terça-feira, 22 de março de 2022

.: Crítica: "Drive My Car", indicado ao Oscar, retrata bastidores do teatro


Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em março de 2022


Uma homenageam ao teatro, da montagem aos contínuos ensaios. Esta é a tônica de "Drive My Car", longa japonês indicado a quatro categorigas no Oscar 2022, incluindo a de Melhor Filme, em cartaz no Cineflix. Tal qual um prelúdio, na primeira parte do filme de 2h59m, é apresentada a trama do ator e diretor Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) e sua esposa Oto (Reika Kirishima), uma escritora, que, em momentos íntimos, desenvolve narrativas extremamente bem elaboradas. Contudo, ao adormecer, as esquece. Cabendo a Yusuke a missão de fazê-la recordar recontando o que ouvira na noite anterior.

Na passagem de tempo de dois anos, Yusuke é convidado a encenar "Tio Vânia", de Anton Tchekhov (pilar importante do teatro no uso da técnica do fluxo de consciência), durante o importante festival de teatro em Hiroshima. Considerando o problema dos organizadores, de alguns anos com um convidado para o evento, foi adotada a precaução de ter um motorista para assumir tal responsabilidade. 


Em busca de paz e com o costume de repassar o texto no carro, o diretor solicita estadia em um hotel longe do centro da cidade. Assim, a jovem e bastante discreta Misaki Watari (Masaki Okada) torna-se ainda mais presente na trama. Durante o trajeto de ida e volta, Yusuke cria laços de amizade com a jovem a ponto de a história de vida de um e de outro ser apresentada em detalhes, recebendo intervenções por parte de ambos. Enquanto a amizade é fortalecida, pode-se associar a outros filmes conhecidos ou indicado ao Oscar. 

Um bom exemplo é "Green Book - O Guia",  vencedor da estatueta na categoria mais cobiçada (Melhor Filme) em 2019. Tanto no filme dirigido por Peter Farrelly quanto no de Ryusuke Hamaguchi, os personagens começam afastados -tendo certa relutância de convivência-, além de receosos, enquanto que, no decorrer da história, a convivência faz com que fiquem lado a lado no carro. 


"Dogville" é outro filme a ser lembrado diante de "Drive My Car", pois em ambos há a montagem de uma peça teatral, sendo que o filme dinamarquês totaliza somente um minuto a menos de duração. Contudo, "Drive My Car" vai além do palco para contar a história do diretor e da motorista que confronta o passado para desvendar o segredo que a esposa levou numa morte inesperada. Vale a pena conferir!

Em parceria com a rede Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.


* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm


Filme: Drive My Car (Doraibu mai kā)

Gênero: Drama/Filme de estrada

Duração: 2h 59m


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