segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

.: Entrevista com Letícia Salles, a Filó de "Pantanal"

Letícia Salles será Filó na novela Pantanal (Foto: João Miguel Júnior)

A novela "Pantanal" que irá estrear em 28 de março, será sobre a saga familiar que tem o amor como fio condutor e a natureza como protagonista. A modelo Letícia Salles interpretará a personagem Filó, que é forte e generosa. Confira a entrevista com Letícia Salles!

 

Você não era nascida quando 'Pantanal' foi ao ar pela primeira vez, certo?

Não. Tenho 26 anos, não era nascida quando 'Pantanal' foi ao ar, mas minha família sempre falou muito sobre a novela, tanto que parece até que eu assistia. São personagens com os quais eu me sinto próxima, principalmente da Filó, que estou fazendo, que tem uma força enorme, é uma mulher muito forte com a qual eu me identifico em vários fatores. Ela tem uma simplicidade com a qual eu me identifico demais e que nos aproxima muito. Minha avó é uma das pessoas com quem eu mais converso sobre a novela, ela me conta sobre todos os personagens e ficou encantada quando eu contei a ela que interpretaria Filó. Ela adora a Tania Alves e a Jussara, que fizeram a primeira versão.

 

E como está sendo dar vida à Filó?

Está sendo um presente porque é meu primeiro trabalho na TV. Trabalhei como modelo por sete anos e voltei ao Brasil para estudar artes cênicas. Voltei em fevereiro de 2020 e desde então estou estudando. Eu tinha 19 anos quando comecei a trabalhar como modelo, no Rio de Janeiro, depois viajei para Londres, fiquei dois anos, e depois voltei com essa proposta de estudar teatro. Fiquei um pouco nervosa ao fazer o teste, fiz com o Renato Góes. Mas foi muito legal, uma experiência muito bacana. Tive esse primeiro contato com o jogo de luz, de câmera, trocar diálogo, foi muito importante, eu adorei tudo. Entre fazer o teste e receber a notícia de que estava dentro, foram uns dois meses. Fiquei muito feliz, meu primeiro trabalho, uma novela grande... 

 

Como foi a construção da personagem?

Quando me enviaram todas as características da personagem, comecei a buscar na internet imagens da novela, vídeos, assisti às meninas que viviam nas currutelas, vi algumas entrevistas. Mas acho que a experiência mais incrível foi depois que eu cheguei no Pantanal. Eu já estava construindo essa personagem antes, mas estar ali, nessa vivência do dia a dia, nos aproxima ainda mais. A gente está no ambiente propício para isso. Conversei com pessoas que já conviveram com mulheres de currutela e todo dia descubri algo diferente sobre a Filó que foi fundamental para a sua construção. Aliás, é uma personagem que sempre estará em construção, a gente vai se descobrindo ao longo do processo. Eu fiz umas aulas de expressão corporal. O que a Filó tem é o aterramento, eu precisei ter mais isso. Por ser modelo, tenho a postura muito ereta, eu precisei “desajustar”, ficar mais solta, sentir meus pés mais firmes. Eu tive um trabalho corporal para chegar nesse lugar. Tive prosódia também, tenho um sotaque carioca bem forte. Achei que fosse ser mais difícil do que imaginei que fosse, mas estou no caminho. No começo foi mais complicado.

  

Precisou fazer algum workshop?

Fiz workshop de três dias, de culinária. Aprendi a fazer algumas coisas, a manusear certos instrumentos da cozinha que eu não sabia como usar. Aprendi a fazer curau de milho, a fazer uns doces de mandioca muito gostosos, limpar peixe, descascar mandioca. A Dira Paes, que interpreta Filó na segunda fase, fez comigo o workshop e foi incrível, trocamos sobre a personagem, nos encontramos algumas vezes, e ela me ajudou bastante a encontrar esse lugar da Filó. 

 

Para você, quem é a Filó?

A Filó é uma pessoa do bem, super do bem, uma mulher muito sábia, forte, generosa, que sente um amor que hoje em dia é muito difícil de a gente encontrar. Se a Juma é uma onça, a Filó é uma loba, porque ela cuida da matilha. Ela tem sororidade, isso é incrível, principalmente com a Madeleine. Ela tem um coração gigante, é uma personagem muito potente, eu sempre a defendo. Uma de suas características mais fortes é sua capacidade de amar, ela tem um dom de cuidar, de proteger, esse amor que ela sente pelo José Leôncio eu acho de uma grandiosidade e raridade incrível. A fragilidade da Filó está no fato de que ela espera ser correspondida por esse amor que ela entrega, e isso a fragiliza. Mas ao mesmo tempo a torna mais forte, ela não se entrega, não se abate, é muito assertiva, muito segura. A Filó sabe que independentemente de qualquer coisa, ela é a mulher da vida dele. Com relação a ela mesma, é uma mulher muito potente, muito forte. É lindo ver a forma da Filó lidar com o José Leôncio, ela não é agressiva, não é bruta, não é grossa, é firme. Tenta levar todas as situações muito fortes e pesadas para uma leveza. Ela que toma conta de tudo ali, aquele espaço ali é dela, aquele território é dela. Ela se sente em casa, se sente bem, as pessoas a respeitam.

 

Como foi seu processo de caracterização?

Tive que colocar aplique para fazer uma extensão no cabelo e foi ótimo. Gravo com ele solto, às vezes meio preso, como quando estou na cozinha. E maquiagem quase nada, só tirar umas imperfeições da pele, mas é tudo muito natural. 

 

Você já conhecia o Pantanal?

Não, foi a primeira vez. Fiquei empolgada ao estar lá, mas triste de ver a seca. Temos um bioma muito rico, administrado de maneira muito irresponsável. Aos domingos tínhamos o dia de folga e fui conhecer as outras fazendas onde são gravadas as outras cenas. Tive a oportunidade de mergulhar no rio também, foi muito legal essa experiência. 

 

Como foi gravar no Pantanal?

Mágico! E muito quente (risos). Mas foi muito importante porque encontrei mais ainda a Filó, esse lugar dela, consegui me ambientar, sentir as vibrações do Pantanal. O calor no começo foi mais difícil, mas acabei me habituando, até porque, como sou carioca, o calor é meu segundo nome. Mas o calor de lá é diferente. Experimentei coisas novas, como o tererê e a sopa paraguaia, que é muito gostosa. Não deu nem tempo de sentir saudade de nada do Rio de Janeiro.

 

Você tem uma relação próxima com a natureza?

Desde pequena nunca tive muito contato com a natureza, apesar de gostar muito, defender demais. Agora estou começando a ficar mais confortável, a lidar melhor com a natureza. Eu até brinco com a Bruna (Linzmeyer) que ela é a Filó e eu sou a Madeleine. Eu tenho medo de tudo e ela fica super à vontade no contato com os animais. (Risos)

 

"Pantanal" é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.

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