Será preciso olhar alguns metros acima da linha dos olhos para se deparar com “Renascimento”, título da instalação inédita de Siron Franco, um dos principais artistas plástico do Brasil, composta por 365 manequins suspensos e que pretende celebrar a vida e a esperança na superação da covid-19, além de homenagear as vítimas da pandemia e os profissionais da saúde.
Em cartaz a partir do dia 15 de janeiro, no jardim do museu Casa das Rosas, a mostra é resultado de uma parceria entre o Museu da Imagem e do Som e a Casa, gerenciada pela Poiesis, ambas instituições da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
“A instalação de Siron Franco trata de um tema fundamental nos dias atuais e resulta de uma parceria estratégica entre duas instituições da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo”, comenta Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. “Com ela, a Casa das Rosas continua oferecendo arte e reflexão ao público enquanto acontece a reforma do imóvel”.
A inspiração para “Renascimento” aconteceu quando Siron Franco (1947) retirou um manequim de seu ateliê em Aparecida de Goiânia e o pendurou em um varal de arame. Ao ver a cena e o efeito daquela representação humana em forma de boneco, nasceu a instalação que traz a ideia de uma população que “flutua”. As sombras criadas especialmente pelos vestidos femininos, dão a impressão de uma festa no céu, em que todos estão dançando.
“Os que se foram, representados pelos manequins, bradam pela integração dos povos, pela compreensão que devemos amar à nossa espécie e pela defesa da igualdade e dos direitos inalienáveis de todos. Nas roupas, estará estampada a frase ‘Viva a Diferença, Viva a Humanidade, Viva a América Latina!’, que reforça esse clamor”, explica Siron Franco. Os manequins, de diferentes tamanhos e volumes, ocupam o jardim da Casa das Rosas e são suspensos por um cabo de aço a seis metros do chão. Vestidos com roupas coloridas, alguns deles têm a “cabeça” coberta por um capuz que, segundo o artista “simbolizam a nossa insegurança quanto ao nosso destino. Para onde vamos?”, indaga.
A instalação é considerada por Siron uma obra que também traduz reflexões geradas pelo distanciamento social, da importância do contato físico, da celebração da vida. Para Marcos Mendonça, diretor geral do MIS, “'Renascimento’ é uma homenagem às vítimas e, ainda, à ciência e à vacina, que fazem ressurgir a esperança na vida das pessoas. O constante avanço da ciência nos traz segurança e saúde para esse recomeço, criando a perspectiva de novos e esperançosos tempos”.
A exposição acontece no período em que o imóvel da Casa das Rosas passa por restauro e as atividades do museu acontecem em seu jardim, além de por meio da internet. Para o programa do museu nesta fase, foi adotado o tema geral “Nasce Morre Nasce”, baseado em poema de Haroldo de Campos, que estabelece forte conexão com o título da instalação de Siron Franco.
A Casa preparou, também, ações baseadas na instalação, como oficinas literárias pelo jardim do museu. A primeira oficina - "Ficções Vida" - está programada para os dias 18, 20 e 27 de janeiro, das 18h às 20h, e estimulará a produção de pequenas biografias ficcionais de personagens que foram vítimas de covid-19, abordando desde a dimensão humana à social.
A segunda - "Poesia de Luto e de Luta" - acontecerá nos dias 10, 15 e 17 de fevereiro, das 18h às 20h, e focalizará no pensar e escrever sobre a morte no poema a partir da dor pessoal e coletiva. Fragmentos dos textos serão expostos posteriormente, somando com as obras de Siron Franco no jardim. As atividades são gratuitas e para participar é necessário fazer a inscrição até o primeiro dia de cada oficina, ou até o preenchimento das vagas, pelo site da Casa das Rosas (clique aqui).
O artista
Siron Franco é pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte. Iniciou sua trajetória fazendo e vendendo retratos até que em 1965 começou a se concentrar nos desenhos. Entre 1969 e 1971 foi morar em São Paulo e integrou o grupo que fez a exposição “Surrealismo e Arte Fantástica”, na Galeria Seta. Como pintor, alcançou o reconhecimento na 12ª Bienal Nacional de São Paulo, recebendo o prêmio de destaque que se repetiu na 13ª edição da Bienal Internacional. Em 1980, foi condecorado como melhor pintor do ano. Suas obras figuram nos mais importantes museus do Brasil e do mundo, como o Metropolitan Museum of Arts (The Met, em Nova York).
Serviço
Instalação “Renascimento”, de Siron Franco
Local: Jardim da Casa das Rosas (Av. Paulista, 37)
Data: 15 de janeiro de 2022 a 20 de março de 2022
Horário: todos os dias, das 7h às 22h
Ingresso: gratuito
Classificação: livre
Oficinas literárias:
Gratuitas e no jardim da Casa das Rosas. Inscrição pelo site do museu - link
"Ficções Vida"
Com Carol Rodrigues e Reynaldo Damazio
Terças e quintas-feiras, 18, 20 e 27 de janeiro, das 18h às 20h
Inscrição até 18 de janeiro de 2022 | 15 vagas
"Poesia de Luto e de Luta"
Com Michaela Schmaedel e Reynaldo Damazio
Terças a quintas-feiras, dias 10, 15 e 17 de fevereiro, das 18h às 20h
Inscrição até 10 de fevereiro de 2021 | 15 vagas
Sobre o MIS
O Museu da Imagem e do Som de São Paulo, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, foi inaugurado em 1970. Além de grandes exposições nacionais e internacionais, oferece variedade de programas culturais, com eventos em todas as áreas e para todos os públicos: cinema, dança, música, vídeo e fotografia estão presentes na vida diária do Museu.
Em 2 de novembro de 2019, foi inaugurado o MIS Experience, nova unidade da instituição, com o objetivo de proporcionar a realização de exposições imersivas que se utilizem de novas tecnologias, levando o público a interagir de maneira diferente com artistas e suas obras de arte. A abertura do espaço aconteceu com a exposição Leonardo da Vinci – 500 Anos de um Gênio, experiência que possibilitou ao visitante conhecer a vida e o legado de Da Vinci.
Sobre a Casa das Rosas
A Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos é um museu dedicado à poesia, à literatura, à cultura e à preservação do acervo bibliográfico do poeta paulistano Haroldo de Campos, um dos criadores do movimento da poesia concreta na década de 1950. Localizada em uma das avenidas mais importantes da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista, o espaço realiza intensa programação de atividades gratuitas, como oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, exposições, apresentações literárias e musicais, saraus, lançamentos de livros, performances e apresentações teatrais. O museu está instalado em um imponente casarão, construído em 1935 pelo escritório Ramos de Azevedo, que na época já tinha projetado e executado importantes edifícios na cidade, como a Pinacoteca do Estado, o Teatro Municipal e o Mercado Público de São Paulo.
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.