual as pessoas devem “interpretar” o papel de outras pessoas de seu cotidiano, para que assumam o ponto de vista delas sobre determinadas situações. 

“A ideia surgiu intuitivamente. Minha mãe havia feito constelação familiar e a forma que descrevia a situação se correlacionava diretamente com o que eu estava pesquisando dentro do espetáculo: o desdobramento da ideia/palavra/sentido da ‘representatividade’. Essa terapia é uma experiência singular, não é teatro, mas existem lugares de representação, contracenação, atmosfera, algo semelhante ao que o teatro evoca”, comenta Jô Bilac. No título do espetáculo, o termo “pá de cal” refere-se a um assunto desagradável de se discutir; e “Ray-lux” trata do nome de uma urna funerária tão cara quanto o valor de um automóvel.


Sobre a Cia. Teatro Independente
Criada em 2006, a Teatro Independente tem o compromisso de permanecer em constante movimento. O grupo tem o interesse voltado para a pesquisa continuada e a crença de que o processo colaborativo é capaz de democratizar e enriquecer as possibilidades de criação cênica. 

O coletivo é formado pelo dramaturgo Jô Bilac, as atrizes Carolina Pismel e Júlia Marini e o ator, diretor e produtor Paulo Verlings. Ao longo de sua trajetória, a companhia estreou as peças “Cachorro!” (2007), indicada ao Prêmio Shell-RJ de Melhor Direção; “Rebú” (2009), indicada ao Prêmio APCA de Melhor Autor; “Cucaracha” (2012); e “Beije Minha Lápide” (2014).


Sinopse
A morte do filho mais novo de uma família em crise provoca a reunião entre os representantes legais dos parentes do defunto. Eles se encontram para decidir o destino do patriarca e da mãe do morto, uma ex-empregada da família, que também mandou seu porta-voz. A terceirização das responsabilidades interfere drasticamente na condução das questões daquele núcleo. 


Ficha Técnica
Espetáculo:
"Pá de Cal (Ray-Lux)"
Dramaturgia: Jô Bilac 
Direção: Paulo Verlings
Diretora assistente: Mariah Valeiras
Direção de produção: Paulo Verlings }
Elenco: Carolina Pismel, Leonardo Netto, Kênia Bárbara, Orlando Caldeira e Pedro Henrique França Cenário: Mina Quental
Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni
Figurinos: Karen Brusttolin
Visagismo: Rafael Fernandez
Direção musical: Rodrigo Marçal e João Mello da Costa
Direção de movimento: Toni Rodrigues
Programação visual: André Senna
Argumento: Paulo Verlings e Jô Bilac
Idealização: Paulo Verlings
Assessoria de imprensa: Pombo Correio  


Serviço
"Pá de Cal (Ray-lux)", da Cia. Teatro Independente
Temporada:
7 a 10 de abril, de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h
Itaú Cultural - Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Avenida Paulista, 149, Bela Vista (próximo à estação Brigadeiro do Metrô)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Reservas de ingressos pela plataforma Inti: acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br. As reservas de ingressos abrem no dia 30 de março, a partir das 12h:
Classificação: 12 anos (linguagem imprópria, violência, medo)
Duração: 75 minutos
Todas as apresentações contarão com interpretação em Libras.

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