Cantor Chico Teixeira ao lado das atrizes Bella Campos e Alanis Guillen (Foto: Arquivo pessoal)
Cantor, músico e compositor Chico Teixeira comenta os bastidores das gravações no Pantanal em entrevista com Chico Teixeira. Filho do também cantor e compositor Renato Teixeira, Chico trabalhou com o pai e com Zé Geraldo no álbum "O Novo Amanhece" - que também é o título de uma canção de Renato Teixeira, em 1999. Iniciou a carreira solo em 1999, apresentando-se em bares e casas noturnas de São Paulo.
Em 2000 voltou a trabalhar com seu pai, como roadie e assistente de palco. Também tocou no álbum "Rolando Boldrin & Renato Teixeira" e acompanhou Pena Branca em shows. Lançou em 2002 o seu primeiro disco, Chico Teixeira, gravado apenas com voz e violão. O lançamento independente vendeu cerca de 5 mil cópias. Em 2011, gravou o segundo disco, Mais que o viajante, com participações de Gabriel Sater e Dominguinhos. Em 2017. lançou o disco "Raízes Sertanejas - Ao Vivo", com participações especiais de Renato Teixeira e Sérgio Reis.
Qual sua relação com o pantanal?
Chico Teixeira - Eu fui para lá em 1993 ou 1994, tinha 13 ou 14 anos. Mudou a minha vida. Fui para passar 15 dias, passei dois meses. O Almir (Sater) numa tarde pediu para eu fazer uma base para ele estudar um solo de viola, e eu voltei tocando para São Paulo, destravei na música. Eu sabia tocar um ou outro acorde antes. E fui algumas vezes depois ainda. Eu e Gabriel (Sater) fomos criados como irmãos. Nessa primeira ida ao pantanal meu pai foi junto. Depois ia eu e Gabriel, eu ia passar férias no Pantanal, ele em São Paulo. Depois fui algumas outras vezes, tenho lindas histórias, era um encontro comigo mesmo, energizar para cumprir o ano. Olhar o céu estrelado no meio do pantanal, o banho de rio, tudo isso me marcou. Fui algumas vezes para Campo Grande também, tenho muitos amigos na região.
Como foi receber o convite para fazer essa novela?
Chico Teixeira - Primeiro foi uma surpresa para mim, eu venho da área da música, de pesquisa, sou compositor também, passei a fazer um trabalho de pesquisa sobre a música do interior, canções antigas, da época do folclore. O convite apareceu de forma inusitada. De cara eu estranhei. Mas depois pensando e sentindo eu achei que seria capaz de compor esse desafio e decidi aceitar. Fui bem acolhido por grandes atores, pessoas que admiro demais, aprendo muito com eles. Estou tendo um acolhimento lindo de toda a equipe. A gente começou trabalhando num lugar onde a logística é difícil, embora tenha toda a beleza. Vamos contar uma história que também vai trazer a conscientização das pessoas sobre a importância de preservar nossos biomas para termos uma sociedade saudável. Uma floresta pulsando é pulsar saúde na sociedade.
Quais as dificuldades que você encontrou durante as gravações?
Chico Teixeira - Eu cheguei no pantanal alguns dias antes por causa do isolamento. Eu estava realmente muito ansioso porque é meu primeiro trabalho como ator. O Papinha (o diretor Rogério Gomes) me deixou muito confortável. Meus parceiros de cena também, criamos um laço muito bonito, de amizade. Estou aprendendo muito, observando, escutando. Quando ouvi o primeiro “gravando”, pensei comigo “que horas eu falo?” (risos). Aí entra a generosidade dos parceiros. Irandhir (Santos) deu uma piscada de olho que indicou que era a hora. E aí eu soltei a fala, foi tudo bem, bem natural. Toda comitiva tem um violeiro, um músico, eu me sinto confortável e capaz de cumprir essa missão. Estou no meu oitavo disco. Na primeira versão, o Quim não cantava. Fizeram uma adaptação para trazer música a ele. Eu fiquei muito feliz em trazer a música para o enredo todo.
Como é sua relação com a natureza?
Chico Teixeira - Eu moro na maior floresta urbana do mundo, que é a Serra da Cantareira. Lá perto de casa aparece até onça parda, tem uma natureza muito rica ali. Então, é um ambiente muito natural para mim, meu habitat, me sinto em casa. Infelizmente, não temos coleta seletiva onde moro, nem mesmo saneamento básico. Nossa sociedade precisar evoluir muito ainda. Mas a Cantareira é um belo local.
Sobre o Quim, quem é ele?
Chico Teixeira - É um peão que vai representar esses caras da lida, que têm muita força, têm uma vida sofrida, embaixo de sol, com enchente, com seca. Tem muita energia nas ações dos peões pantaneiros. Eles têm também uma certa tranquilidade de observar a vida de uma outra forma, em outro tempo, outro ritmo. Acho isso muito bonito. Poder trazer a música para esse peão é um privilégio. E mostrar fundamentalmente uma história de amizade muito bonita. O Tião é o irmão da vida do Quim, essa é uma história muito bonita, num momento em que a sociedade está tão dividida, mostrar uma relação de união e de afeto é muito importante. O senso de humor do peão pantaneiro também está presente no Quim e no Tião. Viemos com um ar de leveza a essa trama.
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