quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

.: "Moderno Onde? Moderno Quando?": MAM São Paulo lança narrativa digital


O Museu de Arte Moderna de São Paulo lança narrativa digital da exposição "Moderno Onde? Moderno Quando?" pela plataforma Google Arts&Culture. Com 0curadoria de Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros, a exposição esteve em cartaz no MAM em 2021 e abordava obras de artistas modernistas de diversos estados do país, ampliando no tempo e no espaço o legado da Semana de 22, abrangendo tanto seus antecedentes, quanto seus desdobramentos. Na imagem, a obra "Carnaval em Madureira", 1924, Tarsila do Amaral | Foto: Isabella Matheus

A virada do século 19 para o 20 trouxe uma forte vontade de renovação em todo o Brasil. Os núcleos urbanos começavam a se alterar em regiões como Amazonas e Pará, o neoclassicismo e ecletismo emergiram na arquitetura do Rio de Janeiro, a abertura de novas avenidas alterava a vida urbana e, em São Paulo, a expansão da produção industrial atraia imigrantes europeus e alterava o tecido urbano da cidade.

Artistas e escritores de vários quadrantes do país também se atentaram às mudanças que ocorriam nas artes e cultura europeias. Esse cenário amplo e repleto de mudanças foi discutido em "Moderno Onde? Moderno Quando?". A Semana de 22 como motivação, exposição com curadoria de Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros, que ganha agora uma versão on-line lançada no dia 13 de fevereiro pela plataforma Google Arts&Culture, na página concedida ao Museu de Arte Moderna de São Paulo. A iniciativa faz parte das ações desenvolvidas pelo museu para discutir a Semana de 22 em seu centenário, que ocorre de 13 a 18 de fevereiro.

A proposta da exposição é trazer ao público uma reflexão sobre a Semana de 22, para além de uma apreciação assertiva, e fugir das respostas certas ou prontas. “Reza o senso comum que a Semana de 22 foi um divisor de águas entre o velho e o novo. Entretanto, se nos debruçarmos sobre a produção (artística, musical, arquitetônica, literária) que antecede a Semana - e nos permitirmos considerar outras localidades do país além de São Paulo - encontraremos incontáveis evidências de que a Semana faz parte de um amplo (e descontínuo) processo que a extrapola, tanto temporal quanto espacialmente”, explicam as curadoras.

Aracy e Regina contextualizaram a Semana de Arte Moderna em um cenário amplo, com obras de artistas de distintas regiões do país, enfatizando a ideia de que a arte moderna não esteve restrita à São Paulo. A mostra apresentada no MAM no ano passado foi dividida em três núcleos: os pré-modernistas, as obras e os artistas participantes do evento no Theatro Municipal, e os desdobramentos do movimento até 1937.

Para demarcar o arco temporal da mostra, foi eleito o período da virada do século, em 1900, até a implementação do Estado Novo por Getúlio Vargas, em 1937. O ano de 1900 representa o espírito da Belle Époque, período entre o fim do século 19 e começo do 20 marcado por transformações culturais, artísticas e tecnológicas.

Para além de artistas que precederam a Semana, uma série de personagens dela sucedentes são igualmente significativos para a arte moderna no Brasil. À medida que a década de 1930 avança, os tipos brasileiros passam a ser espelhados sobretudo nos trabalhadores rurais e nos operários, e a arte ganha uma tônica engajada. Por outro lado, os ventos surrealistas deixaram marcas, como na pintura antropofágica de Tarsila, no essencialismo de Ismael Nery, assim como nos questionamentos teológicos de Flavio de Carvalho.

"Mais do que uma celebração do centenário da Semana de 22, o MAM contribui para a pesquisa e reflexão sobre o que significou esse evento, seus antecedentes e desdobramentos. A exposição certamente irá contribuir para redefinir a importância histórica da Semana de 22 e ampliar a compreensão do modernismo como um acontecimento nacional”, afirma Cauê Alves, curador-chefe do MAM. Os integrantes de Moderno onde? Moderno quando? são artistas imigrantes radicados no Brasil ou nascidos em municípios de diversas regiões do país, onde havia grupos se organizando. “Eram artistas, intelectuais, literatos, todos com vontade de renovação e alteração de rumos. Os paulistas viajavam pelo Brasil e entravam em contato com grupos de diferentes regiões, como Sul, Norte e Nordeste, trocando conhecimento. A Semana faz parte de um processo muito maior do que o evento em São Paulo”, explicam as curadoras.

“Antecipando as comemorações do centenário da Semana de 22, o MAM tem trabalhado desde 2021 a magnitude do modernismo no Brasil por meio de sua programação expositiva e educativa. Esta mostra, agora em versão digital em parceria com o Google Arts & Culture, dá continuidade às reflexões acerca do tema e possibilita uma ampliação de públicos”, comenta Elizabeth Machado, presidente do museu.

Google Arts&Culture, por sua vez, reforça o objetivo de dar acesso ao conhecimento e tesouros da arte para as pessoas em qualquer lugar do mundo. “Estamos felizes em ter essa narrativa digital apresentada pelo MAM no Google Arts & Culture como parte da celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 e de seu legado. A partir de agora, o conteúdo estará acessível para os amantes da cultura de todo o mundo que desejam conhecer um pouco mais sobre esse movimento tão importante para o modernismo no Brasil e também no mundo", diz Valeria Gasparotti, gerente do Google Arts & Culture.


Lista completa de artistas que integraram a exposição
Abigail de Andrade, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Almeida Júnior, Alvim Corrêa, Anita Malfatti, Antonio Garcia Moya, Antonio Gomide, Antonio Paim Vieira, Artur Timótheo da Costa, Candido Portinari, Carlos Oswald, Cícero Dias, Eliseu d’Angelo Visconti, Emiliano Di Cavalcanti, Estevão Silva, Flavio de Carvalho, Gregori Warchavchik, Ignácio da Costa Ferreira (Ferrignac), Ismael Nery, Joaquim do Rego Monteiro, John Graz, Lasar Segall, Lívio Abramo, Manoel Santiago, Oswaldo Goeldi, Raimundo Cela, Regina Gomide Graz, Rodolfo Chambelland, Tarsila do Amaral, Valério Vieira, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Victor Dubugras, Wilheim Haarberg e Zina Aita.


Sobre as curadoras
Aracy A. Amaral é crítica, curadora e historiadora da arte. Professora titular de História da Arte da FAU USP e bolsista da Fapesp e da Fundação Calouste Gulbenkian, é formada em Jornalismo pela PUC-SP, com mestrado pela FFLCH USP e doutorado pela ECA-USP (1971). Diretora da Pinacoteca do Estado (1975-1979), Fundação Bienal de São Paulo (1980) e do Museu de Arte Contemporânea da USP (1982-1986). Fellowship da Simon Guggenheim Memorial Foundation (1978) e membro do Prince Claus Awards Committee (2002-2005), Haia. Autora e organizadora de livros e publicações sobre arte no Brasil e na América Latina. Curadora de exposições no Brasil e no exterior.

Regina Teixeira de Barros é doutora em Estética e História da Arte pela USP. Coordenou a equipe de pesquisa e a edição do Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral (2006-2008). Foi curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 2003 e 2015, onde realizou diversas exposições, entre as quais Tarsila viajante (Pinacoteca e Malba, Buenos Aires, 2008) e Arte no Brasil: uma história do modernismo (2013). Em 2018 recebeu prêmios da ABCA e da APCA pela mostra Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna (MAM, 2017). Em parceria com Aracy Amaral, realizou a curadoria de Tarsila: estudos e anotações (Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, 2020).


Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades, que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu integram-se visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com deficiência.


Sobre o Google Arts & Culture
Desde 2011, o Google Arts&Culture vem ajudando instituições culturais a disponibilizar seus acervos e patrimônios no mundo digital, com o objetivo de dar acesso ao conhecimento e tesouros da arte para as pessoas em qualquer lugar do mundo. A plataforma dá acesso às coleções de mais de 2.000 museus no mundo inteiro. É uma forma imersiva de explorar a arte, a história e as maravilhas do mundo, como as pinturas da casa de Van Gogh, o movimento pelos direitos da mulher e o Taj Mahal, entre outras histórias e temas surpreendentes. O aplicativo é gratuito e está disponível on-line para iOS e Android.


Serviço
Narrativa digital da exposição "Moderno Onde? Moderno Quando? A Semana de 22 como Motivação"
Curadoria: Aracy A. Amaral e Regina Teixeira de Barros
A partir do dia 13 de fevereiro, domingo
Local: página do MAM no Google Arts&Culture




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